A relação com a gastronomia pode ir muito além do sabor que ela proporciona ao provar um prato apetitoso. Isso porque a culinária também é capaz de despertar diferentes sentimentos e emoções nas pessoas. É o que mostram os três finalistas de mais esta categoria do Prêmio Viva Blumenau de 2023. Com história, valorização da cultura e inclusão, eles garantem que as receitas tenham “ingredientes” que não se encontra em qualquer lugar.
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É o caso da Rota da Gastronomia Alemã, que foi uma das indicadas para a premiação. A ideia de relacionar memórias com as refeições típicas fez com que a Secretaria de Turismo da cidade iniciasse uma nova proposta. O objetivo é oferecer aos moradores e turistas a oportunidade de conhecer as tradições de Blumenau através dos pratos.
— A rota da gastronomia alemã tem sua essência na comida afetiva. Nas receitas passadas de geração em geração. Na comida da Oma. Não há uma família tipicamente blumenauense que não aprecie a cuca, a linguiça ou o chucrute. Nas nossas pesquisas sobre imigração nós identificamos hábitos e costumes alimentares das famílias que, posteriormente, passaram a fazer parte dos cardápios dos restaurantes das cidades — conta a coordenadora de Marketing da Rota, Emanuele Andrade.
Desde abril, sete restaurantes da cidade se uniram e abraçaram essa ideia. Com a ajuda da prefeitura, foi possível unificar, capacitar, ajudar a escolher um prato e dar destaque a ele dentro de um “percurso” organizado.
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Hoje, tudo o que está na rota tem um motivo. Representa uma cultura e mostra o quanto a gastronomia de Blumenau é abrangente e de qualidade.
— Que aumente o número de restaurantes, que aumente o número de pratos, que o cardápio da rota seja cada vez mais rico e que as pessoas possam sentir, conhecer a nossa tradição, a nossa cultura através dos pratos — finaliza Emanuele.
Inclusão como propósito
Além de reforçar tradições e lembranças, um outro estabelecimento de Blumenau provou que a culinária pode virar, ainda, um projeto social. A partir do desejo de entregar algo com um propósito forte para a cidade, surge uma cafeteria que une o sabor à inclusão.
— A gente iniciou o projeto em 2017, era um projeto de voluntariado, mas já tinha esse olhar, essa visão de que a partir do voluntariado a gente poderia criar essa empresa do zero, junto com as pessoas com deficiência intelectual. Aí nasceu a ideia da cafeteria — comenta o empresário Giórgio Cinestre.
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Com esse propósito em mente, eles foram atrás de profissionais com síndrome de down em diferentes estados, que atuaram como consultores. Ao longo do tempo, as comidas passaram a ser feitas na própria cozinha do estabelecimento, pelos funcionários que receberam capacitação.
Atualmente, há voluntários e contratados. Pessoas sem e com síndrome de down. Jussara e Leandro, por exemplo, trabalham no atendimento à comunidade uma vez por semana e também na produção de alimentos.
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Quando Giórgio questiona se a funcionária gosta do trabalho na cafeteria, Jussara não hesita em dizer que está lá para colocar “a mão na massa”, como ela mesma comenta. Também não são necessárias muitas palavras para definir o sentimento de genuína felicidade pela trajetória que ela constrói ali. O sorriso da funcionária já demonstra isso por si só.

Tradição que ultrapassa as fronteiras de Blumenau
Quem é de Blumenau e região também já ouviu falar de algum tradicional pão com bolinho, iguaria que costuma fazer sucesso em outros locais. Isso porque a gastronomia tem a ver, ainda, com identidade.
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Na cidade do Vale do Itajaí, a referência na produção da receita é a Benkendorf, padaria que fica entre a Itoupava Seca e o bairro Victor Konder. Depois de ser criada em 1958, a Dona Gisla — fundadora do local — decidiu fazer uma viagem até São Paulo para comprar uma chapa e fazer X-salada.
Foi aí que os próprios clientes sugeriram que a padaria usasse o acessório de cozinha para produzir também o bolinho, como conta Isabeli da Silva, gerente da padaria.
— Eles solicitaram que fizesse o bolinho na chapa. Se era possível fazê-lo na chapa com manteiga. E aí foi se desenvolvendo o tradicional pão com bolinho na chapa e com os demais adicionais também foram sendo colocados e que virou o nosso tradicional pão com bolinho — comenta.
A fama se espalhou e até ultrapassou as fronteiras de Blumenau. Por conta disso, a produção da padaria também aumentou. São 60 quilos de carne moída por dia e oitocentos pães com bolinho vendidos diariamente. Isso só durante a semana. No sábado e domingo, esse número ultrapassa mil unidades.
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A receita envolve carne misturada com ovos, farinha de rosca, cebola e cheirinho verde. Cada bolinho é pesado e, ao atingir 120 gramas, é levado para a chapa, que fica na frente da loja, próxima aos clientes. Ali, eles são amassados e preparados na manteiga.
Há trinta anos é assim. E há trinta anos a receita conquista gerações.
— Os outros [ingredientes] é um segredinho que eu não posso detalhar, mas também o carinho e a boa vontade de entregar o melhor para o nosso público — comenta a gerente.
Como votar
Voltado para iniciativas de pessoas, projetos e empresas, o Viva Blumenau é uma ação da NSC para destacar o que a cidade tem de melhor. O público poderá escolher os vencedores através do G1 Santa Catarina até o dia 18 de julho.
Além de economia, outras seis categorias também estão na edição deste ano. São elas: gastronomia, tradição, esporte, cultura, social e blumenauense do ano. Veja quem foi selecionado em cada tema aqui.
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No último dia da escolha, um evento anunciará os ganhadores com a presença dos finalistas e convidados na NSC TV.
Com informações de Felipe Sales, da NSC TV
*Estagiária sob supervisão de Augusto Ittner
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