Paulista de nascença e neto de imigrantes italianos, Diego Mezzogiorno é formado em Administração Hoteleira. Mora em SC há uma década e meia e já foi filiado ao PSDB, quando quase lançou candidatura para deputado. Deixou o partido para acompanhar a criação do Rede. Elenca como prioridade uma agenda de internacionalização de SC.
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Confira abaixo o que o candidato tem a falar na segunda de uma série de entrevistas com os candidatos catarinense ao Senado produzidas pelo Diário Catarinense.
Perfil
Nascimento e idade: 19/09/1983 | 34 anos
Naturalidade: São José dos Campos (SP)
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Profissão: consultor de relações internacionais
Escolaridade: superior
Carreira política: nunca foi eleito para cargo público
Vídeo: confira as principais propostas de Diego Mezzogiorno, candidato ao Senado pela Rede
O senhor nunca antes disputou um cargo eletivo, de onde surgiu essa vontade?
Sou natural de São José dos Campos, em São Paulo, tem 16 anos que eu moro em Santa Catarina. Vim para cá quando eu me formei em Administração Hoteleira. Vim trabalhar em Brusque. A partir daí, como o salário era muito baixo, eu consegui dar aula de italiano em Brusque. Só que Brusque tinha uma questão corporativista e eu acabei pegando as aulas nos lugares onde os professores de lá não queriam. Pegava uma moto 125 e ia para Botuverá, Nova Trento, Guabiruba e outros lugares afastados para dar aula. Ali eu comecei a ter uma forte relação com a comunidade italiana do Estado, eu sou de origem italiana, hoje inclusive uma das minhas maiores marcas é a briga para ter um consulado italiano em SC. O Estado junto com o Espírito Santo tem o maior percentual de italiano no Brasil, são cerca de 67% da população. Nós temos cinco portos e não temos presença nenhuma internacional. Cinco portos, uma fronteira internacional, mas não existimos na questão internacional. Depois disso morei fora, acabava voltando e SC se tornou a minha casa. Comecei a militar na questão de internacionalização de SC, pedindo o atendimento dessa comunidade italiana, especialmente, e há quatro anos atrás eu era filiado do PSDB, morava em Balneário Camboriú, e quase concorri a deputado estadual, mas tive um desentendimento muito grande com os caciques, especialmente o da região, o ex-governador Leonel Pavan. Foi mais ou menos na época que sai de Balneário Camboriú e vim trabalhar aqui (Florianópolis) por questões profissionais. Depois fui assessor da presidência de relação internacional da Eletrosul, prestei serviço para a Câmara dos Deputados na comissão de Relações Exteriores e Defesa, prestei serviço até para Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. Sou fluente em seis línguas e sempre tive essa vontade de concorrer, exatamente por entender que o político de antigamente, o político do século passado não tem projeto para os desafios futuros, do século 21. Sou muito ligado com a questão da inovação e startups, tenho tido muitas conversas produtivas com a Acate especialmente, mas também com o Oeste de SC, Chapecó tem o segundo maior produtor de startups do país e nisso surgiu uma das minhas principais bandeiras que é o marco legal da startup. Além de eu ser o candidato mais jovem do Brasil concorrendo hoje, não tenho nem idade mínima, dia 19 de setembro eu faço 35 anos. E o que acontece no Brasil é que a startup não existe como pessoa jurídica. Ou ela é uma idéia ou ela é uma empresa com a forte possibilidade de sair de universitários, que saem em base nenhuma, mas com uma forte idéia, lembrando que o YouTube, o Uber, a Netflix, tudo isso nasceram de idéias de startups, algumas que não deram certo no começo, mas retomaram e acabaram virando multinacionais. Hoje não existe essa pessoa jurídica. Fiz um estudo muito grande no exterior, estive agora há um mês na Itália, onde tem um forte programa de startup, e a gente quer criar uma nova pessoa jurídica para facilitar que o jovem que queira empreender no setor de tecnologia, e nós somos exemplo disso no Brasil, possa ter de forma facilitada, inclusive conseguir crédito, coisa que se você não existe formalmente você não consegue. A partir daí surgiu a possibilidade, estou na Rede desde o início, da coleta de assinaturas, foi quando eu me afastei do PSDB, e agora proximamente surgiu a oportunidade de a gente montar uma chapa e eu concorrer ao senado como senador mais jovem. Exatamente propondo coisas para o século 21, o discurso de que o político antigo não consegue atender os desafios que já temos e que vamos ter no futuro.
E por qual motivo o senhor se identificou com a Rede?
A Rede ela tem uma questão muito interessante. Ela não é um partido que pensa esquerda, direita. Esse debate bobo que a gente está tendo. E eu sou favorável a uma coisa muito básica e prática. Se uma ideia é boa, a ideia é boa. Não importa se ela veio da esquerda, direito, do alto, baixo… Ela é uma ideia boa. A Rede tem candidato cidadãos, ela é contra a questão do partido dominar ou monopolizar a política. Somos inclusive favoráveis a pessoas que não concorram por nenhum partido, que façam listas cívicas. Por que o monopólio hoje na política é baseado nos partidos e eles não conseguem as respostas que a população precisa e o caos que estamos hoje é exatamente por essas brigas de agremiações partidárias. A Rede tem ainda a questão do respeito às mulheres, paridade de gênero, respeito às diversidades e etnias. Eu me encontrei muito bem nisso especialmente por que eu entendo hoje que estamos vivendo um período de um retrocesso muito grande no debate. Um debate que muitas vezes é cheio de ódio, debate que tem um tom muito pesado de preconceito e a gente não avança voltando para trás. A gente está recriando uma coisa que foi muito ruim no passado, com pessoas pedindo inclusive o fim da democracia no país. Temos um candidato hoje que é candidato a ditador, não é candidato a presidente. Acho que a gente também precisa combater esse tipo de coisa. A democracia pode ter os problemas dela, mas só com democracia que a gente re-arruma a casa e acha um rumo para tomar novamente e trilhar.
O senhor comentou do partido que não é nem de direita, nem de esquerda. Quando o partido foi fundado isso foi até motivação para que alguns filiados deixassem o partido por acreditar que essa definição reduzia a definição política. Essa ideologia vai refletir no mandato do senhor, caso eleito?Ideologias todos trazem. Ideologia é aprendida, ela vem de casa, vem da escola. Creio que nós estamos em um país muito plural. Somos a quinta população do mundo e achar que a gente faz política sem diálogo, sem ouvir o outro e limitar isso a questão ideológica é um grande erro e é o erro que nos trouxe até agora. A gente precisa de debate. Se você tem posições de esquerda, de direita, se você tem posições que sejam liberais, eu respeito todo mundo diante dessas posições dentro do debate democrático. O grande problema é a imposição, sou completamente contrário a isso. Morei em seis países, tenho um conhecimento de mundo razoavelmente para a minha idade muito bom, aprendi a respeitar a diversidade dos outros. A gente traz muitas coisas da nossa criação e a experiência que eu tive internacional me ensinou a respeitar. Acho que a gente só consegue ter uma agenda de país ouvindo todos os setores por que governar não é um cheque em branco para as pessoas fazerem o que querem. Governar, a gente tem que governar para todo mundo dentro de diálogo, de debate para construir uma sociedade e não desconstruí-la baseada em ideologia.
Quais outras bandeiras o senhor pretende defender se eleito?
Pretendo defender umas das maiores bandeiras que eu tenho é a redução do custo da política, mas mais importante, o custo do político. Um político custa muito caro. Eu estou concorrendo exatamente ao senado, o cargo mais caro da República. Se eu não me engano um senador pode ter até 61 funcionários. É um exagero, funcionários extremamente bem pagos, acho que a gente tem que utilizar, como eu disse no discurso das startup, a tecnologia para debater com a sociedade, sou favorável a uma democracia representativa, mas também a uma democracia direta. Acho que a gente tem que aproveitar para trazer as pessoas para o debate, todo mundo hoje tem um smartphone, consegue fazer uma transferência bancária pelo smartphone, a gente tem que aprender com isso para dar soluções para debater com as pessoas. Por isso que eu falo, não é possível que a gente por um viés ideológico coloque uma pauta, uma agenda para o país que não ouça os outros lados, acho que todo mundo tem que ser contemplado. Mandato não é cheque em branco, mandato é um mandato de oito anos no senado, nesse caso, para debater com a sociedade, com os empresários, com os trabalhadores. Vivemos em um processo hoje num governo federal, especialmente um presidente que não tem legitimidade nenhuma, que quer fazer reformas sem base popular e sem dialogar com a sociedade, dialogando somente com os grandes. Quem não consegue fazer lobby no Congresso acaba saindo fora do debate e isso não é democracia. Isso não funciona em nenhum lugar do mundo, nem nunca funcionou. Não é a idéia de país que nós temos.
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Além de reduzir o quadro de funcionários, tem alguma outra maneira que o senhor projeta para diminuir esses gastos que mencionou?
Sim. Duas maneiras. A primeira no exemplo. Uma equipe enxuta, com pessoas competentes, não somente partidárias. Com gente no Estado para ouvir a população, a base, com gente lá para trabalhar nas demandas que a gente tem, mas isso tem que ser institucionalizado. Trabalhar para que tenhamos leis que reduzam o gasto da política e do político. Auxílio paletó, auxílio moradia… um senador ganha quase R$ 30 mil e tem auxílio moradia. São todas essas regalias que a gente está combatendo. A gente teve agora por volta de dois ponto alguma coisa por cento de aumento para professores e para o STF que é o salário mais alto a gente teve quase 17% de aumento. É isso que eu estou dizendo, a democracia brasileira ela não dialoga com a população, ela não ouve os anseios da população e a gente não dá prioridade para o que é prioritário e fica aquela máquina parasitária, que está dentro do Estado e acaba se consumindo do Estado e tomando suas posições ali dentro para se auto alimentar. A gente tem que mudar o pensamento em relação ao Estado brasileiro, esse Estado inchado. Creio muito na participação popular. Quero junto com empresas de tecnologias, com universidades… Uma outra coisa muito importante, e nós estamos em Florianópolis, uma cidade que produz conhecimento e não utiliza o conhecimento. Acho que isso é muito importante para a política. Como é que eu tenho grandes universidades aqui que produzem conhecimento e isso não é utilizado. Ele fica em livro, a gente tem que tirar da universidade para colocar em prática e solucionar os nossos problemas.
Como o senhor, que é formado em Administração Hoteleira, acha possível melhorar o trade turístico do Estado?
Eu trabalhei nos três melhores hotéis do mundo, inclusive no melhor do mundo, que em Dubai, em setores gerenciais. Eu larguei o turismo quando eu voltei para SC. Santa Catarina tem um turismo caro, ineficiente. Nós não temos, por exemplo, respeito ao trabalhador turístico. Para ter uma noção um trabalhador no Ceará que começa no nível de recepcionista ele chega a ganhar quase três vezes mais do que um trabalhador aqui em Florianópolis. O grande problema, não só de Florianópolis e Balneário, mas tudo isso, é primeiro que o investimento fica restrito a duas cidades. A gente não pensa a questão da mobilidade e do transporte. Entra secretário, sai secretário de Estado e a gente continua investindo nas mesmas coisas de 30 anos que é buscar turista na Argentina, que ele venha de carro para encher nossas cidades. Isso está cada vez mais inviável. Florianópolis tem espaço limitado por natureza. Então a gente precisa de transporte, ferrovia, transporte moderno. A gente precisa trazer um turista de qualidade, que todo mundo pede, que é um turista que vem com dinheiro, mas a gente tem um potencial muito grande. Tem pessoas no Oeste que nunca viram o mar na vida. Tem que pensar no nosso próprio turista do interior, que ele tenha acesso ao mar, que ele volte aqui. Tem que tem turismo de vários segmentos, o mais popular, o de luxo e não somente o turismo caro que muitas vezes não dá serviço. Ele é somente caro para trazer pessoas e acabar separando as pessoas que podem pagar das que não podem para vir para cá.
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Como um senador pode atuar para SC receba mais dinheiro do Governo Federal?
Acho que o primeiro passo é mudar o entendimento do pacto federativo. Nós hoje mandamos quase sete vezes o que a gente tem de retorno aqui. Essa é uma questão a ser muito debatida. Acho que a gente só vai conseguir efetivamente trazer mais recursos para cá, que são recursos gerados, importante frisar isso, os recursos são gerados no nosso Estado, quando tivermos um pacto federativo e isso passa através de reformas. As propostas de reformas têm que partir tanto da Câmara, quanto do Senado. Eu quero ser um senador reformista, que vai propor novas modalidades e um novo modo de distribuir o dinheiro produzido no Brasil. Obviamente a gente conta que Marina Silva vá para os segundo turno e ganhe as eleições, o que facilitaria ter um senador ligado a ela, mas isso é muito pobre num olhar político. Não pode pensar que se esse é amigo do rei, então ele ganha mais, do mesmo jeito os que livraram o Michel Temer e ganharam mais somente no toma lá, dá cá. Temos que mudar o pacto federativo. Não dá para ficar fazendo proposta, dizer que vai lutar por isso e chegar lá e fazer a mesma coisa. Tem que chegar lá para mudar no cerne da questão e ele é o Pacto Federativo.
Nesse sentido, como seria possível eliminar a corrupção hoje no legislativo?
Simples, acabando com o toma lá, dá cá. Com uma reforma política votada pela população. Os que estão lá acabaram de fazer a Reforma Política feita pelo Cunha, hoje eu tenho a candidata que praticamente ganha em todos os cenários no segundo turno e tenho sete segundo de televisão. Sou praticamente inexistente. A reforma política tem que ser votada pela população e temos que acabar com o custo do político. Político e política custa caro e as eleições custam caríssimo.
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