Desde o dia 25 de março que o padeiro Sidnei Ivonasio Lisboa, 34 anos, não dorme em casa, localizada no Bairro Estreito, em Florianópolis. Os corredores da emergência do Hospital Celso Ramos viraram seu novo lar depois de uma fratura acidental na perna direita, nos minutos finais de uma pelada com os amigos. Ele, como mais de 300 pessoas pelo Estado, ficou no aguardo de vaga no Centro Cirúrgico.

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– Estou riscando no papel por cada dia que passo aqui, como os presos fazem – disse bem-humorado, indicando um cartaz de identificação, colado acima de sua cama. Uma maca de colchão tão fininho que tem deixado marcas pelo corpo do rapaz, não bastasse as dores na perna.

Deitado no corredor, Sidnei observa o vai e vém de enfermeiros e pacientes à espera de tratamento, enquanto sua esposa, Alessandra, 35 anos, acumula reclamações na ouvidoria da unidade e da Secretaria de Estado da Saúde, além de denúncia no Ministério Público.

– Ninguém diz nada. Não dão satisfação. Daqui a pouco ele perde a perna – reclama ela.

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Os dois chegaram no limite ontem. O patrão de Sidnei fez um empréstimo de R$ 5.300,00 para que a cirurgia seja feita em uma clínica particular, neste sábado. No domingo, ele espera já estar de muletas.

– Vai ser um alívio sair daqui – disse.

Lista de espera ultrapassa 300 pessoas

De acordo com setor responsável pelas cirurgias eletivas no Hospital Governador Celso Ramos, são mais de 300 pessoas à espera de vaga no Centro Cirúrgico. Além destas, pacientes que, como Sidnei, aguardam em salas cada vez mais lotadas na emergência da unidade disputam um lugar. Sem falar nas ocorrências em caráter de urgência todos os dias _ em uma média próxima de três _, motivadas por acidente de trânsito, por exemplo.