As instituições públicas são o pilar essencial na preservação da garantia dos direitos constituídos da sociedade. Quando o governo cumpre o papel de agir com eficiência o resultado é um cidadão confiante no papel do Estado. Essa realidade é ainda mais intensa quando o tema é segurança pública. Mas o Estado em questão tem falhado, falhado feio. Deixa, com isso, o cidadão a deriva num mar de insegurança. E então, o homem resolve fazer justiça com as próprias mãos.
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Essa prática já teve apoio institucional – embora nunca tenha se admitido isso – com a criação nos anos de 1960 da Scuderie Le Cocq para vingar a morte do detetive Milton Le Cocq, da Polícia do Rio de Janeiro. Milton fazia parte da guarda pessoal de Getúlio Vargas. Foi morto por um conhecido bandido carioca. A Scuderie Le Cocq virou associação e chegou a ter 7 mil membros, muitos catarinenses. Foi acusada de excessos por alguns que divulgavam frases como “bandido bom é bandido morto” e atiravam para matar.
Na semana passada Itajaí viu a comunidade do bairro Cordeiros capturar um rapaz que assaltou uma lanchonete. O bandido foi espancado e amarrado num poste. É o homem deixando-se apossar por seu lado fera. É a falência da confiança na entidade pública. É a reedição silenciosa da Scuderie Le Cocq. É o cidadão fazendo o papel da justiça sem importar-se com direitos porque não vê o cumprimento dos deveres por quem deveria. É preciso reorganizar a sociedade, com entidades que reconquistem o respeito do cidadão no caminho da lei e da ordem. O filósofo Immanuel Kant já avisava: “Aja de forma que seus princípios possam seguramente tornar-se lei para todos”.