A raça Crioula Lageana teve uma grande importância durante o período de ocupação do território catarinense. Introduzida junto aos colonizadores, ocupou toda a região sul do Brasil por alguns séculos, até que, no início do século XX, começou o processo de importação de material genético melhorado de outros países, sobretudo na Europa – principalmente do Reino Unido. O gado passou a ser substituído, inicialmente por meio da miscigenação racial e a posteriori pela troca por animais puros de outras raças.

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Por volta dos anos 1950, alguns produtores que já conheciam de forma empírica o potencial da raça, tomaram a atitude de resgatar o gado remanescente nos mais variados rincões da serra, formando pequenos núcleos de conservação da raça em suas fazendas.

Com o aumento e interesse dos criadores, foi possível criar e formalizar a Associação Brasileira de Criadores da raça Crioula Lageana- ABCCL em novembro do ano de 2008, tendo como seu primeiro presidente o Sr. Nelson de Araújo Camargo e hoje presidida pelo médico Veterinário Dr. Edison Martins. A partir da criação da ABCCL iniciou-se o processo de desenvolvimento da raça e multiplicação do material genético, o que propiciou sua distribuição e comercialização para outros centros. A raça está presente em quase todas as regiões do Brasil e ocupa destaque em cruzamentos industriais, segundo o presidente da entidade.

Em parceria com Sebrae/SC, entidade de criadores aumentou qualidade e produtividade
Em parceria com Sebrae/SC, entidade de criadores aumentou qualidade e produtividade – (Foto: Arquivo pessoal)
Em parceria com Sebrae/SC, entidade de criadores aumentou qualidade e produtividade
Em parceria com Sebrae/SC, entidade de criadores aumentou qualidade e produtividade – (Foto: Arquivo pessoal)
Em parceria com Sebrae/SC, entidade de criadores aumentou qualidade e produtividade
Em parceria com Sebrae/SC, entidade de criadores aumentou qualidade e produtividade – (Foto: Arquivo pessoal)

A raça Crioula Lageana é predominantemente produtora de carne que, além de suas qualidades nutricionais, apresenta maciez, suculência e sabor, atributos esses que contemplam às expectativas do consumidor cada vez mais exigente na busca por nichos de mercado que ofereçam produtos diferenciados. No Estado de Santa Catarina há, cerca de 20 criadores da raça, com um rebanho de aproximadamente 1800 cabeças.

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A utilização de novas tecnologias dentre as quais a fertilização “in vitro” e a caracterização genômica auxiliam na utilização desse recurso genético alavancando o desenvolvimento da raça, tanto no aprimoramento da qualidade da carne, quanto na produtividade, ao serem utilizados animais reprodutores superiores para direcionamento de acasalamentos visando a melhoria do produto final entregue ao consumidor.

Martins aponta que o objetivo a partir de agora é a expansão do uso da raça e a consolidação da produção da carne de qualidade Crioula Lageana com um mercado diferenciado, que valoriza a história, a cultura e as tradições da pecuária Catarinense.

Do reconhecimento às novas prioridades

Em novembro de 2008, os bovinos da raça Crioula Lageana e sua variedade Mocha foram reconhecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da raça Crioula Lageana (ABCCL) buscou, em 2022, o auxílio do Sebrae/SC para definir um plano de ação específico para aumentar sua participação no mercado. Agora, os criadores buscam inserir novas tecnologias avançadas para que o produto apresente ainda mais qualidade.

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A participação do Sebrae/SC tem sido determinante na introdução de novas tecnologias nos criatórios, auxiliando na identificação de animais superiores para a multiplicação destes. A parceria estimula o criador na adoção de tecnologias modernas de produção animal, o que nos permite trazer um caminho de evolução e desenvolvimento do produto. Conseguimos fazer a identificação de animais superiores por meio de ultrassonografia de carcaça, avaliação morfológica, seleção e multiplicação.

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Ação de fomento à competitividade

As ações desenvolvidas em parceria com a Associação são de um projeto do Sebrae chamado de Sebraetec, trata-se de consultorias de inovação que oferecem atendimento personalizado com especialistas de mercado e auxílio para implantação de tecnologias e serviços diferenciados.

O Sebrae/SC tem buscado trabalhar com produtos diferenciados da Serra, segundo Vanessa Valim Mendes, gestora de projetos coletivos na regional do Sebrae em Lages.

— Trabalhamos, na Serra Catarinense, a valorização de produtos locais, através de iniciativas como Indicação Geográfica (IG) do Mel de Melato de Bracatinga, Queijo Artesanal Serrano, os Vinhos de Altitude e a Maçã Fuji da região de São Joaquim. E ainda na estratégia de valorização dos produtos territoriais, o gado crioulo lageano, que é um material genético único com base territorial no estado de Santa Catarina. São rebanhos de gado crioulo do sul do Brasil, frutos do cruzamento de rebanhos trazidos por portugueses e espanhóis.

O projeto, em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Crioula Lageana, busca desenvolver a cadeia mercadológica, por meio da inserção de tecnologias avançadas, visando nichos de mercado, de produtos com maior valor agregado e certificado pelas qualidades da raça, sistema de produção e bem-estar animal.

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— Esse animal tem fácil manejo, é resistente a doenças e parasitas. São prolíferos, longevos e dóceis. Estamos trabalhando desde a parte da análise de seleção dos animais, inseminação artificial, criação da marca até a venda da carne desse produto diferenciado.

Além de consultorias de gestão e desenvolvimento de marca, a parceria prevê maior número de horas em Sebraetec, para atender a demanda dos produtores rurais. O projeto iniciou neste ano e tem previsão de realização de três anos. Entre as ações realizadas neste ano, Valim aponta a inseminação artificial por tempo fixo – foram realizadas 813 inseminações em nove propriedades rurais.

Contra-filé de Crioula Lageana - presença de marmoreio
Contra-filé de Crioula Lageana, com presença de marmoreio (Foto: Arquivo pessoal)

— Considerando a grande oportunidade para o desenvolvimento da cadeia produtiva de produtos com territorialidade e qualidades intrínsecas à raça, é necessária a multiplicação desse material genético dos animais tanto para ampliação dos rebanhos como para manutenção da base genética dos animais relevantes — completa Valim.

O Sebrae/SC realiza também um trabalho de fertilização in vitro em mais de 100 animais. Serão selecionados animais nos mais diversos núcleos genéticos para coleta, processamento e congelamento dos embriões da raça. Esse material deve ser enviado para outros estados, como Paraná e Tocantins. Ainda, a consultoria tecnológica avalia a carcaça de 366 animais da raça para seleção daqueles com maior desempenho e qualidade de carne.

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Outras empresas e grupos que queiram participar de projetos como esse podem entrar em contato com o Sebrae, que deve indicar qual a solução mais adequada para as necessidades. Cada projeto é trabalhado de forma única, focado em resultados esperados pelo cliente.

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