A icônica imagem dos atletas negros estadunidense Tommie Smith e John Carlos de punho cerrado no pódio dos jogos olímpicos de 1968, em alusão ao movimento antirracista Panteras Negras, exemplifica como debate em torno da questão racial no esporte não é recente. O gesto, que custou a continuidade da carreira dos atletas, ilustra o cartaz de divulgação da palestra Esporte com Raça, que irá ocorrer nesta terça-feira (20), no Centro Universitário Estácio de Santa Catarina, em São José, na Grande Florianópolis.
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Para discutir esse assunto a partir de uma perspectiva atual e brasileira, o goleiro Mário Lúcio Costa Duarte, conhecido como Aranha, é um dos convidados do evento gratuito e aberta ao público, que integra as atividades de celebração ao Dia da Consciência Negra. A palestra vai ocorrer no auditório do faculdade, a partir das 19 horas.
O atleta, que na época atuava pelo Santos e hoje integra o elenco do Avaí, foi vítima de racismo por parte de torcedores do Grêmio em uma partida da Copa do Brasil de 2014. Na ocasião, que ganhou repercussão nacional e internacional, uma torcedora do time gaúcho chamou o goleiro negro de macaco, atitude flagrada pelas câmeras de um canal televisivo. Outras torcedores também foram filmados fazendo gestos e sons imitando o animal, como um insulto ao Aranha.
Ao lado do goleiro, o mestre Valmir Ari Brito, conhecido como mestre de capoeira Jimmy Wall, também irá compor a mesa.
Faces do racismo
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Outro tema debatido na discussão é a relação do racismo com a xenofobia. A palestra “Xenofobia ou racismo?” contará com a presença da coordenadora do Observatório das Migrações de Santa Catarina e doutora em Ciências Sociais, Gláucia Oliveira Assis, e do presidente da Associação de Nordestinos da grande Florianópolis, Justiniano Kerly Pamplona. A palestra vai ocorrer na manhã desta terça, a partir das 8h.
A psicóloga, professora e coordenadora do projeto SOS Racismo, Edelu Kawahala, uma das organizadoras do evento, afirma que a temática visa discutir as várias faces nas quais a discriminação se faz presente.
— Além do racismo contra os negros, há também racismo contra ciganos, indígenas, pessoas pertencentes à religião de matriz africana… inclusive, aqui em Santa Catarina tem sido muito recorrente casos de racismo contra pessoas vindas do Norte e Nordeste do país — explica.
Dia da Consciência Negra
A data de 20 de novembro foi escolhida em razão do assassinato de Zumbi dos Palmares, a liderança quilombola mais conhecida no país, em 1695.
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Desde 2011, o Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado no Brasil por meio da lei nº 12.519. A data tem como objetivo trazer à tona a reflexão acerca dos negros na sociedade brasileira com o intuito de combater o racismo no país.