Os efeitos colaterais após a aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19 têm provocado dúvidas. Algumas pessoas que já voltaram para receber o imunizante relataram reações mais fracas em relação à primeira dose. Outras, no entanto, sentiram efeitos adversos mais fortes. E a pergunta que fica: é normal ter essas reações diferentes?
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Por isso, o Diário Catarinense conversou com especialistas para explicar as reações à segunda dose da vacina e como elas funcionam no corpo.
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Os efeitos colaterais mais corriqueiros, em ambas as doses, são febre, dor no corpo, dor muscular e inchaço no local da injeção, conforme explica o professor de imunologia da UFSC, André Báfica. Apesar disso, as reações variam de pessoa para pessoa.
Os efeitos colaterais graves, portanto, como explica a médica infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), Patrícia Vanny, têm chances pequenas de acontecer. Segundo a especialista, os efeitos de um quadro grave de reação à vacina são eventos neurológicos e alergias.
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Ter tido reações mais fortes na primeira dose não indica que a segunda será da mesma maneira ou, então, que não haverá nenhum tipo de reação, conforme explica Báfica. Ainda não há estudos que comprovem a relação entre as reações da primeira e segunda dose.
– É como se fosse uma orquestra. Está todo mundo tocando uma música clássica e chega um ‘corpo estranho’. Pode ser que o grupo [sistema imunológico] se desestabilize e reaja a isso, ou então aceite o novo ‘integrante’. Isso acontece com a vacina. O antígeno entra no corpo e o sistema pode reagir ou não, vai depender da pessoa – explica o especialista da UFSC.
O sistema ter tido contato com o antígeno na primeira dose não significa que após a aplicação da dose dois o corpo não vá reagir, conforme esclarece Báfica:
– A orquestra ainda pode sair do ritmo, mesmo que o grupo já conheça o integrante estranho. Mas, como eu disse, isso vai depender. Ainda não temos como afirmar em que casos que isso acontece.
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Pode acontecer também de uma pessoa receber as duas doses sem apresentar reações. E, mesmo assim, não quer dizer que haja dúvida sobre a eficácia do imunizante.
– As vacinas induzem respostas inflamatórias e, quando o sistema imunológico é ativado, pode se transformar em febre e dor no corpo. Algumas vezes pode parecer uma síndrome gripal passageira. Tem pessoas que têm resposta imunológica, mas em um nível que não faz com que tenham efeitos colaterais. Isso acontece em outras vacinas, não só na da Covid – explica o especialista.
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Os efeitos da vacina não são comparados com os sintomas da Covid-19. Segundo o virologista, a entrada do vírus, no caso de quem testa positivo para a doença, acontece por via respiratória, diferente do imunizante.
– Os sintomas da vacina são sintomas gripais, e as fabricadas por alguns laboratórios causam apenas dor muscular. É uma resposta natural do corpo contra antígenos.
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A importância da segunda dose
De acordo com a Dive, 341.554 pessoas não retornaram para tomar a segunda dose da vacina em Santa Catarina, até esta terça-feira (21). Dessas, 149.150 tomaram a vacina da Astrazeneca, 96.242 receberam Coronavac e 96.162, Pfizer.
Para que o tempo de proteção possa ser maior e o sistema imunológico tenha uma memória sobre o antígeno, o esquema vacinal completo é de extrema importância, conforme explica André Báfica, professor de imunologia da UFSC.
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As vacinas aprovadas, até o momento, comprovam a eficácia apenas com o esquema vacinal completo, complementa a médica infectologista da DIVE/SC, Patrícia Vanny.
– As pessoas têm medo das reações adversas, mas reações existem pra qualquer vacina. E perto do que a doença pode causar, os efeitos colaterais são leves. Não temos dados de que apenas uma dose é o suficente, é preciso fazer a aplicação das duas – diz.
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Segundo a infectologista, uma pessoa que contrai a Covid-19 pode ficar com sintomas por semanas ou meses, dependendo do sistema imunológico. A vacina, no entanto, conforme explica, dura de dois a três dias.
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De acordo com a infectologista, a segunda dose aumenta a taxa de eficácia e quanto mais alta, mais baixa a taxa de pessoas que precisam ser vacinadas para uma queda nos índices da pandemia.
A recomendação do Ministério da Saúde é que qualquer sintoma adverso que venha a ser sentido por quem recebeu a vacina precisa ser notificado à unidade de saúde mais próxima. Isso porque, segundo a especialista, estudos ainda estão em análise e é importante para os pesquisadores ter esses dados, mesmo que os sintomas sejam leves.
*Sob supervisão de Vinicius Dias.
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