Poderiam dizer que Fabio Bartelt é um cara de sorte. Aos 38 anos, o fotógrafo catarinense já é um dos nomes requisitados do país, além de viver um conto de fadas com a belíssima Carol Trentini, ícone do mundo da moda, e ser pai de Bento, um doce menino ruivo de dois anos que mais parece saído de um comercial de marca infantil gringa. Mas Fabio, na verdade, só colhe os louros da temperança, da extrema dedicação e da personalidade sempre pacífica, mantida mesmo nos sets mais estressantes e estrelados da profissão.

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O sucesso do fotógrafo é fruto também da coragem de deixar Itajaí bem jovem ao lado do irmão, Anderson Baumgarten, com pouco mais do que um sonho e a paixão pela beleza e a moda. É também resultado da ousadia de, depois de sete anos preparando new faces em agências de modelos, investir numa paixão incipiente e bater na porta do renomado fotógrafo Jacques Dequeker pedindo vaga de assistente ao invés de assumir sua cadeira de sócio na agência que o irmão montava (e que viria a se transformar na bem-sucedida Way Models). Uma trajetória cheia de acertos ao lado de Carol, que compartilha com Fabio o desejo de uma vida simples, perto do mar, onde os filhos possam ser criados com os pés na areia.

_ Eu amo Santa Catarina. Pretendo morar aqui. Se eu fazia bate e volta de NY para SP, por que não posso fazer daqui? A gente pensa em vir o mais rápido possível, ainda mais agora com o segundo filho. Queremos crianças com o pé na areia e não na selva de pedra _ contou Fabio em um papo com a coluna durante a estreia da exposição my #F_ingers, a primeira de sua carreira, na última segunda, no hall do Marina Beach Towers, em Balneário Camboriú.

Início

Eu e o Anderson sempre tivemos esse gosto por moda. Começamos a trabalhar em Itajaí em agência de modelos e logo depois fomos para São Paulo, para uma agência maior (Marilyn). Eu ficava no departamento de new faces, preparando-as para o mercado. Pegava as meninas cruas e pensava, por exemplo, que cabelo ficaria bom para elas. Também tirava as fotos e mandava para os clientes, comecei com as polaroides, mas fui querendo melhorar o resultado, pensando na melhor luz, ângulo, e fui criando esse gosto pela fotografia. Eu olhava para as fotos das meninas que tinham ido para fora e pensava: ¿Pô, a Carol, aquela menininha, nessa produção toda, como podemos fazer isso¿. Me apaixonei por fotógrafos como o Steven Meisel, que fez muitas fotos da Carol, e comecei a estudar. Quando o Anderson estava saindo para abrir a Way, há quase 10 anos, eu pensei: ou eu vou junto ou vou atrás da minha paixão. Aí liguei pra um amigo (o fotógrafo Jacques Dekequer) e perguntei: tá precisando de um assistente? Eu não sabia nada de fotografia, mas fui muito persistente, não deixava passar nada, queria entender tudo daquele universo Ele foi muito paciente, foi a minha escola técnica.

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Primeira oportunidade

O Paulo Martinez era editor da FFWMag e me fez uma proposta que nenhum outro fotógrafo mais experiente havia topado: fazer fotos para a edição da Mag Alemanha que depois seriam pintadas. Ninguém renomado queria ter as fotos ¿estragadas¿, mas eu topei. Eles gostaram tanto que mais da metade das fotos ficaram sem as pinturas. Na próxima revista, fiz a matéria principal e na seguinte, a capa. Aí o Jacques olhou a capa e me disse: ¿não tem mais como tu seres meu assistente¿. Depois disso, que fiz umas seis ou sete capas da Mag seguidas. O Paulo Martinez foi meu padrinho.

Diferencial

Acho que meu diferencial é a estética e a beleza. Por ter trabalhado em agência, acho que eu persigo isso. Não consigo deixar uma foto sem que tenha uma beleza, se a modelo não tá linda. Acho que é por isso que eu fotografo muitas atrizes e elas adoram, eu me preocupo em deixá-las bonitas.

Moda e mercado

O Brasil tá ficando muito comercial. É difícil conseguir tirar esse olhar comercial e partir para uma coisa mais de moda na fotografia. Nas grandes revistas tem sempre uma planilha que a gente tem que seguir e brigamos contra isso em nome de um olhar de moda. Esses tempos que estava fazendo um editorial da Vogue com um editor de renome, e eu defendi uma imagem que estava linda. Ele foi contra e justificou: ¿isso aqui tá muito moda e moda não vende¿. Estamos numa situação que vamos ter que ir para revistas mais conceituais para mostrar nossa visão ou partir para algo autoral, feita com recursos próprios.

Sonhos

Com a história da exposição, me dá um desejo de fazer uma coisa mais autoral, mais virada para arte. A ideia da exposição nem surgiu de mim, foi um convite da Nathalia (Mendes, diretor da construtora Mendes Sibara) e da Helena (Neckel, galerista e curadora) mas agora que a mostra saiu eu estou muito empolgado. Já recebi proposta de outros lugares para viajar com as fotos.

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SC

Eu amo, pretendo morar aqui. Como a gente tem essa liberdade, podemos estar aqui e sair para trabalho em SP. Eu fazia isso de NY, em nove horas, pode posso fazer isso daqui em 40min. A gente pensa em vir o mais rápido possível, ainda mais agora com o segundo filho. Queremos filhos com o pé na areia e não na selva de pedra.

Vida simples

A gente gosta muito de culinária, de visitar restaurantes diferentes e de assistir filmes. Somos muitos caseiros, gostamos de juntar amigos. Odiamos festas e fugimos de badalações.

Serviço

O quê: Exposição fotográfica my #F_ingers, por Fábio Bartelt

Quando: até 08 de março

Onde: Galeria Helena Neckel, Hall do Marina Beach Towers, Balneário Camboriú

Endereço: Rua 3700, nº 425

Visitação: de segunda a sábado, em horário comercial. Para grupos, é necessário agendamento prévio pelo (47) 3264-8717