Marciléia Izabel Pereira tem 48 anos, é professora e diretora de escola em Florianópolis e faz parte do grupo de mais de 650 mil catarinenses infectados pelo coronavírus em Santa Catarina desde o início da pandema.

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A seguir, você confere o depoimento de Marciléia sobre a luta dela e da família contra o coronavírus:

Chamo-me Marciléia e me orgulho de fazer parte de uma família a qual denominamos “Os Pereira”, mas sinceramente acho que poderíamos carregar o sobrenome de “União”, pois somos o próprio sinônimo dessa palavra. E olha que quando vivemos em um grupo com 59 integrantes, uma matriarca, os filhos, genros, noras, netos e bisnetos, muitas vezes as opiniões se divergem e os conflitos surgem.

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Em 2020, nossa rotina foi quebrada por um invasor invisível aos olhos, sagaz e agressivo que veio para tentar acabar com a essência de nossa família. Sem que entendêssemos muito o que se passava veio o isolamento social, tristeza, saudades, incertezas, medo… uma mistura de sentimentos.

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Infelizmente ficamos à mercê do implacável matador, e mesmo nos cuidando fomos atacados sem piedade: 48 de nós já enfrentaram o coronavírus. O primeiro foi meu marido, o qual travou a guerra já no início, em março de 2020, onde ficou por 12 dias hospitalizado, sendo oito deles na UTI. Outros 45 membros da família, inclusive eu, lutaram e venceram a batalha, em casa.

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O tempo passou e quando pensávamos que tínhamos vencido a guerra, o vírus volta e mais uma integrante da família precisa de internação. No entanto, como fosse pouco, tenta, agora, nos tirar o que temos de mais precioso, a nossa matriarca, Terezinha, 81 anos. Nossa guerreira luta incansavelmente pela vida desde o dia 19 de fevereiro, onde deu entrada na UPA de Forquilhinhas, em São José, e lá permaneceu até o momento da transferência para um leito de UTI no Hospital Regional de São José.

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A gente sabe que a luta não terminou, mas só está sendo possível graças equipamentos e equipes de excelência que trabalham na linha de frente. Nestes momentos a gente percebe o quanto é importante uma cidade, um Estado investir em saúde. Em tempos de pandemia, a exaustão emocional é mais presente do que nunca. Ver um ente amado correndo risco de vida é desesperador para as famílias. Receber um tratamento humanizado por parte dos profissionais é confortante.

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Sentimos isso todas as vezes que nossa família precisou do sistema de saúde. Lembro que, momentos antes da minha mãe ser transferida para o hospital, catei uma caneta e um folha de papel para deixar um bilhete aos profissionais da saúde. Quis agradecer pela equipe que se dedica dia e noite para salvar vidas.

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Quem passa por esta experiência não esquece da atenção e carinho recebidos, o qual se estende do vigilante, passando pelas recepcionistas, técnicos, enfermeiros, médico responsável.

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