O agronegócio catarinense é hoje um gigante competitivo que conquistou a atenção de importantes mercados externos. Os números de 2019 comprovam isso: de janeiro a novembro, o setor respondeu por 68,5% de todas as exportações do Estado, gerando receitas que chegam a US$ 5,6 bilhões. Os dados são da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural.

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As proteínas animais são o carro-chefe das exportações catarinenses. No mesmo período do ano passado, 1,16 milhão de toneladas de carne de frango foram vendidas para o mercado externo, com um faturamento que passa de US$ 2 bilhões.

Ainda segundo a Secretaria, a carne de frango é o principal produto exportado pelo Estado, mas foi a carne suína quem bateu o recorde histórico de exportações: mais de 373 mil toneladas do produto embarcaram para o exterior de janeiro a dezembro de 2019. O faturamento do ano superou US$ 766,4 milhões.

Grande parte das exportações catarinenses tiveram como destino o mercado oriental. China e Hong Kong concentraram 59% de todo faturamento catarinense com os embarques de carne suína e 15% das exportações de carne de frango.

Com esses números é seguro dizer que o agronegócio é um grande fomentador da economia catarinense. E isso, claro, tem motivo: além da cultura de produção animal, Santa Catarina é reconhecido internacionalmente pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) por seu status sanitário animal. São duas certificações: livre de febre aftosa sem vacinação e livre de peste suína clássica.

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Manter esse padrão de excelência na produção animal significa manter o comércio com os mais exigentes mercados. E nisso, o Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa) tem papel fundamental: é o apoio dos produtores catarinenses em processos e procedimentos previstos no Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária em Santa Catarina para manutenção do status sanitário catarinense.

— Tudo começa quando a auditoria da União europeia em 2002 constatou que o Estado de Santa Catarina não possuía estrutura suficiente diante das exigências sanitárias do mercado Europeu — comenta Gerson Catalan, conselheiro técnico do Icasa.

Segundo Catalan, o número de médicos veterinários e pessoal administrativo era insuficiente para atender as demandas dos produtores, que na época estavam regularizando suas propriedades para atender a legislação de defesa sanitária animal.

Alguns anos depois, em 2006, o Icasa foi criado com o propósito de ampliar as atividades dos órgãos estaduais quanto a valorização da produção animal, a preservação do meio ambiente e, claro, a manter a excelência no status sanitário. Sua criação foi importante para que, em 2007, Santa Catarina recebesse a certificação pela OIE como Estado livre de febre aftosa sem vacinação.

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Icasa
Instituto acompanha as atividades nas propriedades rurais de SC (Foto: Icasa)

Icasa e as atividades de apoio ao produtor rural

Dentro das atividades promovidas pelo Icasa estão as emissões de documentos, como a Guia de Trânsito Animal (GTA), indispensável para o transporte de animais no estado ou para fora dele; e também o controle e entrega dos kits de brincos, importante método de identificação e controle do rebanho bovino e bubalino.

Outros processos possíveis pelo Instituto são: atualização de cadastro das propriedades rurais, cadastro de unidades de exploração Pecuária (UEP), execução do georreferenciamento – que é a marcação de pontos geográfico da propriedade, tornando as coordenadas conhecidas -, inventário de animais e prestação de conta dos kits de brincos.

Além disso, o Icasa também acompanha propriedades com produção animal, deslocando seu corpo técnico (médicos veterinários) em visitas periódicas as propriedades rurais, propondo ações corretivas quando necessárias.

— Por ano são realizadas cinquenta mil visitas orientativas às propriedades com criação de animais. Os auxiliares administrativos lotados nos escritórios regionais do Instituto efetuam, em média, cinquenta mil atendimentos por mês — explica Catalan.

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Desenvolver atividades de educação nas comunidades rurais também fazem parte das atribuições do instituto. Tudo isso, conforme explica o conselheiro técnico, é planejado e definido juntamente com a Cidasc.

Excelência no status sanitário só é possível com constante vigilância

Santa Catarina é, por enquanto, o único estado com reconhecimento livre de febre aftosa sem vacinação pela OIE. O vizinho Paraná está em busca da certificação e conseguiu, junto ao Ministério da Agricultura, cessar a vacinação em seu rebanho em novembro de 2019.

A notícia deixa o estado catarinense em alerta. Afinal, ainda segundo Catalan, o principal desafio hoje na manutenção da saúde do rebanho catarinense é o reforço das barreiras sanitárias. Essas barreiras evitam a entrada de animais sem origem comprovada, estabelecem rotas seguras para os que precisam ficar em quarentena e também barram o ingresso de qualquer animais que não cumpram os requisitos da legislação catarinense.

— O contato com animais com qualquer traço de anticorpos pode comprometer todo nosso rebanho. Por exemplo, os bovinos e bubalinos existentes em Santa Catarina não recebem vacina contra a febre aftosa desde ano de 2000, ou seja, os animais não são vacinados há quase 20 anos. Eles não tem nenhuma imunidade contra o vírus da febre aftosa, o que os torna altamente suscetíveis a serem acometidos pela enfermidade caso tenham contato com o vírus da doença — complementa o veterinário.

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A febre aftosa é a mais temida das doenças dos grandes animais e a sua existência impede a comercialização de outras espécies, seja na forma viva ou de seus produtos cárneos e industrializados. Uma nova manifestação da doença no Estado (a última foi no ano 1993) seria um desastre para a economia catarinense, principalmente para regiões que dependem exclusivamente da produção animal.

Por isso os esforços do Cidasc e Icasa, juntamente com outros órgãos estaduais, está em reforçar ações nas 63 barreiras sanitárias, sejam elas fixas ou móveis, com criteriosa fiscalização. Hoje, para ingressar em Santa Catarina com animais é necessário que seja comprovada por documentos e identificação animal individual que eles vem de uma área livre de febre aftosa sem vacinação e com certificação desse status junto a OIE.

— A identificação individual serve como um registro próprio de cada animal, permitindo que se saiba por meio dos controles existentes onde eles nasceram, quem são seus pais, data de nascimento e, por meio das guias de transporte animal, saber seu paradeiro em tempo real, que pode ser a propriedade de origem ou outra propriedade por transferência, além de nos permitir ter conhecimento do abate ou óbito na propriedade — completa Catalan.

Essas atividades são responsáveis pela qualidade da produção catarinense. Conheça mais sobre a produção animal catarinense acompanhando o canal Agro de Valor.

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