Duas crianças de 11 anos, um jovem de 22 anos e um homem de 42 anos morreram em Santa Catarina devido ao hantavírus, doença transmitida por ratos. O número de óbitos é metade dos contaminados no Estado: oito até outubro de 2022. Nesta quinta-feira (13), os detalhes de como as vítimas constraíram a doença foram divulgados pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado. 

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Os casos estão nas cidades de Agronômica, Águas Frias, Caçador, Lontras, Mafra, Palhoça, Painel e Urubici. 

Em junho, um jovem de 22 anos, morador de Lontras, no Vale do Itajaí, morreu de hantavírus. A investigação apontou que ele provavelmente foi infectado ao desmontar um paiol.
O que é o hantavírus, doença transmitida por rato e que causou mortes em SC

No mesmo mês, um homem de 42 anos morreu pela doença em Caçador, Meio-Oeste do Estado. Segundo a Dive, é provável que ele tenha se infectado em um sítio.

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Em julho, uma menina de 11 anos, moradora de Agronômica, no Vale do Itajaí, morreu pela doença. Na investigação, equipes notaram mato alto e entulho nos fundos da residência, que teria sido o local provável de infecção. 

Em agosto, outra vítima de 11 anos: um menino que morreu após ser mordido por um rato em Urubici, Serra Catarinense. No entanto, a Dive ressalta que a criança pode não ter sido infectada pela mordida, e, sim, por haver um número muito significativo de ratos em toda a região em decorrência da ratada, período em que há um aumento de roedores. As circuntâncias caracterizam um vínculo epidemiológico, que para a Diretoria, é a causa mais provável da morte. Segundo a Dive, não é frequente a infecção pela mordida, por isso, a infecção pode ter ocorrido pelo ar, que é o modo mais comum de transmissão da doença. 

SC faz força-tarefa para combater a doença

A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) realizou uma operação para combater o hantavírus em Santa Catarina. Entre 3 e 9 de outubro, foram feitas instalação de armadilhas para a captura de roedores, identificação de espécies e coleta de material para identificação do vírus em Urubici, na Serra Catarinense.

Profissionais de saúde catarinenses já foram alertados sobre o aumento de roedores, que desencadeou novos casos no fim de agosto. Os funcionários foram orientados sobre a prevenção, suspeita e manejo clínico da doença.

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A operação contou com 20 profissionais, entre biólogos, veterinários e técnicos agrícolas, do Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, Secretaria de Saúde do Paraná e Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA). Conforme a Dive, as amostras foram encaminhadas à Fiocruz, para identificação de informações para avaliar os riscos e entender como está ocorrendo a circulação do hantavírus na região.

O que é o hantavírus?

Segundo a Dive, a hantavirose é uma síndrome febril aguda e os sintomas iniciais são semelhantes aos de outras doenças febris agudas, como leptospirose e dengue.

Os sintomas são febre, mialgia, dor nas articulações, dor de cabeça, dor lombar e abdominal e sintomas gastrointestinais.

A diretoria alerta que se alguém estiver com esses sintomas deve buscar atendimento médico imediato. Isso porque os sintomas podem rapidamente evoluir para comprometimento cardíaco e pulmonar, e causar a morte do paciente.

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O período de incubação da doença é de 14 dias em média, mas pode levar de três a até 60 dias para os primeiros sinais surgirem.

Como se contrai o hantavírus?

A doença é contraída, principalmente, pelo ar. Isso porque a urina, fezes e saliva de roedores silvestres infectados pelo vírus geram aerossóis que, se em contato com humanos, podem transmitir a doença.

Os roedores silvestres conhecidos como rato da mata, Akodon sp, e ratinho do arroz, Oligoryzomys sp, diferenciam-se dos roedores maiores encontrados mais frequentemente em ambientes urbanos, como a ratazana e o rato de telhado.

A Dive explica que são roedores de pequeno porte — o macho adulto chega a 25 gramas — e vivem preferencialmente próximos a plantações, principalmente de grãos, mas podem também ser encontrados em ambientes periurbanos. A cor da pelagem pode ser avermelhada, cinza ou até cor de terra.

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Como prevenir

A prevenção das hantavirose baseia-se em medidas que impeçam o contato da pessoa com os roedores silvestres e suas excretas (fezes ou urina). Entre essas medidas estão:

  • Roçar o terreno em volta da casa
  • Dar destino adequado aos entulhos existentes
  • Manter alimentos estocados em recipientes fechados e à prova de roedores