Ex-presidente da CDL Jovem de Joinville e vice-prefeito na gestão passada do governo Udo Döhler, o vereador Rodrigo Coelho (PSB), 36 anos, chega ao Legislativo pela primeira vez disposto a inovar. Uma de suas propostas é contribuir para a geração de empregos, seja desburocratizando processos para abertura de empresas, seja oferecendo cursos de qualificação para trabalhadores em entidades parceiras. Viver de forma intensa o cotidiano da cidade e auxiliar as pessoas mais simples também estão nos planos.
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Qual será o primeiro projeto que o senhor pretende apresentar na Câmara?
– Temos como grande bandeira a desburocratização do serviço público, principalmente na questão de abertura de empresas, pequenos negócios e startups. A geração de empregos também é uma preocupação, já que, nos últimos 12 meses, 12 mil pessoas perderam o emprego em Joinville. Muitas pessoas querem montar seu próprio negocio e encontram dificuldades em relação a isso. Estamos realizando o estudo dessas leis. Em alguns casos, vamos ter de apresentar um projeto de lei, mas, em outros, a revogação de algumas leis pode ser solicitada, pois muitas delas acabam dificultando e amarrando a liberação de alvarás e licenças ambientais da Vigilância Sanitária e assim por diante. Apesar de a Câmara ser uma casa de leis, nem sempre a quantidade ou propositura de leis beneficia o cidadão. Às vezes, a revogação de algumas delas traz um benefício maior. Tem leis para tudo nesse País. O sistema se torna muito burocrático. A pessoa que quer abrir um negócio tem que gastar seu tempo para vender, para produzir ou para fabricar e não para passar pela burocracia dos órgãos públicos. Quero focar na geração de empregos. Saúde, educação e segurança pública sempre serão problemas, mas a crise é geral e as pessoas têm de se virar. Infelizmente, nem todos terão a possibilidade de voltar a ter carteira assinada no curto prazo e terão de abrir seu próprio negócio. O foco é facilitar a geração de emprego e qualificar as pessoas em parceria com a CDL e a Ajoperme. O Sebrae também pode ajudar com a capacitação de gestão e a educação financeira.
O senhor vem de uma experiência de quatro anos no Executivo e agora migra para o Legislativo. É uma mudança muito grande?
– É uma mudança enorme, da água para o vinho. No Executivo, as coisas andam mais rápidas, você executa, apesar das limitações do vice. Eu estava na Fundação Cultural, dava uma ordem e, no dia seguinte, ela se cumpria, obedecendo ao processo licitatório e à burocracia que tem o serviço público. No Legislativo, você faz o meio-campo, propondo melhorias aos pedidos do Executivo. Creio que a experiência no Executivo e a formação em direito vão ajudar muito, mas não propondo projetos inconstitucionais ou que gerem ônus por saber das limitações financeiras que a Prefeitura tem e o que pode e o que não pode ser feito. Nos últimos anos, alguns vereadores propuseram projetos que não tinham amparo legal.
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O senhor integra um partido (PSB) que não faz parte da base governista. Pretende atuar como oposição?
– Como vice-prefeito (entre 2013 e 2016), nunca critiquei o prefeito Udo (Döhler), nem as decisões que aconteciam na Prefeitura, mesmo discordando de algumas, como a mudança do trânsito no Mercado Público. Acho que aquilo está errado, mas nunca fui à imprensa criticar por ser vice-prefeito e não achar bacana essa postura. Não queria criar atrito. Agora, como vereador, tenho mais autonomia para falar o que penso. O PSB faz questão de manter essa independência, não só por questões políticas, ideológicas e eleitorais que foram desenhadas no ano passado e que permanecerão pelos próximos anos, mas porque nos dá liberdade para votar pontos da reforma a favor e também contra. Essa independência serve para expor o que pensamos. Não somos oposição. Vamos sempre analisar o que for melhor para a cidade.
O eleitor deixou claro nas últimas eleições que queria mudanças. Como o senhor interpreta o resultado das urnas?
– Mais do que renovar pessoas, tem que renovar atitudes, comportamento e o modo de fazer política. Apesar de ter novos nomes, alguns vêm com práticas e defeitos que não condizem com essa nova política que se exige, não só de ética, de correção, de zelo com o dinheiro público, mas, principalmente, de comprometimento, de trabalho. Tem que pensar a longo prazo e olhar não apenas para o próprio umbigo ou para o próprio bolso. Fazer da carreira política a sua razão de ser. Vejo isso com bons olhos, e mais pessoas deveriam ter esse comportamento. É importante também que o eleitor cobre e veja se o vereador está cumprindo com o que prometeu.
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Que mensagem o senhor deixa para o seu eleitor? O que ele pode esperar pelos próximos quatro anos?
– Pode esperar muito trabalho e seriedade. É o mínimo que se exige de um político. Podem contar comigo para o que precisar, não só no gabinete, mas também nas redes sociais. Estarei atendendo em um gabinete móvel que pretendemos criar, visitando os bairros, pois muitos não têm condições de vir ao Centro ou acessar os meios de comunicação. Quero ser a voz das pessoas que não têm voz, pessoas simples, necessitadas. Tive votos em todos os bairros, até no Profipo, um lugar onde não esperava. Então, a responsabilidade aumenta. Sou vereador da cidade toda e estou preocupado com as regiões carentes. Vou pensar nos grandes temas, na questão do emprego, no abastecimento de água e na segurança. Não quero ficar só no varejo, atendendo a pedidos de tapar buracos. Temos de pensar na cidade do futuro.
Perfil
Nome completo: Rodrigo Coelho.
Local de nascimento: Joinville.
Estado civil: casado.
Idade: 36 anos.
Grau de instrução: superior.
Formação: advogado com especialização em direito previdenciário.
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* O colunista Jefferson Saavedra está de férias e volta a escrever neste espaço no dia 9 de fevereiro. Sugestões de notas e reportagens no período de ausência do colunista podem ser enviadas para o jornalista Jean Balbinotti pelo e-mail jean.balbinotti@an.com.br ou pelo telefone (47) 3419-2147.