A quantidade de assaltantes de residências em Florianópolis e que moram no morro da Costeira do Pirajubaé, no Sul da Ilha de SC aumentou. Um deles é o adolescente de 17 anos apreendido nesta quarta-feira, dia 22, suspeito de envolvimento em mais de dez roubos a casas na Capital, incluindo a residência de parentes de um secretário de Estado, em dezembro passado.

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De acordo com a polícia, o principal motivo para explicar tantos assaltantes entre os bandidos da Costeira – comunidade tradicional com forte presença do tráfico e habitada predominantemente por trabalhadores que sofrem com a criminalidade – é um só: o morro está “sem dono”.

O líder do tráfico de drogas local, que atua desde o início dos anos 2000 e se tornou um dos maiores distribuidores de cocaína do Sul do Brasil, começou a perder poder a partir de sua prisão, em 2008. A perda se intensificou a partir de sua transferência de uma penintenciária de segurança máxima em SC para outra fora do Estado, em 2011.

O traficante é contra assaltos porque este tipo de crime atrai polícia para o morro e atrapalha as vendas de cocaína, crack e maconha. Como ele perdeu a liderança, o comando das ações criminosas está dividido em cerca de cinco facções, entre elas uma organização criminosa com origem nas cadeias catarinenses. Embora tenham ligação com o tráfico, algumas dessas facções são especializadas e só praticam assaltos a residências.

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Formadas por adultos e adolescentes, as novas quadrilhas sabem escolher o melhor alvo, geralmente entram quando a porta da frente das casas está aberta, amarram e amordaçam moradores e chegam a dar chutes e coronhadas na cabeça de pessoas feitas reféns dentro de suas próprias casas. E roubam tudo que cabe no carro da vítima.

– Florianópolis não é mais aquela cidade pacata que era até há poucos anos. As pessoas não devem deixar a porta de casa aberta, nem de dia e muito menos à noite. Caso o morador note alguma movimentação estranha perto de casa, deve chamar a polícia e dar uma volta no quarteirão – orienta o policial da Delegacia de Repressão a Roubos da Capital (DRR), delegado Marcus Vinicius Fraile.

Os quadrilheiros tem obsessão por cofres. Acham que todas as casas tem cofres recheados de dinheiro e joias.

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– Não é bem assim. A maioria das casas não tem cofres, mas eles pensam que tem – diz o delegado Fraile, que coordenou a equipe que apreendeu o adolescente de 17 anos.

Apreendido pela primeira vez na vida no dia 22, o jovem é apontado pela polícia como mentor de mais de dez assaltos em bairros nobres como Parque São Jorge e Santa Mônica, além de Córrego Grande e Campeche, e é o mais violento da quadrilha em que atua.

Tem no currículo a tentativa de arrombamento com maçarico de um caixa eletrônico nos Ingleses, Norte da Ilha de SC e dois homicídios. As vítimas, conhecidas por Charriam e Tartaruga, eram da Costeira. Segundo a polícia, o adolescente de 17 anos teria confessado o assassinato dos dois porque eles o teriam ameaçado de morte.

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A apreensão do adolescente especialista em assalto aconteceu por volta das 14h do dia 22, em Forquilhinhas, São José. Momentos antes, ele e um homem deixaram o morro da Costeira, em um Gol preto, em direção a São José. Sempre seguidos pelos policiais. Eles cumpriram mandado de busca e apreensão contra o jovem, encaminhado a 6a DP de Proteção à Mulher, Criança e Adolescente, no bairro Agronômica, na Capital. O homem foi liberado por falta de provas de seu envolvimento com crimes.