O motorista que transita regularmente pelas rodovias federais que cortam Santa Catarina percebeu algo diferente nos últimos dias: tanto as placas de fiscalização eletrônica quanto os radares fixos estão cobertos por sacos plásticos pretos. A explicação vem do fato que, desde meados de novembro, os aparelhos não estão funcionando, já que o contrato com a empresa que realizava a fiscalização chegou ao fim e não foi renovado.
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Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a licitação para a contratação da nova empresa está em fase final de homologação, porém o órgão não deu um prazo para a retomada da fiscalização fixa. O problema, aliás, não ocorre apenas em Santa Catarina, mas em todas as unidades da federação.
No Estado, são 197 radares fixos inoperantes há mais de um mês em nove rodovias federais. Entre elas estão as BR-101 (trecho sul), 282, 280 e 470, que tem um movimento muito mais intenso durante os meses de verão, quando milhões de turistas visitam o litoral catarinense. Os trechos concessionados das rodovias das federais catarinenses (BR-101 Norte e BR-116) não são afetados pelo problema, e os radares ali continuam funcionando normalmente.
Essa situação tem alarmado a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Segundo o inspetor Adriano Fiamoncini, a corporação vai continuar realizando operações de fiscalização com os 31 radares móveis que dispõe no Estado, inclusive nos locais onde os pardais fixos estão inoperantes. Ele, no entanto, admite que é impossível realizar o trabalho com a memsa efetividade e pede a colaboração dos motoristas.
— A PRF pede que o usuário continue respeitando o limite, independente de estar sendo fiscalizado ou não — diz Fiamoncini.
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Apenas no último fim de semana, a PRF flagrou 673 motoristas andando acima da velocidade permitida nas rodovias. Ainda de acordo com Fiamnocini, ainda não pode se perceber um aumento das ocorrências no último mês em função do desligamento dos radares. Ao mesmo tempo, ele admite que a tendência é que a notícia se espalhe e aumente a imprudência dos motoristas.
De acordo com Márcia Pontes, especialista em planejamento e gestão de trânsito, é exatamente isso que deve acontecer. Ela lamenta a falta de planejamento do governo federal para impedir que as rodovias ficassem sem fiscalização. Além disso, diz que essa é a pior época do ano para isso.
— É um grande grande desserviço à segurança no trânsito. Além de aumentar o número de acidentes, também fará com que eles fiquem mais graves — diz Pontes.
A especialista conta que há um fator psicológico: sem sentir que está sendo fiscalizado, o motorista tender a dirigir em velocidade mais elevada, aumentando os riscos de colisões. Segundo ela, 80% dos acidentes em rodovias acontecem durante o dia, em retas bem sinalizadas, o que aponta a imprudência como principal fator:
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— Nessa época do ano, as pessoas ficam mais “soltas” e a possibilidade de beber e dirigir também é maior. Nossas estradas também veem o movimento duplicar ou triplicar. O perigo é maior, sem dúvidas.
Esclarecimento: reportagem do DC informou que os controladores de velocidade da BR-101 estão desligados em função da falta de homologação de um novo contrato do DNIT com empresa fornecedora das máquinas. Porém, o desligamento é parcial na rodovia. Os controladores de velocidade que estão no trecho entre Palhoça e a divisa com o Paraná fazem parte da concessão da Autopista Litoral Sul e continuam ligados normalmente. São 32 ao todo, sendo 24 radares nas vias marginais e oito na pista principal. No trecho sul da BR-101, entre Paulo Lopes e Passo de Torres, os radares estão desligados até a homologação de uma nova licitação pelo DNIT. A Polícia Rodoviária Federal permanece fiscalizando toda a rodovia com radares portáteis.