Três brasileiros já foram encontrados mortos após ataques terroristas do grupo Hamas, em Israel, na madrugada do dia 7 de outubro. Os jovens Ranani Nidejelski Glazer, Bruna Valeanu e Karla Stelzer Mendes morreram durante bombardeios realizados pelo movimento extremista islâmico a uma festa rave a cerca de 20 quilômetros da Faixa de Gaza, causando a morte de ao menos 260 pessoas que estavam no local e desencadeando os conflitos mais mortais da história da região. As informações são do g1.

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A festa onde Karla, Ranani e Bruna estavam fica no Distrito Sul de Israel e foi um dos primeiros alvos dos terroristas que entraram por terra. Em nota divulgada, o Governo Federal lamentou a morte de Ranani e afirmou que repudia os atos de violência.

O Governo brasileiro tomou conhecimento, com profundo pesar, do falecimento do cidadão brasileiro Ranani Nidejelski Glazer, natural do Rio Grande do Sul, vítima dos atentados ocorridos no último dia 7 de outubro, em Israel. Ao solidarizar-se com a família, amigas e amigos de Ranani, o Governo brasileiro reitera seu absoluto repúdio a todos os atos de violência, sobretudo contra civis“, diz a publicação.

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Em conversa com o g1, a irmã mais velha de Bruna Valeanu, que também vive em Israel, confirmou que recebeu comunicado do Exército israelense sobre terem encontrado o corpo da estudante de 24 anos.

— Minha mãe teve um pressentimento nesse dia. Ela não sabia que a festa seria perto de Gaza. Minha mãe falou: ‘Bruna, não vai na festa’. Minha mãe teve esse pressentimento — contou Florica.

Já Karla morava no país do Oriente Médio há mais de dez anos e foi a que teve o corpo encontrado de forma mais tardia, cerca de seis dias após os atentados.

— Desde o primeiro momento que eu vi que a festa tinha sido invadida, eu mandei mensagem para ela, que não me respondeu — disse Igor Teixeira, mestre de capoeira da carioca de 42 anos, ao g1.

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Além das vítimas propriamente brasileiras, foram encontrado também os corpos de dois jovens filhos e descendentes de brasileiros: Celeste Fishbein e Gavriel Yishay Barel, de 18 e 22 anos, respectivamente. Celeste foi feita refém de rebeldes do Hamas que invadiram casas e sequestraram pessoas durante o conflito, enquanto Gavriel estava na mesma rave atingida pelos bombardeios do grupo terrorista.

Karla Mendes, de torcedora do Botafogo e praticante de capoeira

A brasileira Karla Stelzer Mendes tinha 42 anos, era nascida no Rio de Janeiro e tinha cidadania israelense. A praticante de capoeira e torcedora do Botafogo morava no país israelense com o namorado, com quem se relacionava há seis anos e também morreu durante os bombardeios do Hamas. Ela tinha um filho de 19 anos, que faz parte do exército local.

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— Era uma pessoa cheia de vida, que amava viver, amava a liberdade acima de tudo. Uma pessoa ímpar. Uma pessoa que corria atrás dos sonhos, dos objetivos. E que, infelizmente, teve a vida ceifada nessa guerra terrível que está acontecendo — afirmou o mestre de capoeira.

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Igor conta que Karla nasceu na capital do Rio de Janeiro mas se mudou para Saquarema, na Região dos Lagos, ainda criança. Lá, os dois se conheceram e ela começou a praticar capoeira para acompanhar o amigo, que acabou por se tornar professor na modalidade. Ao longo do período em que ela deixou o país, teria mantido contato com os amigos do Brasil.

— Ela saiu daqui com a intenção, como a maioria dos brasileiros que deixam o país, em busca de mais oportunidades — disse Igor.

Karla Stelzer é terceira brasileira encontrada morta em Israel após ataque terrorista. (Foto: Redes Sociais)
Karla Stelzer é terceira brasileira encontrada morta em Israel após ataque terrorista
(Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Ranani Glazer, de serviço militar a desespero pelos ataques

Ranani morava há sete anos no país e tinha cidadania israelense. Ele nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e faria 24 anos na última sexta-feira (13), segundo uma tia.

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O jovem vivia em Tel Aviv, capital de Israel, com alguns amigos. Após passar um período no serviço militar do país, ele trabalhava e sobrevivia financeiramente como entregador.

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— O exército de Israel foi até a casa do meu irmão, pai do Ranani, que também mora em Israel. Não temos informação como e onde foi, exatamente. Meu sobrinho faria 24 anos agora, 13 de outubro. Ele morava em Israel havia sete anos. Estamos arrasados — diz Karen Glazer, tia de Ranani.

Ranani é um dos brasileiros mortos em Israel
Ranani tinha cidadania israelense e prestou serviço militar no Exército do país(Foto: Reprodução/Redes sociais)

Nas redes sociais, Ranani postou um vídeo em que mostra a fumaça no momento dos ataques e relata a apreensão que vivia pela situação, minutos antes de ser atingido e morto.

“Cara, eu juro que essa situação não tem como inventar. No meio da rave, a gente parou num bunker, começou uma guerra em Israel, pelo menos a gente tá num bunker agora, seguro. Vamos esperar dar uma baixada nisso, mas, cara, foi cena de filme agora, gente correndo, quilômetros, para achar um lugar pra se esconder, velho”, disse o jovem.

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Em entrevista ao Fantástico, a namorada de Ranani, Rafaela Treistman, contou que eles conseguiram se abrigar no bunker após os ataques, mas o local foi invadido por extremistas que atiraram contra o grupo.

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— Eu lembro do Ranani me falando para eu não olhar, porque tinham pessoas mortas em cima da gente e que estávamos usando o corpo delas para não tomarmos tiros — conta Rafaela.

Bruna Valeanu, de estudante de marketing a domínio do hebraíco

Já Bruna Valeanu vivia no país israelense há oito anos e estudava comunicação e marketing em uma universidade do país. A jovem tinha 24 anos e nasceu e cresceu no Rio de Janeiro.

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Das três irmãs, Nathalia foi a única que permaneceu na cidade natal. Florica conta que Bruna era a que mais dominava o hebraico, e que o idioma foi uma grande dificuldade na busca de informações quando a irmã desapareceu.

— A última coisa que conseguimos foi a localização dela por mensagem. Era uma localização perigosa, onde os terroristas entraram armados em caminhonetes, tanques, motos — disse a irmã da carioca.

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Bruna vivia em Israel antes de ser morta no país
Carioca de 24 anos vivia no país israelense há oito anos (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Conflitos entre Israel e Hamas

Além de prédios, casas e espaços públicos destruídos, ao menos 4.000 pessoas já morreram desde o início do conflito entre Israel e Hamas, de acordo com o balanço mais recente divulgado pelas autoridades. O grupo terrorista islâmico controla a região da Faixa de Gaza e deu início aos confrontos após invadir, sequestrar e assassinar civis no país israelense nos ataques de 7 de outubro.

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Com cerca de metade das vítimas sendo mulheres ou crianças, as 2.670 mil mortes em Gaza e 1,4 mil mortes em Israel tornam os ataques os mais violentos e mortais da história da região, superando as 2,3 mil mortes ocorridas após a “terceira guerra entre Israel e o Hamas”, em 2014.

Segundo o Itamaraty, ao todo, a estimativa é de que 14 mil brasileiros vivem em Israel, e outros 6 mil, na Palestina – a grande maioria, fora da área dos ataques registrados.

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