Concentração, estratégia e persistência são componentes imprescindíveis para se obter êxito em uma partida de xadrez. Para Willian Henrique Hille, 20 anos, a prática transcende os limites do tabuleiro. Enxadrista desde criança, já aos 13 anos, o garoto fez história ao ser o jogador mais jovem a receber o título internacional de Arena Grand Master reconhecido pela Federação Internacional de Xadrez (Fide), quando enfrentou adversários mais velhos e experientes.

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​Desde 2019, Hille ocupa o 1º lugar do Brasil na modalidade bullet chess, em que cada jogador tem apenas um minuto para finalizar a partida, também foi vice-campeão brasileiro Sub-14 de xadrez clássico em 2015 e chegou a ocupar o 15° lugar no ranking Global de Bullet.

O jovem já surpreendeu grandes nomes do xadrez. Ele derrotou o atual campeão mundial da categoria Blitz, Maxime Vachier Lagrave, além de Hikaru Nakamura, considerado número 1 de Blitz pela Fide, e Wesley So, campeão mundial de xadrez 960, entre outros do top 10 mundial.

Mesmo com esse vasto currículo, o que mais impressiona é que o jovem leva o esporte como hobby. Os planos dele não incluem deixar o esporte, mas ele pretende mesmo seguir carreira no direito. 

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– Não sei se vou conseguir conciliar tudo e, para profissionalizar no esporte, teria que dedicar a vida toda no xadrez – explica.

Estratégia e satisfação 

Metódico, para a entrevista Hille posicionou os peões na posição final em que recentemente deu “match” em Wesley So, visto como grande mestre do xadrez. Outra vitória marcante para ele foi contra Nakamura, conhecido por ser o melhor jogador em ritmos Bullet e Blitz on-line.

Jovem venceu nomes como Nakamura e Wesley So, mestres do xadrez
Jovem venceu nomes como Nakamura e Wesley So, mestres do xadrez (Foto: Patrick Rodrigues, NSC)

Quando vai enfrentar grandes nomes, o jovem conta que treina mais intensamente, analisa jogadas, possibilidades e estratégias. Mas, apesar de preparado, confidencia que o nervosismo é inevitável.

— Nakamura, por exemplo, é especialista no “xadrez rápido”. Na internet, ele domina, por isso fiquei tão nervoso. Mas é sonho realizado, não tem sensação melhor do que jogar com esses caras que eu sempre acompanhava. Wesley So mesmo, desde o começo, quando estava na construção pra chegar ao top 10. Então é uma grande satisfação — comenta o joinvilense. 

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Ritmos e rotina

Há três ritmos de xadrez que são reconhecidos pela Fide: o bullet, o blitz (menos de dez minutos de partida) e o clássico (mais de uma hora). Hille diz que costuma jogar mais a primeira categoria, mas tem familiaridade com todas.

Apesar de experiente, jovem tem outros planos em mente para o futuro
Apesar de experiente, jovem tem outros planos em mente para o futuro (Foto: Patrick Rodrigues, NSC)

O jogador divide a rotina entre leituras de livros sobre conceitos e posições do esporte e estudos de finais teóricas, onde analisa a possibilidade de suas jogadas e simula possíveis passos dos adversários quando restam poucas peças no tabuleiro. Além disso, dedica diariamente 40 minutos para resolver exercícios de combinações.

— Leio também partidas comentadas, que agregam no conhecimento do conceito, posições e conciliação de cálculos. É uma loucura, matemática pura — destaca o jovem. 

Apesar de bastante dedicado, o enxadrista também tem hábito de jogar futebol de salão, tênis de mesa e tem apreço por “esportes da mente” ou e-Sports, como LoL e Valorant.

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— Mas o xadrez me fascina mais pela sua complexidade, possibilidades infinitas e, também, pelo valor cultural e social, fazendo com que transcenda suas 64 casas. O xadrez é jogo, esporte, arte, ciência… sendo um propulsor criativo, que realça para o desenvolvimento da memória, capacidade de concentração e velocidade de raciocínio — complementa. 

Como começou e onde pretende chegar 

O contato de Hille com o esporte partiu da observação que fazia quando o pai e o irmão jogavam durante os campeonatos que participavam. O pai, inclusive, já foi campeão estadual, e o irmão conquistou título de bicampeão brasileiro escolar.

— Aprendi a jogar apenas observando, por sempre estar acompanhando o movimento das peças, acabei memorizando o padrão e, com isso, tive o meu primeiro contato com o esporte. Com meu irmão, eu tinha um nível parecido, mas meu pai era muito mais forte, mas, depois de três anos, já bati ele — conta, aos risos. 

Para o futuro, Hille pretende jogar o próximo Floripa Chess Open 2023, do qual já está inscrito. Mas, antes, para adquirir mais ritmo de jogo no xadrez convencional, quer disputar o Niterói Chess Open e participar dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBS).

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Apesar de o esporte ser um hobby para ele, o joinvilense se considera competitivo e ainda tem muitas pretensões na área, principalmente representar o Brasil em campeonatos internacionais, já que, até hoje, só disputou partidas dentro do país.

— Quero alcançar um título presencial ainda, de mestre internacional. Só que isso exige muitos requisitos, como frequentar torneios e também número de bandeiras. Isso significa jogar contra enxadristas estrangeiros e titulados. Quero muito ir aos Estados Unidos, onde se reúnem os melhores jogadores, por causa do patrocínio – vislumbra o joinvilense. 

Joinvilense almeja conquistar título presencial de mestre internacional
Joinvilense almeja conquistar título presencial de mestre internacional (Foto: Patrick Rodrigues, NSC)

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