O aumento no valor dos combustíveis anunciado pela Petrobras nesta sexta-feira (17) despertou uma reação em cadeia de alta de preços. Nos postos catarinenses, a gasolina deve subir cerca de R$ 0,15 e o diesel, até R$ 0,65 por litro, conforme os novos valores passem a valer nas refinarias da estatal, neste sábado (18).
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A estimativa do aumento nas bombas é do vice-presidente do Sindicato de Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis (Sindópolis), Joel Fernandes.
— Tão logo os postos comecem a receber os produtos com um novo preço, eles automaticamente vão repassar isso para o consumidor — disse à CBN Floripa.
No caso do diesel, o litro deve ultrapassar com folga a casa dos R$ 7. Na última semana, o valor médio do óleo em SC ficou em R$ 6,474, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já o preço do diesel S10 estava em R$ 6,897, e o da gasolina comum era de R$ 7,110.
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A alta deve ir além das bombas dos postos, conforme lembrou o dirigente do Sindópolis, devido ao peso dos combustíveis nos preços de diversos produtos e serviços. Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o modal rodoviário é responsável por cerca de 64,7% do transporte de cargas no Brasil.
— Nós vamos enfrentar sérios problemas com o diesel. Ele movimenta toda a nossa economia. Nossa inflação já está nos dois dígitos, e vai subir um pouco mais — prevê.
Em maio, a inflação oficial no país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tinha alta acumulada de 11,73% em 12 meses. A previsão de Fernandes vai ao encontro do que já comunicou o setor de transporte de cargas em Santa Catarina. O frete deverá ter aumento emergencial de 5% a 9%.
A indicação é da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), que representa cerca de 20 mil empresas catarinenses do setor e comunicou a alta logo na sequência do anúncio da Petrobras.
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Em seu comunicado, a entidade diz que os aumentos recorrentes do diesel têm desestimulado a atuação de empresários no setor, repudia a política de preços adotada pela Petrobras e reforça a alta geral de preços que o novo reajuste deve causar.
“A Fetrancesc entende que em um momento de crise generalizada, a Petrobras e o governo federal deveriam ter uma preocupação maior para reduzir a inflação e equilibrar a economia”, escreve a entidade no anúncio.
O diesel é hoje o componente de maior peso nos custos dos transportes, segundo a Fetrancesc também destaca no comunicado, fazendo menção a um cálculo realizado pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística).
O gasto com o combustível corresponde, em média, a 35% do valor dos fretes, podendo chegar a 60% a depender da transportadora.
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Um estudo recente da CNT mostrou que 57,1% dos empresários do ramo usam a variação do diesel como principal indicador para mexer hoje no valor do frete e que 82,3% deles colocam o combustível como maior dificuldade para atuar com transportes.
Isso já havia ficado evidente no início de maio, quando o setor indicou aumento de até 5,4% no valor dos fretes em Santa Catarina depois de um reajuste da Petrobras.
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