Sem preço

Muito se fala em legado olímpico. E, quando é este o assunto em pauta, o papo converge para a infraestrutura. O que é válido, diga-se de passagem. As instalações são top e, se bem administradas, significam muito para o esporte.

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Outro caminho comum para o papo sobre a herança dos Jogos é o viés econômico. Apenas uma administração escandalosamente caótica conseguiria não gerar lucro. São milhões de ingressos vendidos, patrocínios milionários etc. Em tese, fica um bom caixa à disposição do poder público.

Há um terceiro mote recorrente: a infraestrutura não-esportiva. Outro tópico meritório. Transporte renovado com metrô e afins, passeios públicos revitalizados, pontos turísticos rejuvenescidos.

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A conversa também pode se direcionar para os ganhos esportivos, o que é motivo de orgulho: melhores tempos para atletas, mais dinheiro para preparações, incentivo para novos esportes.

De todos os legados, nenhum dos quatro acima é o que mais mobiliza minha emoção. Todos são palpáveis, materiais, porém um bem imaterial pede passagem. Trata-se da mensagem de amor ao esporte, de valor incalculável e que vem de mãos dadas com tolerância, saúde, comunitarismo, superação e patriotismo.

Estádios podem perder-se sob má administração, e o Pan e a Copa mostraram que, infelizmente, este posa ser o trágico caminho. O quase certo lucro tende a se esvair num país sem vergonha de pulverizar recursos públicos.

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O que fica de infraestrutura é um percentual pequeno do que seria necessário para um Rio sem perspectiva de viabilidade. Os ganhos esportivos logo se diluem se a política esportiva não for mantida, o que, a se conhecer o Brasil, deve acontecer à reboque da crise econômica. Então, sobrou o quê? Justamente o inconsciente coletivo acariciado com o mais saudável e cheiroso perfume possível: o espírito esportivo.

O que deu certo

O mito

O nadador americano Michael Phelps mostra no Rio de Janeiro porque é um dos grandes atletas mundiais que deixarão o nome marcado na história esportiva. Das 26 medalhas olímpicas, 22 são de ouro. Com isso, ele se torna o primeiro homem da história a conquistar 13 medalhas de ouro em provas individuais em uma Olimpíada.

Show de abertura

A cerimônia de abertura do Rio 2016 impressionou a todos. Foi um show de criatividade que mostrou ao mundo a história da colonização do Brasil. Pautada na mensagem de que devemos cuidar do planeta, a apresentação também destacou a diversidade. Sem dúvida foi um grande espetáculo que apagou a má impressão causada pela abertura da Copa do Mundo.

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Guga é referência nacional

O manezinho Guga é, sem dúvida, uma das estrelas da Olimpíada. Ele brilhou conduzindo a chama olimpíca na cerimônia de abertura. O tenista está escalado como comentarista da Rede Globo e esbanja autenticidade. Ele já fez comentários nas competições de natação, futebol e ginástica artística, além do tênis. Descontraído, conquista pelo jeito simples, pelo sotaque carregado e pelo bom humor.

Surpresas

Na esgrima, Guilherme Toldo derrotou o campeão mundial. No Polo Aquático masculino o Brasil venceu o terceiro jogo seguido. Pedro Gonçalves fez história na Canoagem Slalon. No Ciclismo de Estrada Flávia Oliveira foi a sétima, antes dela nenhum brasileiro havia terminado abaixo da 19ª. Hugo Calderano igualou o feito de Hugo Hoyama no tênis de mesa e o medalhista de prata Felipe Wu, do tiro esportivo, brilhou.

Segurança

Houve a morte do agente da Força Nacional como o principal caso grave na área de segurança. Porém o que era mais temido, até agora, na primeira semana, foi contido, que é a ameaça de atentado terrorista durante os Jogos. Em geral, os turistas também estão seguros.

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Medalhas brasileiras

O Brasil conquistou medalhas no Rio 2016, uma de ouro no judô, com Rafaela Silva, uma de prata no tiro esportivo, com Felipe Wu e uma de bronze também no judô, com a atleta Mayra Aguiar. A sexta-feira também foi marcada por alegria nas lutas. No boxe, Robson Conceição já é medalhista de bronze, mas neste domingo terá a chance de lutar pelo ouro na modalidade. Ainda no judô, Rafael Baby conseguiu o bronze.

O que deu errado

Fila, comida e metrô

O público sofre com as longas filas para entrar em ginásios e arenas. O valor da alimentação dentro do Parque Olímpico foi alvo de críticas, além das longas filas para se servir e falta de estoque. A mobilidade também é um ponto negativo. O metrô e os postos para compras de bilhetes fecham cedo e deixam as pessoas na mão.

Brigas e falhas na comunicação

As parceiras do salto ornamental Ingrid Oliveira e Giovanna Pedroso brigaram após Ingrid ter levado o atleta de canoagem Pedro Henrique Gonçalves para dormir no quarto. A nadadora Joanna Maranhão registrou queixa policial ao receber insultos após ser eliminada. Pegou mal os jogadores de futebol do Brasil não darem entrevista após o empate com o Iraque.

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Não encheu

Chama a atenção os lugares vazios nas arquibancadas durante as provas. Para tentar enchê-las, os ingressos estão sendo vendidos a R$ 40. Uma boa ideia seria levar crianças carentes e de escolas cariocas para acompanhar as competições de perto, uma boa maneira de incentivá-las ao esporte.

Tropeços

Judô, tênis e natação ficaram devendo bons desempenhos e medalhas. Esperava-se mais dos atletas e medalhistas como Sarah Menezes e Felipe Kitadai, e do tenista Marcelo Melo, número um do mundo em duplas. As eliminações precoces frustaram a torcida brasileira.

Piscina verde

Causou polêmica a mudança de cor da água das piscinas no Centro Aquático Maria Lenk. De acordo com o Comitê Rio 2016, o problema foi a demora para restabelecer o equilíbrio químico da água, que ficou verde. As piscinas comprometidas recebem as competições do salto sincronizado e do polo aquático. A princípio o Comitê explicou que era uma proliferação de algas. Depois, disse que era a água que estava alcalina demais. Por fim, admitiu demora para restabelecer o equilíbrio químico.

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