No mundo em que o poder e o prestígio costumam ser regidos por elementos como talento individual ou limite do cartão de crédito, é difícil convencer uma nação de que o sangue pode estar acima de tudo.
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Em meio a uma campanha massiva para despertar o encanto do passado, a realeza britânica festeja o Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II neste fim de semana e dá mostras de que seu sangue azul ainda é capaz de aquecer o coração dos súditos.
Ao passo que a nobreza espanhola se desgastou com os últimos escândalos, milhões de britânicos se preparam para celebrar o 60o aniversário da coroação da soberana. A rainha, que recebeu a coroa em 1953, ano após a morte do pai, Jorge VI, está com 86 anos. Mais três anos no trono e o recorde de longevidade de sua bisavó, Vitória, será quebrado.
Mas o que exatamente os britânicos estão comemorando? O cargo é simbólico. O país está em crise. Seu poder e liderança mundial de mais de 200 anos evaporou depois da II Guerra. Ainda assim, Londres está mobilizada para celebrar a realeza.
Anos 1990 foram considerados amargos
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Ao contrário da economia britânica, desde o ano passado a família real passa por um momento de valorização. Uma das interpretações desse fenômeno é o efeito do casamento do príncipe William e da charmosa Kate Middleton, em um evento que atingiu o porte global de um conto de fadas misturado com reality show. Uma pesquisa divulgada na semana passada indica que o sangue azul está em alta: 80% dos britânicos entrevistados disseram apoiar a monarquia.
Os anos 1990 foram amargos para a rainha. Seu três filhos, incluindo Charles, o príncipe-herdeiro, divorciaram-se. No fim da década, a princesa Diana, então um ícone mundial, morreu em um acidente de carro em Paris. A reação de Elizabeth – silenciosa e distante – lhe rendeu críticas severas por parecer alheia à comoção em massa que se abateu sob seus súditos.
No domingo, a rainha descerá com sua família em um barco de luxo diante de um milhão de pessoas, com previsão de um grande almoço comemorativo para perpetuar o tradicional “Deus salve a rainha”.
O príncipe herdeiro
Como parte do Jubileu e de uma campanha intitulada GREAT, membros realeza buscaram valorizar a marca da família. Até o sem traquejo Príncipe Charles – o primeiro na linha de sucessão de Elizabeth – e sua segunda mulher, Camila Parker, têm se esforçado para se tornar uma dupla mais simpática aos olhos dos britânicos.
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Aos 63 anos, Charles está destinado a ser rei. Por décadas, amigos da família afirmam que o nobre ocupa seu tempo com projetos de caridade e hobbies – além de gafes e patetices diversas -, sem grande preocupação com a sucessão.
Oprimido entre a memória de sua primeira mulher, a Princesa Diana, e o sucesso midiático do filho William, Charles se esforça: neste mês, bancou um apresentador do tempo no aniversário da Rede BBC – emissora pública da Grã-Bretanha. Ele já apareceu passando roupa ao lado da nora, Kate, ou bancando DJ ao lado de jovens no Canadá. Charles esteve também na Austrália, na Nova Zelândia e em Papua Nova Guiné.