No Brasil, mata-se 60 mil pessoas por ano. Média de 164 mortes por dia, quase 10 vezes mais do que o atentado em Barcelona. No entanto, diferente de lá, aqui a resposta do Estado e da sociedade à matança nossa de cada dia é a omissão, o conformismo ou a reação bélica pura, o que fomenta uma guerra particular maniqueísta que gera mais mortes (círculo vicioso).
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Em meio a este genocídio temos a morte de PMs, BMs, PCs, agentes prisionais e GMs, categorias que já sofrem com o abandono do Estado no que tange às condições de trabalho, carreira e salários, e que agora estão sendo caçados. Tudo resultado da retórica e da imoralidade das autoridades políticas, que estão mais preocupados em se perpetuar no poder, livrar suas caras deslavadas dos processos, culpar servidores pela crise ou propor medidas demagógicas e simplistas de combate (não de controle) da violência.
A não resposta para estas mortes de jovens, pobres, negros e policiais já configura um absurdo. Todavia, quando se trata da morte de trabalhadores da segurança, temos um atentado ao Estado Democrático de Direito. Matar um agente de segurança é matar a nação, a sociedade e a democracia. E se estas mortes fossem de juízes, promotores, políticos, médicos ou jornalistas?
Cerca de 498 policias foram mortos em 2016, número que tende a aumentar este ano. Engana-se quem crê que SC está blindada, vide a morte de um agente prisional e o ataque a um PM, além de outros fatos.
O Rio de Janeiro é o líder na morte de policiais. É lá que a reação se mostra nula, dado que não se tem respostas no tocante à elucidação destes crimes, melhoria dos meios de proteção ou mesmo políticas que primem pela defesa da vida dos profissionais e da sociedade.
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Não será com ódio e vingança que resolveremos o problema das mortes no País, e não podemos aceitar falsos e fáceis discursos moralistas que prometem, como um passe de mágica, resolver a questão. A vida é o primeiro e mais importante bem, e todas as vidas importam.
*Elisandro Lotin é cabo da PMSC e presidente da Associação Nacional de Praças
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