Passageiros do transporte coletivo de Blumenau foram surpreendidos durante a madrugada desta quinta-feira (31). Isso porque os ônibus não deixaram os terminais da Fonte, Proeb, Velha, Aterro, Fortaleza e Garcia desde as 3h30min. As linhas voltaram a circular normalmente a partir das 6h.
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De acordo com o Sindicato dos Empregados nas Empresas Permissionárias do Transporte Coletivo de Blumenau, Gaspar e Pomerode (Sindetranscol), a paralisação surpresa foi motivada "pelo atraso da negociação coletiva de trabalho". Em nota publicada nas redes sociais, a categoria afirma que os representantes da Blumob (empresa responsável pelo serviço na cidade) não compareceram à reunião marcada para quarta-feira (30).
Ainda na quarta-feira, antevéspera da data-base da categoria, dia 1º de novembro, o Sindetranscol chegou a emitir uma nota intitulada "O desaforo dos patrões" em que questiona o não comparecimento da Blumob à mesa de negociação. "Estamos há dois anos sem aumento real de salário, enquanto a empresa já começou a operar ganhando reajustes acima da inflação", diz a nota publicada às 17h51min de ontem.
Um pronunciamento oficial da diretoria do Sindetranscol deve ocorrer nesta quinta, às 10h. Não se descartam novas paralisações.
"Desrespeito e irresponsabilidade", diz Schrubbe
O secretário municipal de Trânsito e Transportes de Blumenau, Marcelo Schrubbe, disse não entender os motivos da paralisação e questionou a atitude do sindicato em "prejudicar os trabalhadores". Conforme Schrubbe as conversas para a negociação salarial 2019/2020 estão ocorrendo e não havia motivo para o protesto da categoria.
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— Minha indignação é em relação ao não aviso à população. As negociações estão em andamento. Ontem mesmo o sindicato pediu uma reunião, e nós o recebemos. Apesar de ser uma negociação entre patrão e empregado, algumas questões eram ligadas à prefeitura, como conserto do estacionamento dos terminais e em relação à sala dos motoristas. Recebemos essas duas reivindicações, vamos dar andamento e atendê-las. Agora parar sem avisar nada é um desrespeito e uma irresponsabilidade do sindicato com a população, já que há, sim, negociação. Imagina a sensação de impotência do trabalhador que estava às 3h30min da madrugada esperando um ônibus que não veio. Não é possível tratar a população assim — diz Schrubbe.
O que diz a empresa
Confira o posicionamento da Blumob:
Nesta quinta-feira, 31 de outubro, sem qualquer comunicação prévia, desrespeitando milhares de usuários e a legislação, o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo promoveu greve, paralisando integralmente o sistema de transporte coletivo de Blumenau desde as 3h. Toda a estrutura pronta para prestação dos serviços foi bloqueada nos terminais e garagem.
A convenção coletiva da categoria encontra-se plenamente respeitada e ainda em vigor. Reuniões foram realizadas nos últimos dias e a negociação salarial encontra-se em andamento, inclusive com propostas em mesa e tentativa de novas rodadas na próxima semana, sem qualquer necessidade de promover prejuízos à sociedade como ocorreu.
O sindicato reivindica aumento real de 5%, além da reposição pela inflação, o que resultaria em quase 8% de reajuste salarial. Além disto, aumento de 10% no vale alimentação mensal (R$ 880,00), alteração da data base e mudança na nomenclatura dos cobradores. Solicita ainda revisão de dezenas de cláusulas da convenção coletiva.
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Cientes de que todo o custeio da tarifa recai sobre o passageiro pagante e que só o reajuste salarial proposto impactaria a tarifa em aproximados 22 centavos, sem contar ainda demais pontos solicitados, evidente a necessidade de discussão do tema com responsabilidade e razoabilidade.
Nos últimos anos foram concedidos aumentos corrigidos pela inflação, além de avanços em benefícios. Os salários também tiveram reajuste real de 1% anualmente, conforme consta da convenção coletiva, ou seja, sempre com aumento real e em condições mais privilegiadas que a grande parte das categorias.
A proposta da empresa foi de renovar todos os termos da convenção coletiva, reajustando salários e benefícios pela inflação de 12 meses, aguardando índice do INPC de outubro, como é praxe. Proposta alternativa para avanço em outros pontos foi colocada em mesa e em ata, permitindo assim que pontos sejam negociados entre as partes.
A empresa confia na via negocial, disposta a continuar discutindo os temas, sem prejuízos à cidade e aos funcionários. As medidas judiciais serão tomadas considerando a ilegalidade da greve.
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