Forças quenianas e israelenses libertaram diversos reféns e ocuparam na noite de domingo a maior parte do shopping em Nairóbi atacado no sábado por um grupo islâmico somali que matou 68 pessoas e que seguia entrincheirado no local.
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– A maioria dos reféns foi resgatada e as forças de segurança assumiram o controle de quase todos os pontos do prédio – informou o Exército queniano no Twitter.- Todos os esforços estão sendo feitos para acabar rapidamente com este assunto.
Segundo a Cruz Vermelha, o ataque do grupo somali ‘shebab’, ligado à Al-Qaeda, deixou 68 mortos e 175 feridos, incluindo muitos estrangeiros, no shopping Westgate.
Forças especiais israelenses que chegaram neste domingo apoiam os militares e policiais quenianos, disse à AFP um oficial, que pediu para não ser identificado.
A operação final teve início à noite, mais de 30 horas depois do ataque ao shopping por um grupo de homens encapuzados, que entrou disparando com armas automáticas e lançando granadas contra clientes e funcionários. Mais cedo, o ministro do Interior, Ole Lenku, revelou que “entre 10 e 15” terroristas continuavam no shopping com reféns.
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Um policial advertiu que o número de mortos pode aumentar a julgar pelos corpos vistos dentro do shopping:
– Há mais mortos no interior e alguns criminosos seguem armados, lançam granadas e disparam contra a polícia.
Segundo a ministra encarregada dos franceses no Exterior, Hélène Conway-Mouret, os terroristas “executaram todos que estavam em seu caminho”. “Entraram no shopping para matar, para provocar o maior número de vítimas”.
As duas francesas – mãe e filha – mortas no ataque “foram covardemente atacadas, executadas no estacionamento do shopping quando chegavam para fazer compras”, declarou Conway-Mouret ao canal de televisão BFM-TV.
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O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, declarou que seu sobrinho e a noiva dele estavam entre as vítimas fatais do ataque.
– Não poderão escapar das consequências de seus atos desprezíveis e brutais – disse Kenyata em um emotivo discurso à nação. – Castigaremos os autores intelectuais” deste ataque – garantiu.
O médico peruano Juan Jesús Ortiz, ex-vice-diretor do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Quênia, figura entre os falecidos, informou neste domingo a chancelaria peruana.
Ortiz, de 63 anos, estava no shopping com a filha, que ficou ferida e recebeu atendimento médico, disse a fonte. Ortiz trabalhava como consultor internacional da Unicef e do Banco Mundial em saúde pública em Nairóbi, onde vivia há anos.
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O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou que o ataque foi um ato completamente reprovável.
– Este ato premeditado, que ataca civis indefesos, é totalmente reprovável. Os autores devem ser conduzidos à justiça o quanto antes – lamentou.
Três britânicos, uma holandesa, um sul-africano, uma sul-coreana e dois indianos, além do famoso poeta ganês Kofi Awoonor, estão entre os mortos.
A porta-voz do departamento de Estado Marie Harf informou que “um certo número de americanos estava no shopping Westgate no momento do ataque e cinco ficaram feridos, mas não há registro de óbitos” entre cidadãos dos EUA.
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Muitos soldados com capacetes e coletes à prova de balas, alguns com lança-granadas, foram mobilizados nos arredores do centro comercial.
Clientes e funcionários do shopping, traumatizados e presos por longas horas no estabelecimento, saíram na noite de sábado em pequenos grupos à medida que avançava a lenta e prudente operação das forças de segurança.
Os feridos e os corpos das vítimas já recolhidos foram transferidos pelos serviços de emergência.
Este centro comercial, aberto em 2007 e com uma participação de capital israelense, tem restaurantes, cafés, bancos, várias salas de cinema e um grande supermercado, onde no sábado muitas famílias faziam compras.
As empresas de segurança mencionavam regularmente o Westgate Mall, que atrai milhares de pessoas, como possível alvo de grupos relacionados à Al-Qaeda.
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Os ‘shebab’ reivindicam o massacre
Na noite de sábado, o grupo somali shebab, vinculado à Al-Qaeda, reivindicou através do Twitter o massacre e afirmou que a operação era uma represália contra a intervenção das tropas quenianas na Somália, ressaltando que “preveniram o Quênia em diversas ocasiões”.
– A mensagem que enviamos ao governo e à população quenianos é e será sempre a mesma: retirem todas as suas forças de nosso país.
As Forças Armadas quenianas entraram na Somália em 2011 e desde então mantêm sua presença no sul do país no âmbito de uma força africana multinacional que apoia o governo somali em sua luta contra os shebab.