A Notícia – Como foi o desempenho da categoria no ano passado em Joinville?

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Santos – O nível de emprego estava em alta até 2014. Em 2015, foi bem diferente. Ruim mesmo. Foram muitas as demissões no setor.

AN – Como agiu o sindicato?

Santos – Discutimos com os empregadores alternativas de flexibilização de contratos de trabalho via banco de horas e compensação de jornada. Fizemos isso com as empresas joinvilenses, como também com as de São Bento do Sul, que é a nossa base de atuação sindical.

AN – Na sua avaliação, qual é o tamanho da crise atual?

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Santos – A crise de 2015 e de 2016 é mais grave do que a que ocorreu entre 2008 e 2009. A crise daquela época foi uma “marolinha” se comparada com a de agora. A crise econômica é enorme por causa da crise política.

AN- Como serão as negociações sindicais neste ano?

Santos – Serão muito difíceis. Vamos fazer negociação bem responsável e olhar para os aspectos sociais também. Conseguir cláusulas novas no aspecto social. Ganhar percentuais de ganhos financeiros de reajuste será bem complicado. A meta é buscar o ganho real. E não vamos abrir mão da reposição da inflação, pelo menos. O empresário tem de compreender que sem reajustes de salário, não haverá consumo. A negociação será no mês de abril.

AN – Que fatores serão analisados nas negociações?

Santos – Queremos recompor o poder de compra. Manter segurança do trabalho nas fábricas é prioridade na discussão de cláusulas sociais. Saúde do trabalhador e PPR (programa de participação nos resultados) também nos interessam. Das 300 empresas que compõem o nosso segmento, apenas seis pagam PPR.

AN – O que falta trazer de benefícios para Joinville que já existe na categoria em São Paulo?

Santos – A licença-maternidade de 180 dias é um ponto importantíssimo a incluir no acordo coletivo.

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AN – Como o sindicato trabalha para melhorar a qualificação dos trabalhadores?

Santos – Há duas grandes dificuldades aí. O salário é muito baixo e o custo de se fazer cursos é desproporcionalmente alto. O Senai oferece pouco. E outro problema é que o próprio trabalhador não pede isso ao sindicato. Eles querem salários, médicos, assistência social, nesta ordem de importância. O trabalhador não pensa em aprendizado continuado como regra.

AN – Quantos associados tem o sindicato hoje?

Santos – Aproximadamente 2,6 mil associados. Já tivemos 12 mil. E, há dez anos, éramos 20 mil. Isso no tempo das “vacas gordas”. De lá para cá, empresas como Busscar, Crisma, Mondaí e Usinagem Boa Vista enfrentaram crises e, até em alguns casos, tiveram o fim das operações. Muita gente foi parar em atividades fora do ramo por causa dessa situação.

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