Nesta fase, o blues viu surgir alguns artistas que, com o passar dos anos, se tornariam grandes nomes do estilo: Muddy Waters, Willie Dixon, Howlin’ Wolf, Buddy Guy, Little Walter, B.B. King, Freddie King, Albert King. O blues de Chicago ficou marcado pelas guitarras elétricas; e o da costa oeste norte-americana, pela incorporação de metais, como no jazz.

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Acompanhe o Bilheteiro do Trem do Blues enquanto ele conta a terceira parte da história do estilo musical.

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Chicago Blues

Ah, a big ol’ Chicago Blues – um verdadeiro pilar na história do Blues! Foi aqui que eu vi as tais guitarras elétricas pela primeira vez. Por aqui também havia uma variedade muito maior de instrumentos musicais do que se podia ver na estação Delta Blues: bateria, baixo, piano, às vezes até saxofone. Esses músicos também cantavam e falavam mais baixo, mas não era por educação nem discrição, meu rapaz: era por causa dos microfones, que eram novidade na época!

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Muita gente que eu vi descer do trem nesta estação ficou famosa mais tarde: Muddy Waters, Willie Dixon, Howlin’ Wolf, Buddy Guy, Little Walter, Memphis Slim, Otis Spann, Sunnyland Slim, B.B. King, Freddie King, Albert King. Essa Chicago Blues é mesmo lendária, I done told you!

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VOCÊ SABIA QUE…
A Chess Records
Muddy Waters foi um dos primeiros artistas da gravadora que mais tarde se tornaria um dos ícones da história do blues: a Chess Records, na época localizada na Michican Avenue, 2120, em Chicago. A empresa surgiu a partir de um bar mantido pelos descendentes de poloneses Philip Chez e Leonard Chez, o Macomba Lounge. Outros que gravaram pela Chess foram Howlin’ Wolf, Little Walter, Chuck Berry, Boy Williamson, Memphis Slim, Jimmy Rogers e John Lee Hooker. Hoje em dia, o prédio da antiga gravadora é um museu, o Blues Heaven Foundation.
Tríade poderosa
Muddy Waters foi o primeiro músico de blues norte-americano a ter seu nome reconhecido fora dos EUA. É considerado o pai do Chicago Blues e imortalizou canções como Walkin’ Blues, Rolling and Tumbling e Hoochie Coochie Man – cujo autor é outro nome desse trio, Willie Dixon, considerado o “poeta do blues”, que escreveu também músicas como I Can’t Quit You Baby e Little Red Hooster. Howlin’ Wolf começou como guitarrista e gaitista, e tornou-se famoso por sua voz rouca e inconfundível. Influenciou Eric Clapton, Jeff Beck e Stevie Ray Vaughan.
Buddy Guy
Ainda na ativa, Buddy Guy é uma lenda viva do blues – e, embora tenha uma forte identificação com o Chicago Blues, transita também pelo jazz livre e pelo rock clássico. A Man and the Blues e Hold That Plane são dois de seus álbuns clássicos.
O Rei do Blues
B.B. King, o Rei do Blues, considerado um dos melhores guitarristas da história e vencedor de 15 Grammys, foi diretamente influenciado por T-Bone Walker, e criou um estilo único e quase inigualável de tocar guitarra dentro do blues – consagrando a guitarra solo como instrumento central do estilo. Seus vibratos e solos de guitarra têm uma forma quase verbal, e influenciaram praticamente todos os guitarristas que vieram depois dele.

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Detroit Blues

Conforme o tempo passava, a linha do Blues aumentava – e foi se expandindo para territórios que iam muito além do sul dos Estados Unidos. A estação Detroit Blues ficava lá no norte do país; e foi muito movimentada ao longo dos anos 1950, sim, senhor!

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Um passageiro daqui ficou marcado na minha memória quase como um sinônimo da estação: John Lee Hooker era o nome dele, senhorita, um artista que praticamente narrava suas músicas, de um jeito único, mais falado que cantado.

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VOCÊ SABIA QUE…
Maxwell Street: ponto de encontro
John Lee Hooker aparece tocando em uma calçada no clássico filme The Blues Brothers, de 1980 – e essa calçada é, por si só, outro ícone do blues: fica na Maxwell Street, grande mercado que foi um dos primeiros (e, na época, poucos) lugares dos Estados Unidos onde artistas negros podiam se apresentar. No auge de sua popularidade, o mercado chegou a ocupar seis quarteirões e a contabilizar, nos domingos, um público de até 60 mil pessoas.

West Coast Blues

Quando a ferrovia finalmente se estendeu até a costa oeste dos Estados Unidos, todo mundo já conhecia – e usava – a tal guitarra elétrica. I ain’t gonna lie: sempre achei o povo daqui meio nariz empinado – esse pessoal rico, de elite, sabe? Eles gostavam das guitarras da estação Texas Blues, mas também pegaram emprestados os metais de outro gênero, o jazz.

O estilo desses músicos era mais suave, e bem urbano. O T-Bone Walker, um sujeito que nasceu no Texas, se mudou pra cá – verdade seja dita, muitos passageiros texanos fizeram isso nessa época, mas o Walker acabou virando praticamente o dono da estação.

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VOCÊ SABIA QUE…
As diferenças entre o jazz e o blues
O jazz e o blues se desenvolveram a partir do mesmo contexto cultural, mas têm diferenças marcantes. Nascido na cidade portuária de Nova Orleans, o jazz é mais urbano e recebeu influências diretas de outras culturas, em especial vindas da região das antigas Índias Ocidentais e do Haiti. Já a tradição das bandas militares forneceu ao jazz sua instrumentação com metais. O estilo também se aproxima bem mais da música erudita europeia, com tendência para o virtuosismo. O blues manteve-se sempre como um estilo musical fiel às suas raízes.

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