Sofia Albuquerck, de 19 anos, é uma das gêmeas que passou por uma cirurgia de mudança de sexo em Blumenau. Ela e a irmã, Mayla Phoebe de Rezende, se recuperam do procedimento feito na quinta-feira (11). Em entrevista para o G1 Santa Catarina, Sofia contou sobre os próximos passos e como imagina que será o futuro.

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— Quero deixar meu legado, ajudar pessoas. Não adianta eu ter chego até aqui e achar que acabou. Como cidadã, eu ainda tenho muita coisa a fazer — contou a jovem.

A garota é estudante de Engenharia Civil e pensa em abrir a própria empresa depois de concluir a graduação. As duas são de Tapira, no interior de Minas Gerais e devem retornar para casa até o fim do mês de fevereiro. Elas ainda estão sendo monitoradas por uma equipe médica.

As irmãs nasceram com o sexo biológico masculino e discutiam a transição para o feminino desde antes da maioridade. As gêmeas sabiam da possibilidade de fazer o procedimento desde criança. Elas passaram pela mamoplastia ano passado, quando fizeram o implante de próteses de silicone.

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Sofia conhece bem os desafios que ela e a irmã enfrentarão a partir de agora. A transfobia é um deles.

— Espero de coração que acabe isso e que as pessoas comecem a ter mais empatia e compaixão por pessoas como a gente. Que empreguem mais pessoas como a gente, que abram mais portas […] a gente merece ser feliz — afirmou a jovem

A cirurgia

O procedimento de mudança de sexo foi feito em Blumenau com atendimento particular. Quem pagou pela cirurgia e ajudou a arcar com as despesas foi o avô, que vendeu uma casa para conseguir o dinheiro para ver a felicidade das netas.

Sofia foi operada na quinta-feira e Mayla na quarta (10). A mãe acompanhou as duas, mas já retornou para Minas Gerais.

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A cirurgia de mudança de sexo é ofertada também de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde. No entanto, dos cinco hospitais públicos que prestam o serviço, nenhum deles fica em Santa Catarina e a espera no país para iniciar o processo pode levar até cinco anos.

— Tem gente que não tem condições de pagar a cirurgia. Tem gente que se prostitui. Eu fico com pena dessas pessoas porque elas não tiveram a mesma oportunidade que eu tive de ter uma casa para vender e conseguir fazer a cirurgia. Acho que tinha que ser mais fácil para as pessoas conseguirem os seus direitos — conclui Sofia.

Com informações de Carolina Fernandes, G1 SC