Fabiano
(Foto: NSC Total)

Hoje vamos falar dos anjos, mas não entraremos na discussão do sexo deles. Nos interessa aqui a sua importância para as startups e seus empreendedores. Atualmente, existem mais de 4.200 startups em operação no Brasil, enfrentando diariamente dificuldades burocráticas e sem acesso a linhas de crédito acessíveis. Para estas empresas, a busca por um “investidor anjo” é o caminho natural para capitalizar e aumentar as chances de sucesso num mercado ultracompetitivo.

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A denominação "anjo" foi adotada com base naqueles patrocinadores culturais, que na década de 90 bancavam as peças de teatro na região da Broadway. Aqui no Brasil, a identidade anjo ainda não é muito comum. Poucos são aqueles que correspondem a este perfil, mas o número vem aumentando gradativamente, acompanhando o crescimento do mercado das startups e empreendimentos inovadores.

Os investidores anjo são a maior fonte de capital para startups, seja em fase de validação, quando estão se lançando no mercado, ou, já em estágio de crescimento. Este tipo de investidor notadamente possui conhecimentos em gestão, tecnologia, finanças, ou mesmo no mercado específico em que se encontra o negócio apoio por ele. Nestes casos, ocorre aquilo que é conhecido como “fit”. A rede de contatos e as práticas de mercado, além do próprio valor investido, ajudam a escalonar o negócio.

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O perfil do investidor anjo geralmente é o de um ex-empreendedor que teve sucesso em sua startup e hoje busca apoiar o ecossistema. Há também os executivos de grandes corporações que visam diversificar seu portfólio de investimentos e o seu patrimônio, suportados pelo seu conhecimento em identificar novas oportunidades. Anjos investem em negócios inovadores dentro de mercados em que possuem expertise e que conseguem trazer outros importantes recursos intangíveis como: experiência, conhecimento, e uma importante rede de contatos.

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Os valores aportados por um investidor anjo, diferentemente das aceleradoras mencionadas no artigo anterior, variam de acordo com a oportunidade identificada por ele, bem como, a “sede” para com aquele negócio. Os aportes podem variar de R$ 10 mil a R$ 1 milhão, assim como o valor (valuation) das startups também variam até o máximo estimado de R$ 5 milhões, a partir daqui, entramos no território fundos de Venture Capital (VC).

Para amplificar esforços, os investidores anjo normalmente investem em grupo. Em Santa Catarina, temos uma iniciativa abraçada pela Acate, a RIA (Rede de Investidores Anjo). Essa associação propicia uma interessante rede contatos, que busca apresentar as startups aos seus parceiros e assim ajudar abrir portas, orientar no processo de formação do negócio e compartilhar suas experiências, de modo a auxiliar o empreendedor a não cometer os mesmos erros que o investidor possa ter cometido no passado, afinal, conforme comentado, normalmente o anjo investe em setores que tem grande aproximação. Geralmente, há um “líder” que negocia os termos e representa os demais investidores associados neste grupo.

Ser um investidor anjo não é uma atividade filantrópica, obviamente. O objetivo do anjo é aplicar em negócios com alto potencial de retorno. Ao mesmo tempo, contudo, é inevitável que o sucesso da startup investido tenha um impacto extremamente positivo para a sociedade, de modo a influenciar o crescimento sócio-econômico da região. Logo, além de contribuir para o sucesso de novas ideias, um investidor anjo deve se perguntar diariamente: qual é a minha contribuição para o ecossistema?

*Fabiano Odebrecht é diretor executivo da Incubadora Gene de Inovação e Tecnologia