Maciel Alves de Carvalho, de 41 anos, é apontado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) como “mentor” do esquema que gerou a operação contra Jair Renan Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro (PL), em Balneário Camboriú nesta quinta-feira (24). Ele já foi apresentado como empresário e advogado do “filho 04” do ex-presidente, além de ser seu instrutor de tiro e coach de imagem para as redes sociais.

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O aliado de Jair Renan já havia sido preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo em 5 de janeiro deste ano, em Brasília. Na ocasião, ele foi alvo de outra operação da PCDF, a Falso Coach, em que ele era suspeito de vender armas ilegalmente e forjar documentos para ter registros de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), concedido pelo Exército a civis para obtenção de armamento.

Na altura da prisão, o empresário atuava ainda como influenciador digital, com cerca de 420 mil seguidores no Instagram, plataforma em que mantinha fotos com Jair Renan.

Maciel também foi alvo em 2023 da Operação Succedere, que apurou a ocorrência de crimes tributários praticados por uma quadrilha especializada na emissão ilegal de notas fiscais.

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Maciel era também influenciador digital antes de ter sido preso (Foto: Instagram/Reprodução)

“Comparsa” de Maciel

O empresário foi alvo mais recente junto de Jair Renan da Operação Nexum, desmembrada das investigações anteriores para tentar desvendar agora um suposto esquema de fraudes com crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro para blindar o patrimônio dos envolvidos, conforme divulgado pela Polícia Civil do Distrito Federal.

O inquérito do caso indica que Maciel chegou a ter 10 registros de CPF para “ocultar seus extensos antecedentes criminais e passar falsa credibilidade à sociedade”, segundo apurou o g1 DF.

O portal ainda obteve da defesa do amigo de Jair Renan um posicionamento sobre o caso: ela diz que a narrativa da PCDF não condiz com a verdade e será esclarecida perante autoridade competente.

Na investigação da Nexum, a Polícia Civil trata Jair Renan como um “comparsa” de Maciel. O empresário foi alvo de um mandado de prisão, assim como um terceiro envolvido que está foragido e já era procurado anteriormente pelas autoridades por um assassinato em Planaltina, no Distrito Federal.

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Já o filho 04 de Bolsonaro foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Na residência dele em Balneário Camboriú foram recolhidos um HD, um celular e alguns papeis com anotações.

“A investigação apontou para a existência de uma associação criminosa cuja estratégia para obter indevida vantagem econômica passa pela inserção de um terceiro, ‘testa de ferro’ ou ‘laranja’, para se ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas ‘fantasmas’, utilizadas pelo alvo principal e seus comparsas”, escreveu a PCDF em nota sobre a operação.

A defesa de Jair Renan divulgou que ele está “surpreso, mas absolutamento tranquilo” com a operação. Afirmou ainda, em nota, que não havia tido até então acesso aos autos da investigação ou informações sobre os fundamentos da decisão.

Além de empresário, Maciel já foi instrutor de tiro de Jair Renan (Foto: Instagram/Reprodução)

Empresário do 04

Jair Renan havia apresentado Maciel Carvalho como seu novo empresário em julho do ano passado, ao conceder entrevista ao lado dele para o portal Metrópoles.

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O 04 de Bolsonaro posou para fotos de terno no escritório de Maciel na ocasião afirmando que a nova roupagem também nas redes sociais era uma instrução do empresário para parecer mais sério.

Maciel é citado na entrevista também como ex-pastor da Assembleia de Deus e advogado. Jair Renan afirmou na ocasião, no entanto, ter como advogado preferido Frederick Wassef, aliado de todo o clã Bolsonaro e atualmente investigado pela Polícia Federal (PF) no caso das joias do ex-presidente.

— Sem ficar com ciúme, tá bom, Maciel? — disse Jair Renan, aos risos, ao Metrópoles à época.

A entrevista ocorreu em Brasília, meses antes de Jair Renan se mudar para Balneário Camboriú. Da cidade no Litoral Norte catarinense, ele atua como auxiliar parlamentar pleno do senador Jorge Seif Júnior (PL), cargo comissionado com remuneração mensal de cerca de R$ 9,5 mil.

A mudança para Santa Catarina ainda tinha na mira a iniciação da carreira política de Jair Renan. O PL no estuda lançá-lo ao cargo de vereador nas eleições municipais de 2024.

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