Um ex-candidato presidencial, um veterano e feroz adversário do chavismo e um eloquente ativista social são os atores que impulsionam a saída do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, através de um referendo revogatório.
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Os três são dirigentes da coalizão opositora Mesa de la Unidade Democrática (MUD) que em janeiro passado assumiu o controle da Assembleia Nacional, pela primeira vez em 17 anos de hegemonia chavista, desencadeando uma crise institucional na Venezuela.
Henrique Capriles:
Líder da ala moderada da MUD, o atual governador do estado de Miranda (centro) é o principal promotor do referendo.
Advogado de 43 anos, Capriles perdeu as eleições presidenciais contra Chávez em 2012 e, contra Maduro em 2013, mas se desvinculou dos protestos contra o governo que em 2014 promoveu o opositor radical Leopoldo López.
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Eleito aos 25 anos, foi deputado e presidente da Câmara dos Deputados – o mais jovem da história do país – até 2000, quando se instituiu a atual Assembleia unicameral. Ganhou de Diosdado Cabello, considerado o número dois do chavismo, na eleição para o governo de Miranda em 2008. Antes tinha sido prefeito do município de Baruta, em Caracas.
Acusado de cercar a embaixada de Cuba durante o golpe de 2002, esteve preso por quatro meses.
Henry Ramos Allup:
Este advogado de 72 anos, que considera o chavismo “um pesadelo” e o governo de Maduro “o maior desastre” da Venezuela, é desde janeiro o presidente da Assembleia Nacional.
O mais veterano e experiente dos opositores é secretário-geral da Ação Democrática (AD), o partido que foi o mais poderoso da história republicana da Venezuela antes de o chavismo chegar ao poder, em 1999.
Foi parlamentar de 1992 a 2005, e a partir de 2010 até a atualidade. Nas legislativas de 2005 impulsionou a retirada das candidaturas opositoras e convocou um movimento de abstenção, alegando desconfiança do Conselho Eleitoral. A oposição não participou dessas eleições e o parlamento ficou então sob o controle total do chavismo.
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Jesús Torrealba:
O professor e jornalista de 57 anos é secretário-executivo da MUD. Ex-apresentador do programa de rádio e televisão ‘O radar dos bairros’, energizou a coalizão opositora em setembro de 2014, quando se vivia o impacto dos protestos que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio daquele ano.
Torrealba, que se dedicava a percorrer os bairros pobres de Caracas denunciando suas penúrias através do programa, aparou o bigode – parecido com o de Maduro – e pôs seu verbo livre à serviço da oposição, especialmente no início da campanha rumo às legislativas.
‘Chuo’ Torrealba, como é chamado, foi dirigente do Partido Comunista da Venezuela, do qual saiu por diferenças ideológicas, para se converter em um “ativista social”, como ele mesmo se define. Diosdado Cabello costuma se referir a ele como ‘Shrek’, como o famoso ogro dos desenhos animados, por causa da sua cabeça raspada.
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