Trocar de técnico é uma mania, está enraizado na cultura do futebol nacional. É algo que se pode definir como um esporte – subproduto do próprio futebol – praticado pelos dirigentes.Faço esta introdução para questionar o que está sendo discutido neste momento: a troca ou não do técnico Raul Cabral, no Avaí. Avalio que a condição dele está praticamente insustentável. Raul está por um fio.
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Se for mesmo mantido até lá, vai precisar que o time vença o Joinville, na Ressacada, no sábado, como uma obrigação, um imperativo. E isto está implícito no discurso do diretor Marcelo Gonçalves, que já utilizou a velha máxima de que o que segura técnico no cargo é resultado. Mas como escrevi acima, a intenção aqui é questionar este modelo e esta prática.
Por que o técnico que há quatro rodadas dava resultado e era elogiado, agora não serve mais? Ou o futebol do Avaí não admite oscilações e erros? O que não se admite é a passividade das últimas duas partidas, que acredito que não seja só de responsabilidade do jovem treinador.
Vestiário
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Sempre digo que a troca é inevitável quando o treinador não tem mais o comando do grupo e não é mais ouvido e respeitado no vestiário. Foi o que ocorreu no ano passado com Gilson Kleina, na Série A. Não tenho informações neste sentido sobre o trabalho de Raul, muito pelo contrário. É importante ressaltar que o treinador é um excelente profissional, mas que ainda está em fase de crescimento e consolidação da carreira, que também vai oscilar junto com o time.
Na verdade, avalio que este primeiro momento de queda da equipe e de resultados ruins teria que exigir mais do departamento de futebol, com cobranças internas, e com diagnóstico sobre o que está dando errado ou o que provocou a queda. Trocar treinador é o mais simples e o mais fácil a se fazer, mas certamente não vai resolver os problemas do Avaí. Pode criar um momento de nova energia e alguns resultados imediatos, mas não terá longo prazo se o diagnóstico não for mais detalhado e mais profundo.
Pressão no presidente
As derrotas provocaram a volta do ¿renuncia presidente¿. A manifestação de torcedores, na manhã de ontem, no aeroporto, deixou isto mais uma vez evidente. Num cenário como este, é comum o dirigente fazer a mudança para dar uma justificativa e acalmar a torcida. O presidente Nilton Macedo não pode cair nesta armadilha. Tem que aguentar a pressão como sempre aguentou e trabalhar com suas convicções, confiando em avaliações internas do Departamento de Futebol e naquilo que acredita.
Contraponto a tudo isto
Ao mesmo tempo, já fiz a leitura que é praticamente certo que Raul Cabral não vá ser o técnico do Avaí na Série B. Então a pergunta que caberia, como um contraponto, é qual seria o momento de efetuar a troca? Afinal, se não vai ser ele o comandante, não seria ideal adiantar a contratação do novo treinador para que ele faça a pré-temporada do Brasileirão com o grupo? É algo a ser analisado neste pacote também. Mas nada impede que o processo seja maduro e profissional, sem frituras ou desgastes.
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