O bombardeio de alvos não militares é injustificável. Faz-se urgente o cessar-fogo de ambos os lados, para que o conflito seja resolvido pela diplomacia.

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Foi deselegante e desproporcional a reação da chancelaria de Israel à nota do Itamaraty que condena os bombardeios sobre Gaza. Embora tenha sido omisso em relação aos ataques indiscriminados e sistemáticos do grupo radical islâmico Hamas sobre a população israelense, o comunicado brasileiro reflete a legítima preocupação da comunidade internacional com o desequilíbrio do conflito e com a morte de civis palestinos pelas forças de Israel, o que já está sendo investigado pela ONU como crime de guerra.

Ao apelar para a simplificação de rotular o Brasil como “anão diplomático”, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel não apenas desconsiderou o motivo do desconforto brasileiro, que é a represália excessiva aos palestinos, como também desprezou a própria História: foi o diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, na presidência da Assembleia Geral da ONU em 1947, que assegurou as condições para a criação do Estado de Israel no ano seguinte. Além disso, o Brasil tem uma tradição de relações pacíficas com todos os países que integram a Organização das Nações Unidas.

A chancelaria israelense até pode considerar o Brasil irrelevante, como disse seu porta-voz – que, inclusive, fez uma alusão infantil à goleada diante dos alemães na Copa do Mundo -, mas não pode ignorar a perplexidade da comunidade internacional e da própria ONU com as mortes de civis palestinos, incluindo-se mulheres e crianças, que já se contam às centenas. Ninguém pode negar a Israel o direito de defender seus cidadãos dos ataques do grupo radical que controla Gaza e que gerou o atual episódio. Se o Ministério da Defesa israelense não contasse com um moderno sistema antimísseis para interceptar foguetes disparados do território palestino, é provável que os judeus também estivessem chorando mais mortos do que os soldados tombados na luta. Ainda assim, o bombardeio de alvos não militares é injustificável.

Neste momento, não pode haver caminho que não passe pelo urgente e imediato cessar-fogo de ambos os lados, para que o conflito seja resolvido exatamente pela diplomacia – na definição de um poeta brasileiro, a mais poderosa de todas as espadas e o mais poderoso de todos os escudos.

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