Os presos na operação que apura suposto superfaturamento no Samae de Blumenau foram identificados como Gerson Albino Pelepe, agente de manutenção e servidor efetivo da autarquia, Dilton Grassmann, Alan Vandré Grassmann, Joel Vronski e Giovana Vronski. Os quatro últimos são empresários e estariam ligados ao suposto esquema de fraude em licitação e aumento nos preços de roçadas. Os nomes foram obtidos em primeira mão pelo colunista do NSC Total, Ânderson Silva.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Blumenau e região por WhatsApp

A operação da Polícia Civil que prendeu os cinco investigados foi deflagrada na manhã desta terça-feira (5) pelas ruas da cidade e envolveu ao menos 70 agentes. Foram cumpridos, ainda, 22 mandados de busca e apreensão domiciliar. A reportagem apurou que foram apreendidos aparelhos celulares e eletrônicos com pessoas ligadas aos presos. Ao todo, a estimativa dos investigadores é de que o suposto esquema criminoso tenha causado um prejuízo aos cofres públicos de R$ 100 mil mensais desde março de 2021.

Leia também: Troca de fiscal foi estopim para superfaturamento no Samae de Blumenau, diz polícia

É nesta data, conforme o delegado André Beckman, da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção de Blumenau, que ocorre uma licitação no Samae para contratação de roçada e limpeza geral das áreas de imóveis da autarquia. Três empresas teriam agido em conluio para direcionar a vitória no certame. Depois disso, ainda segundo a Polícia Civil, é que se inicia o suposto superfaturamento dos serviços

Continua depois da publicidade

Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, a polícia obteve também o sequestro de veículos e imóveis que somam o valor de R$ 1,5 milhão. Um dos servidores afastado foi o diretor-presidente do Samae, Michael Schneider. Procurado, ele não atendeu às ligações da reportagem ou retornou mensagens de texto.

Troca de fiscal foi estopim para o esquema

Uma troca de fiscal é apontada pela Polícia Civil como estopim para o suposto superfaturamento nos serviços de roçada contratados pelo Samae de Blumenau. Segundo as investigações, a empresa licitada para fazer o trabalho teve um aumento nos valores recebidos quando o novo funcionário público assumiu. 

De acordo com o delegado Andre Beckman, o contrato alvo de investigação foi assinado em março de 2021 para a empresa limpar cerca de 100 terrenos do Samae e um servidor foi nomeado para fiscalizar a execução do serviço. Porém, segundo a apuração, em setembro do mesmo ano houve troca da presidência da autarquia e com isso outro funcionário foi designado para acompanhar o contrato.

A partir daí, também conforme a Polícia Civil, passaram a ser emitidas ordens de serviço para execução de roçada com metragens superiores ao que os terrenos de fato têm. Beckman deu como exemplo o reservatório na Rua Araranguá, onde foi pago para cortar o mato de 1,5 mil metro quadrado, mas no local só há cerca de 600 metros quadrados para limpeza.

Continua depois da publicidade

Com essas diferenças, a empresa estaria faturando ilicitamente R$ 100 mil a mais por mês. O dinheiro teria servido para o enriquecimento dos donos da empresa responsável pelo serviço. Ainda segundo a polícia, o contrato já tinha sido alvo de uma investigação do Ministério Público e mesmo assim os valores superfaturados continuaram a serem pagos pelo Samae.

— Antes da mudança desse fiscal, o Samae pagava cerca de R$ 80 mil para essa empresa. Quando ocorre a troca, os pagamentos passam para R$ 130 mil e, em alguns casos, chegou a R$ 200 mil. Para nós, fica evidente que esse servidor era peça fundamental da organização criminosa — afirmou Beckman.

Contrapontos

A defesa de Dilton Grassmann, Alan Vandré Grassmann, Joel Vronski e Giovana Vronski disse que tomou conhecimento da investigação nesta terça-feira e que “se torna extremamente prematuro prestar maiores esclarecimentos, ao menos por ora”. A advogada Janáira Reiter confirmou à reportagem do NSC Total Blumenau que os quatro permanecem presos.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Gerson Albino Pelepe.

O que diz a prefeitura

“Com relação a operação realizada na manhã desta terça-feira, dia 9, pela Polícia Civil, a Prefeitura de Blumenau, por meio do Samae, informa que todas as medidas cabíveis para esclarecer as notícias estão sendo tomadas. A Prefeitura ainda não recebeu nenhuma informação oficial sobre os fatos investigados. Mesmo sem decisão judicial de afastamento, acata-se o pedido da Polícia Civil de suspensão temporária da função do diretor-presidente do Samae.

Continua depois da publicidade

Com a suspensão da função do diretor-presidente, o diretor administrativo-financeiro, Henrique Carlini, assume interinamente o comando do Samae. Ainda nesta terça-feira os serviços com a empresa investigada serão suspensos. Além disso, determinou-se um procedimento interno no âmbito do Samae, com apoio da Controladoria do Município, para esclarecer todos os fatos quando estes forem recebidos de forma oficial.”