O manezinho da Ilha, Israel Rocha Borba, aos 28 anos, tornou-se mestre em Administração Pública pela Columbia University, de Nova York, nos Estados Unidos, uma das universidades mais prestigiadas e caras do mundo. Além do seu diploma de mestrado, Israel recebeu o Prêmio Isaac Anderson Rauch, que reconhece o melhor projeto de conclusão de curso em sua turma, por uma pesquisa sobre financiamento das cidades para se prepararem para mudanças climáticas.
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Natural do Campeche, seu projeto final premiado é intitulado “Instrumentos para financiamento internacional de projetos de resiliência e mitigação climática para a cidade de Buenos Aires”. No trabalho, Israel liderou uma equipe de alunos para investigarem como as cidades podem buscar investimentos internacionais para projetos de adaptação às mudanças climáticas.
Israel já era formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, mas antes disso, aos 17 anos participou do Programa Jovens Embaixadores, um projeto que seleciona estudantes de escolas públicas para um intercâmbio de um mês nos EUA. Além disso, em 2016 ajudou na fundação da ONG Youth for Human Rights Brasil, e teve a oportunidade de discursar na abertura da Conferência da Juventude pelos Direitos Humanos, na sede da Organização das Nações Unidas.
Finalmente, aos 26 anos, o manezinho iniciou seu mestrado na Columbia University. Para ingressar na instituição, Israel precisou realizar um complexo processo seletivo, composto de testes de proficiência de inglês, e uma prova de matemática e raciocínio chamada GRE (Graduate Record Examination). Depois disso, precisou enviar três cartas de recomendação, currículo e diversas cartas de intenção e história pessoal.
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Depois de todo este processo, o estudante ainda precisou enfrentar o desafio financeiro de bancar uma das instituições de ensino mais caras do mundo:
— Por mérito, recebi uma bolsa de estudos da própria universidade, que pagou quase toda a mensalidade, e com apoio de amigos, vaquinha e doadores consegui pagar os custos lá. Além disso, trabalhei na Capela do Campus para conseguir pagar meu aluguel e alimentação. Não é um processo simples, mas com certeza é uma experiência única e muito transformadora — relata Israel.
Assim, Israel pôde se graduar com mérito em um dos melhores cursos de Relações Internacionais e Administração Pública do mundo, na mesma instituição em que estudaram figuras renomadas como os ex-presidentes Theodor Roosevelt, Franklin D. Roosevelt e Barack Obama.
— Sou filho de pedreiro e professora, e tenho orgulho em dizer que isso me levou longe — comemora o estudante catarinense.
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O estudo sobre mudanças climáticas pode ser aplicado no Brasil
Durante seu mestrado, Israel se dedicou em estudar como as cidades podem potencializar sua captação de recursos financeiros, para melhor executar os projetos municipais, onde o impacto na vida das pessoas é mais direto. Assim, ele percebeu que a cidade de Buenos Aires se encaixava em sua pesquisa e resolveu se aprofundar no tema das mudanças climáticas.
Apenas 22% das cidades brasileiras estão preparadas para mudanças climáticas, diz CNM
Dessa forma, Israel se inscreveu para um projeto de conclusão de curso chamado Capstone, que já contava com a parceria do Governo e outras instituições. O estudante foi selecionado para liderar, em parceria com uma colega francesa-colombiana, um time de nove integrantes, vindos de sete países diferentes para desenvolverem o estudo premiado.

E apesar do estudo de Israel ser focado na cidade de Buenos Aires, o catarinense diz, com propriedade, que seu estudo pode ser aplicado nas cidades brasileiras. Além disso, ele acredita que o Brasil tem capacidade de liderar essa discussão no mundo, e de apresentar para outros países um plano nacional robusto de adaptação e para mitigação das mudanças climáticas.
— As mudanças climáticas nunca estiveram entre as prioridades do governo. A situação do Rio Grande do Sul agora está fazendo essa pauta mais tangível para as pessoas, e a tendência é evidenciarmos ainda mais exemplos do impacto dessas mudanças. O Brasil tem potencial de liderar projetos de infraestrutura verde, planos de emissão zero de carbono e políticas públicas de transição para uma economia verde, que respeite o meio ambiente e mude a lógica de como interagimos com a natureza. É possível, basta unirmos governo, empresas e a sociedade em geral — diz Israel.
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*Sob supervisão de Andréa da Luz
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