O combate ao preconceito, porém, não pode ficar na dependência dos meios oficiais. É preciso que toda a sociedade reaja contra intolerâncias de qualquer tipo.
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As manifestações de racismo contra o árbitro Márcio Chagas da Silva, em episódio ocorrido no Rio Grande do Sul na quarta-feira passada, resultaram num movimento coletivo de repúdio e condenação no Estado vizinho que reúne clubes de futebol e diversos outros segmentos da sociedade. Em dezembro, em Florianópolis, a publicação de uma imagem por um estudante universitário na internet – nela um homem negro aparece de joelhos entregando um cacho de bananas a uma mulher, também negra – motivou um ato público no campus da UFSC condenando o racismo e qualquer forma de preconceito. Dois casos recentes, mas que infelizmente ainda são recorrentes no país.
Independentemente da punição dos responsáveis pelas agressões que configuram crime inafiançável e imprescritível, que deve ocorrer sem emocionalismos e na medida exata de suas responsabilidades, as instituições precisam aproveitar a visibilidade dos episódios para manter vigilância contra esse tipo de ocorrência. Precisamos todos nos engajar neste movimento permanente de mudança cultural e de mentalidade no sentido de combater a discriminação.
No âmbito oficial, a presidente Dilma Rousseff já manifestou a intenção de se valer da Copa do Mundo no Brasil para uma manifestação contundente contra esse tipo de mal que afronta a dignidade dos seres humanos e atenta contra a imagem de um país caracterizado pela miscigenação. Como alertou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, quem se envolve nesse tipo de ação não deve ser considerado torcedor, mas, sim, criminoso. O combate ao preconceito, porém, não pode ficar na dependência apenas dos meios oficiais. É preciso que toda a sociedade reaja contra intolerâncias de qualquer tipo.
O preconceito usado para segregar pessoas por meio de critérios como cor, religião e orientação sexual só pode ter como resposta o rechaço e a condenação. Nos estádios, onde manifestações como a de racismo, assim como as de homofobia, são sempre mais visíveis, as demonstrações de solidariedade ao árbitro ultrajado e de condenação aos autores foram ao mesmo tempo firmes e criativas nos jogos da rodada do campeonato gaúcho no final de semana. Em Santa Catarina, no final do ano passado, a reação da sociedade civil foi imediata e vigorosa, incluindo uma nota oficial emitida pela própria reitoria da UFSC. É importante que toda a sociedade se inspire nesses gestos e, principalmente, que eles se mantenham.
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