Um morcego da espécie Histiotus alienus, desaparecido por mais de um século, foi encontrado novamente no Brasil na cidade de Palmas, no Paraná. O raro animal foi descoberto em Joinville, em 1916, pelo zoólogo britânico Oldfield Thomas, e desde então, nunca mais havia sido visto.

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A nova aparição aconteceu durante uma pesquisa de campo, por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e da Universidade Federal do Paraná, em novembro de 2018, no Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas, uma Unidade de Conservação (UC) de proteção integral à natureza, conforme descrito em um artigo publicado na revista científica Zookeys.

O artigo foi publicado pelos pesquisadores Dr. Vinícius C. Cláudio, M.Sc Brunna Almeida, Dr. Roberto LM Novaes, M.Sc Marcos A. Navarro, Dr. Liliani M. Tiepolo e Dr. Ricardo Moratelli.

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Para capturá-lo, eles usaram redes de neblina – usadas para capturar pássaros e morcegos selvagens – instaladas na floresta.

Quando o compararam com o morcego-orelhudo (Histiotus velatus), comumente encontrado na região e o qual desconfiavam ser, descobriram que poderia se tratar de outra espécie. Assim, levaram para o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, para uma análise mais detalhada.

Depois de compará-lo com outros morcegos de espécies do gênero, os pesquisadores confirmaram que era mesmo o segundo registro do mamífero raro, 102 anos depois do primeiro.

A espécie está atualmente classificada como Dados Deficientes pela União Internacional para a Conservação da Natureza. O novo registro está em área protegida, o que indica que pelo menos uma população da espécie pode estar protegida, de acordo com os pesquisadores.

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Veja fotos do lugar em que o morcego foi capturado

O local e momento da captura

O segundo exemplar do morcego foi capturado em uma área protegida de 16,6 mil hectares no sul do Brasil. O local abrange principalmente campos naturais com pequenos fragmentos isolados de floresta úmida com araucárias.

A região do entorno da reserva possui parques eólicos para geração de energia, que impactam negativamente a fauna de morcegos, conforme os especialistas.

Em 21 de novembro de 2018, eles capturaram um macho adulto, por volta das 23h. O animal foi coletado e preservado em aguardente (álcool 70 °GL), com o crânio removido e depositado no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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As florestas de araucárias, onde o animal foi encontrado, ficam a cerca de 280 quilômetros de Joinville.

A primeira vez em Joinville

O Histiotus alienus foi descrito pela primeira vez pelo zoólogo britânico Oldfield Thomas, em 1916, em Joinville, no Norte de Santa Catarina, e apenas seu holótipo (fragmento desse espécime) é conhecido desde então.

De acordo com os pesquisadores, exceto pela breve descrição morfológica e pouco mais de uma dúzia de medidas disponíveis na descrição original, o conhecimento era limitado.

Coletado no sul do Brasil, o animal, na época, foi batizado e guardado no Museu de História Natural de Londres.

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Como é o morcego raríssimo

O mamífero se difere das outras espécies pelas seguintes características:

  • Pelagem dorsal bicolor e escura;
  • Pêlo ventral bicolor e ligeiramente mais claro que o pêlo dorsal;
  • Orelhas de tamanho intermediário e levemente triangulares;
  • Lobo medial da orelha pequeno;
  • Faixa transversal de pele entre as orelhas baixas.

Além disso, o morcego tem orelhas ovais e alargadas, conectadas por uma membrana. Apresenta coloração marrom escura no pelo dorsal e ventral, e mede de 10 a 12 centímetros de comprimento total.

*Com informações da revista científica Zookeys 

*Sob supervisão de Lucas Paraizo

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