A decisão do presidente Jair Bolsonaro de pedir desfiliação do PSL para fundar um novo partido, que terá o nome de "Aliança pelo Brasil", provoca mudanças também na política de Santa Catarina. A divisão que vinha tomando conta da sigla nos últimos meses foi sacramentada na reunião da tarde desta terça-feira (12), em Brasília, em que Bolsonaro anunciou a deputados federais do partido a saída da legenda pelo qual se elegeu presidente.

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Em Santa Catarina, dos quatro deputados federais do PSL, pelo menos dois já confirmaram a intenção de seguir o presidente para o novo partido: Daniel Freitas e Coronel Armando. Caroline de Toni informou via assessoria que ainda não há uma resposta sobre essa decisão, mas, pelo Twitter, afirmou que estará apoiando o governo “onde quer que o presidente esteja”.

O deputado Fábio Schiochet, atual presidente estadual do PSL, não respondeu à reportagem até a noite desta terça. No entanto, ele não participou da reunião desta terça em que Bolsonaro comunicou o destino partidário, o que sugere que ele possa não migrar para a nova legenda. Alguns deputados foram desconvidados antes do encontro.

Em outubro, Schiochet também havia se envolvido na divisão do partido ao assinar a lista que pedia a manutenção do deputado Delegado Waldir (PSL-GO) na liderança do partido, endossando indicação da ala do presidente Luciano Bivar. A ala bolsonarista pedia a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro para a liderança. A disputa de listas escancarou a divisão do partido que culminou no anúncio da saída de Bolsonaro nesta terça.

Governador Moisés continua no PSL

Alvo de críticas da ala mais fiel a Bolsonaro, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) já havia antecipado na semana passada, em entrevista à NSC, que permaneceria na legenda mesmo com uma eventual saída do presidente.

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Nesta terça, o governador voltou a reforçar a intenção de se manter no partido. "O governador permanece no PSL. Ele nunca foi filiado a outro partido, e pretende manter o compromisso da filiação", informou nota enviada pela assessoria.

Na Alesc, ao menos quatro deputados devem deixar partido

Entre os deputados estaduais, o PSL também deve perder a maioria das cadeiras conquistadas na eleição do ano passado. Dos seis parlamentares da Assembleia Legislativa (Alesc), pelo menos quatro já sinalizaram a intenção de deixar o partido para seguir os passos do presidente Bolsonaro.

Ana Caroline Campagnolo, Jessé Lopes e Sargento Lima já vinham fazendo manifestações a favor do presidente, em alguns assuntos inclusive em conflito com o governador Carlos Moisés, que apesar de ser do mesmo partido, adotou posicionamentos controversos aos bolsonaristas em temas como taxação de agrotóxicos.

Além deles, o deputado Coronel Mocellin, que na Alesc seguia mais próximo das decisões de Moisés, também emitiu nota informando que vai seguir o presidente no novo partido. A única ressalva é a necessidade de segurança jurídica para garantir o mandato. O deputado Ricardo Alba respondeu à reportagem na manhã de quarta-feira indicando que deve seguir o presidente Bolsonaro para o novo partido. A única ressalva é a necessidade de o partido ser criado a tempo de participar das eleições municipais do próximo ano.

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Nos últimos meses, Alba esteve muito próximo do governador Moisés, que seguirá no PSL. A se confirmar o posicionamento, o PSL pode perder todos os seis deputados estaduais que possui na Alesc.

Ao grupo bolsonarista que apresentava posições mais claras de apoio a Bolsonaro e crítica ao governador Moisés também pertence o deputado estadual Felipe Estevão. Felipe, no entanto, afirmou via assessoria que vai continuar apoiando o presidente, mas que a mudança de partido vai depender da questão legal – da possibilidade de trocar de legenda sem risco de perda de mandato.

Governador Carlos Moisés

Posição: fica no PSL

O governador já havia antecipado que permaneceria no partido. Nesta terça, a assessoria reafirmou a posição em nota:

“O governador permanece no PSL. Ele nunca foi filiado a outro partido, e pretende manter o compromisso da filiação”.

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Deputados federais do PSL em SC:

Fábio Schiochet

Posição: não respondeu à reportagem até a publicação

Daniel Freitas

Posição: deixará o PSL para migrar para a Aliança pelo Brasil

O deputado federal confirmou a intenção de seguir o presidente trocando o PSL pelo novo partido e citou a transparência na prestação de contas como virtude da legenda a ser criada. Freitas apontou que ele, junto aos deputados federais Caroline de Toni e Coronel Armando, iriam a partir de agora conduzir a criação do partido em Santa Catarina.

– Somos fiéis seguidores e vamos desde já assumir protagonismo nessa montagem em SC, fazendo esse movimento da criação do partido. A saída do PSL será feita no momento oportuno, quando a legislação permitir essa migração sem prejuízo ao mandato – detalhou.

Coronel Armando

Posição: deixará o PSL para migrar para a Aliança pelo Brasil

O deputado afirmou que apenas precisa aguardar o novo partido ser criado, mas que pretende migrar para a nova legenda. Citou o evento com a presença do deputado Eduardo Bolsonaro semana passada em Criciúma.

– Há um anseio muito grande das pessoas de acompanharem o presidente. O evento na sexta-feira foi muito grande, participação intensa de pessoas vendo o Eduardo Bolsonaro. O nome Bolsonaro é muito maior que o nome PSL – afirmou.

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Caroline de Toni

Posição: indefinida

A assessoria da deputada informou que ainda não há uma resposta se a deputada seguirá no PSL ou se pretende migrar para o novo partido do presidente. Mas a deputada estava na reunião em que Bolsonaro anunciou a decisão de criar nova legenda na tarde desta terça, em Brasília. Pelo Twitter, após a reunião, Caroline publicou mensagem sobre a saída de Bolsonaro afirmando: “onde quer que o presidente esteja, estarei apoiando o seu governo sempre”.

Deputados estaduais do PSL:

Ana Caroline Campagnolo

Posição: deixará o PSL para migrar para a Aliança pelo Brasil

Assessoria classificou como “incondicional” o apoio da deputada ao presidente.

Jessé Lopes

Posição: deixará o PSL para migrar para a Aliança pelo Brasil

Segundo a assessoria, a relação com o presidente Bolsonaro e o desalinhamento do deputado com o governo do Estado, são fatores que motivam a decisão de seguir o caminho do presidente.

Sargento Lima

Posição: deixará o PSL para migrar para a Aliança pelo Brasil

O deputado também afirmou que vai acompanhar o presidente no novo partido.

– Todos se elegeram em cima do nome Bolsonaro. Seria uma forma de não reconhecer o valor de nosso presidente e da tomada de decisão dele no ano passado, de ser candidato – ressaltou.

Coronel Mocellin

Posição: deixará o PSL para migrar para a Aliança pelo Brasil

O deputado emitiu nota afirmando que a troca de partido exige segurança jurídica para preservar o mandato, mas que pretende acompanhar o presidente no novo partido. “Vamos aguardar a decisão do presidente e o seguiremos no novo partido. Afinal, queremos continuar a mudança ao seu lado”.

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Felipe Estevão

Posição: indefinida

A assessoria do deputado afirmou que ele vai manter o apoio ao presidente, mas que a migração de partido envolve a questão legal. A troca para a nova legenda só deve ocorrer se houver possibilidade de fazê-la sem risco de perder o mandato. É dessa forma que os envolvidos na criação da Aliança pretendem fazer para permitir a transferência dos demais parlamentares.

Ricardo Alba

Posição: indefinida

Por meio da assessoria, o deputado informou na manhã de quarta-feira que o deputado "continuará sendo Bolsonaro, porque os ideais de um e de outro são muito convergentes", mas apontou que a mudança de partido depende de um fator legal, que seria a habilitação da Aliança pelo Brasil a tempo de participar das eleições municipais de 2020 – Alba pretende ser candidato a prefeito em Blumenau. Para isso, a Aliança precisa ser criada até abril do próximo ano.

Garantia dos mandatos é principal preocupação

Por exercerem cargos majoritários, o presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro já podem pedir desfiliação sem risco de perder o mandato. No caso dos deputados, é preciso aguardar a criação da nova legenda para poderem fazer o pedido de filiação. Enquanto isso não ocorre, eles devem permanecer no PSL apenas no período em que ocorre a criação da Aliança pelo Brasil.

O receio de fazer a troca de partido no período correto para não haver risco de o PSL requerer o mandato, que nos cargos proporcionais pertence ao partido, é a principal preocupação dos parlamentares que ainda estudam que direção tomar após o anúncio do presidente Bolsonaro.

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Para que a Aliança possa participar das eleições municipais de 2020, o partido precisa estar legalmente formado até abril do próximo ano. O Aliança para o Brasil já tem a primeira convenção marcada para a próxima quinta-feira (21), às 10h, no hotel Royal Tulip, em Brasília.

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