Daqui a duas semanas, o novo terminal do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, em Florianópolis, estará oficialmente aberto para voos. O primeiro avião deverá sair às 4h no dia 1º de outubro, com destino a Guarulhos (SP). Há questões a serem resolvidas, que dependem das autoridades locais. Porém, as pessoas que estavam (mal) acostumadas com a estrutura precária do atual terminal já tiveram uma experiência diferenciada durante os três dias de testes feitos antes do início das operações nas novas instalações.
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De forma exclusiva, a NSC entrevistou Tobias Markert, CEO da empresa que ganhou a concessão do aeroporto por 30 anos. O suíço revelou detalhes sobre o complexo, tão aguardado quanto a ponte em reforma que também recebe o nome do ex-governador catarinense. Novidades como um boulevard e um terraço panorâmico – projetos que foram idealizados apenas este ano – pretendem criar um novo conceito para terminais brasileiros, além de dar à "Capital Turística do Mercosul" um lugar apropriado para passageiros não se amontoarem em filas e para visitantes serem melhor recebidos.
Gostaria que você nos contasse sobre a importância do "Trial Day". Foram três sábados, e o último grande teste ocorreu recentemente.
Foi bom, nós tivemos mais de 1.000 pessoas envolvidas. Pudemos convidar alguns dos que serão nossos futuros passageiros. O teste foi muito importante porque é a última vez em que todos os sistemas estão trabalhando juntos, de forma integrada, antes da inauguração. Claro que já testamos e sabemos que funcionam, mas outras áreas, como as companhias aéreas, puderam verificar os equipamentos. Todos os aeroportos fazem este "Trial Day". Assim, temos certeza que estamos prontos para o dia 1º de outubro. Ainda há licenças finais que precisam ser expedidas pela prefeitura e pela Anac, então ainda não podemos aterrissar aeronaves na nova pista. Teremos esses documentos ao longo dessas duas semanas, sem problemas.
A informação do jornalista Anderson Silva é de que o acesso ao aeroporto de Florianópolis será inaugurado sem iluminação. Acredita que isso pode atrapalhar, principalmente para quem for ao terminal à noite?
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Eu não acredito que isso seja um problema, mas espero que tenhamos a iluminação na rodovia o mais rápido possível. Com o Boulevard 14/32, nós estamos tentando fazer o aeroporto um "place to be", um lugar onde as pessoas queiram ir e curtir. Para isso, o acesso é fundamental, para que as pessoas sintam-se também confortáveis enquanto se deslocam até o aeroporto. Também haverá uma ciclovia e, desta forma, é ainda mais importante que tenhamos uma iluminação apropriada. Espero que esta situação se resolva, e que as luzes sejam instaladas tão logo possível.
Você teve contato com as pessoas durante estes três dias de testes. Qual foi o impacto para elas?
Eu acho que essa é uma pergunta interessante. Vi vários rostos felizes, pessoas animadas. A palavra que eu mais ouvi foi "finalmente" (risos). Então, creio que a expectativa é grande. Acredito que essa nova infraestrutura é apropriada para Florianópolis. Nós temos a capacidade para dar um grande salto no turismo. Santa Catarina tem muito a oferecer. Com o aeroporto antigo, não tínhamos uma porta de entrada adequada e nem deixávamos uma boa impressão para quem vinha visitar a cidade. Já com o novo terminal, estou certo que as pessoas terão orgulho dele. Não só como passageiros, mas também para aproveitar o boulevard e o terraço panorâmico, que é o único no Brasil até o momento. Ele fica no topo do terminal e é gratuito para qualquer pessoa. Elas podem apreciar a vista, ficar próximas das aeronaves. Espero que se torne um novo destino em Florianópolis, para aproveitar os fins de semana.
A palavra que eu mais ouvi foi "finalmente", Tobias Markert, durante o último Trial Day
É comum termos um terraço como esse, para ver o pouso e decolagem das aeronaves, em outros aeroportos pelo mundo?
Não é tão comum. Alguns terminais na Europa possuem o terraço. Já estamos acostumados porque o nosso aeroporto em Zurique (na Suíça, país da empresa que administra o Aeroporto Hercílio Luz) possui um. Acho que é algo que acrescenta à experiência, um lugar para onde as pessoas não se desloquem apenas para viajar, mas também ir às lojas. Nós estamos felizes em trazer marcas que ainda não estavam presentes em Santa Catarina, como a Starbucks (maior rede de cafeterias no mundo). Ao mesmo tempo, 50% de nossas lojas são de marcas locais, o que vai criar algo que chamamos "senso de lugar". É muito triste quando as pessoas vão ao aeroporto e é tão somente um prédio como tantos outros no mundo. Eu adoraria que este aeroporto tivesse uma identidade, que seja possível sentir a "aura" de Santa Catarina.
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Seria possível comparar o aeroporto de Zurique com o de Florianópolis?
Tomara que ninguém de Zurique esteja lendo isso (risos). Eu acho que Zurique tem um grande aeroporto, mas é um pouco chato. Em Florianópolis, será um grande aeroporto e também divertido. Teremos muitas coisas aqui. O boulevard é, basicamente, um espaço de eventos. Nós teremos uma equipe que vai preparar várias atrações todo fim de semana. Sempre terá algo acontecendo no complexo. Teremos o terraço, concertos, exposições, tours para crianças etc. Ele terá muito mais movimento. Eu não estou criticando Zurique. Lá, isso é natural, trata-se de um aeroporto voltado para business. Há ótimas oportunidades de negócio em Florianópolis, mas também turismo e outros atrativos. Estamos tentando ser mais diferentes, mais "loucos", mais divertidos.
Que outras coisas as pessoas vão encontrar para que percebam que não está em um aeroporto como os outros, com identidade de Florianópolis e Santa Catarina?
Focamos bastante em usar materiais e cores que a gente encontra em Florianópolis. Nós tivemos um arquiteto excelente, de São Paulo. Um dos marcos do terminal são os grande painéis na fachada, nas cores laranja, amarelo e vermelho. Ele produz este tom "quente" do aeroporto e dá uma impressão de uma sensação aconchegante. A madeira usada nos setores de check-in e no hall de embarque. Acredito que há uma sensação de "localismo" em muitas coisas na estrutura. O boulevard ainda não está concluído, mas a paisagem já está pronta, e foram usadas árvores locais. A parte mais importante virá das marcas locais, principalmente com as lojas de souvenir e de alimentação. Acho isso muito importante.
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"Tentamos ser mais diferentes, mais 'loucos', mais divertidos", Tobias Markert, CEO da Floripa Airport
E sobre os estabelecimentos que está sendo montados em torno do novo aeroporto?
Claro que, no aeroporto antigo, havia vários estacionamentos pagos nas proximidades porque o espaço dentro do complexo não dava conta da demanda. No novo complexo, há espaço mais do que suficiente. Eu não sei se essas empresas vão ampliar suas estruturas, mas uma importante mensagem é que nós revisamos os nossos preços do estacionamento, e queremos que eles sejam atrativos para o público. Nós vamos cobrar R$ 12 pela primeira hora, mas será gratuito nas três horas seguintes. Assim, as pessoas vão poder aproveitar por quatro horas pagando R$ 12 pelo estacionamento.
Como serão os eventos no próximo dia 28, com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PSL), e no dia 29, com portões abertos para a população conhecer a estrutura?
Acredito que será bem interessante. No dia 29, teremos a Camerata Florianópolis executando o Hino Nacional Brasileiro e tocando com a banda Dazaranha ao vivo de graça para quem adquirir a entrada. Também terá uma artista suíça com um instrumento típico do país executando o hino da Suíça. Infelizmente, precisaremos limitar a quantidade de público no dia 29. Nos próximos dias, vamos publicar os detalhes nas nossas redes sociais e liberar as inscrições para quem quiser comparecer no evento. Não sabemos ainda a quantidade possível, depende do aval dos Bombeiros, mas deve ficar em algo de 2 mil pessoas.
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Qual mensagem você pode transmitir às pessoas sobre este novo aeroporto?
A mensagem é muito simples. Lembro que, na minha primeira entrevista coletiva aqui, em 2017, eu disse algo bem ousado: que todos tivessem orgulho do novo aeroporto. Queremos que a população de Florianópolis – e de Santa Catarina – venha conhecê-lo, e que realmente sinta-se orgulhosa. Senão, é possível mandar um feedback através de nossas redes sociais. Temos 28 anos para mudar, se for necessário. Estamos convencidos de que é uma grande estrutura, mas sabemos que, afinal de contas, o aeroporto é para os usuários, então queremos a opinião deles.
