A subida íngreme da Rua Marquês Santo Amaro, no bairro Tribess, em Blumenau, é palco de uma investigação que completa um ano hoje e busca responder uma pergunta: “quem matou a costureira Inês do Amaral, e sua filha Franciele Will?”.
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Passados 365 dias do duplo homicídio, a rotina da pequena via parece seguir tranquila. Os carros passam, os cachorros latem, roupas são estendidas nos varais das casas vizinhas em uma manhã ensolarada de quarta-feira e a vida continua normalmente para quem vive na região.
Entre as nove casas do morro, uma delas é o cenário de um crime brutal que ainda traz angústia, dor, revolta e vários questionamentos para o jovem serralheiro, Odair Will, 23 anos, que encontrou a mãe e a irmã mortas dentro da residência, quando voltou do trabalho na noite de 4 de abril do ano passado.
– Não perdi a minha fé ainda. Quero que seja feita a justiça, porque um crime desse não pode ficar impune. Sei que está demorando, a gente não sabe muita coisa da investigação, mas isso não pode ficar assim. Quero que a polícia encontre quem fez isso – relata Will.
Abalado, o jovem afirma que o comportamento da mãe e da irmã eram tranquilos. Ele conta que as duas sempre estavam envolvidas com a vida profissional e não costumavam se relacionar muito com pessoas estranhas.
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– A mãe estava toda vida trabalhando na facção dela e ia à igreja. Às vezes, ficava mais estressada em relação ao serviço, mas nada de muito anormal. Minha irmã também era muito calma, era mestre de obras, o que era uma carga grande e, às vezes, também ficava estressada com o trabalho. De resto, elas eram maravilhosas – comenta o rapaz.
O jovem diz que não tem ideia do que poderia ter motivado o crime.
– Se a polícia encontrar quem fez isso, eu queria poder ficar frente a frente com a pessoa e perguntar o porquê. É só isso que eu queria saber: o motivo. Não durmo mais tranquilo. Fico pensando: já que mataram minha mãe e minha irmã, será que eu seria também um dos alvos? Isso deixa a gente com muito medo – desabafa.
Vizinhos ainda se perguntam o que teria acontecido naquela tarde na casa da família Will. Após o episódio, o medo de que algo semelhante aconteça em outras residências também tomou conta da rua. Os moradores chegaram a aderir ao programa Rede de Vizinhos.
– Temos medo de que esse assassino faça algo com a gente também. Não ficamos tranquilos. Qualquer barulho que dá, qualquer carro suspeito que passa aqui a gente já fica apreensiva – afirma uma vizinha, que não quis se identificar.
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Investigação ainda está em andamento
O delegado regional da Polícia Civil de Blumenau, Egídio Ferrari, afirma que a investigação ainda está em andamento e próxima de ser concluída, mas não dá detalhes para não atrapalhar os trabalhos.
– Estamos bastante avançados com a investigação e o inquérito policial está quase concluído. Agora, nós estamos encontrando problemas na parte burocrática do processo de conclusão do caso. É um crime que chama muita atenção, um crime cruel, e precisamos dar uma resposta à sociedade – comenta o delegado.
Relembre o caso
– Inês do Amaral, 57 anos, e Franciele Will, 30 anos, foram mortas dentro da própria casa onde moravam. Os peritos não encontraram sinais de arrombamento, apenas o carro da família foi levado do local.
– Conforme a polícia, Francielle apresentava cortes nos pescoço, sinais de agressão e também perfurações de faca no tórax. Já a mãe, Inês, teria sido morta por asfixia.
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– A polícia também informou que Inês foi morta com um espaço de tempo de cerca de quatro horas antes da filha. A suspeita é de que o autor tenha entrado na casa, sem fazer alarde, e cometido o primeiro assassinato.
Manifestação
Um protesto está marcado para domingo, às 9h, na esquina das ruas Hermann Tribess e Júlio Michel, no bairro Tribess. A manifestação vai marcar um ano dos assassinatos e também cobrar as autoridades para que seja dado um desfecho ao caso.