O ex-senador preso por suspeita de ser o mandante do assassinato da mãe da própria filha é Telmário Mota, que ocupou o cargo por oito anos após ser eleito por Roraima. Ele era procurado pela Polícia Civil local e acabou encontrado em outro Estado, no município de Nerópolis (GO), na região metropolitana de Goiânia, na noite dessa segunda-feira (30). O ex-parlamentar afirmou às autoridades ser inocente.

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Telmário Mota é economista e foi vereador de Boa Vista, capital de Roraima, antes de chegar ao Congresso Nacional. Ele foi eleito senador pelo PDT, em 2015. Em 2018, já filiado ao PTB, Mota entrou na corrida para governador roraimense, mas perdeu. No ano passado, ele buscou se reeleger ao Senado Federal, em candidatura pelo PROS, mas também acabou não sendo escolhido pela maioria dos eleitores.

Além de ser investigado por supostamente ter ordenado a morte de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, com quem teve uma filha, Mota é acusado de estupro contra a menina, quando ela tinha 17 anos.

Antônia foi morta em 29 de setembro deste ano, três dias antes de depor à Polícia Civil sobre o caso de estupro contra a filha, conforme noticiou o g1. A principal linha de investigação é que a mulher tenha sido executada justamente por conta do depoimento.

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Na ocasião em que a denúncia de estupro veio a público, o ex-senador negou e afirmou que a adolescente teria “problemas psiquiátricos”. Havia desde então uma medida protetiva contra ele para que não se aproximasse da familiar. Antônia se manteve ao lado da filha.

Como foi a prisão do ex-senador

Outros dois homens também são suspeitos pela morte de Antônia: Harrison Nei Correa Mota, sobrinho do ex-senador, apontado como responsável pelo planejamento e logística do crime, e Leandro Luz da Conceição, que seria o executor do assassinato.

Além das prisões, a Justiça de Roraima autorizou buscas em sete endereços ligados aos investigados. A operação foi organizada pela Polícia Civil do Estado, com apoio da Polícia Militar, da Secretaria de Segurança Pública e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Os mandados foram cumpridos em Boa Vista, Caracaraí e Brasília.

Os policiais estiveram na fazenda do ex-senador, em Roraima, onde o crime teria sido arquitetado, mas ele não foi encontrado na propriedade. O mandado, cumprido horas depois em Goiás, é de prisão temporária.

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Antônia foi morta com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro no bairro Senador Hélio Campos, na zona oeste de Boa Vista, por dois homens em uma moto. Ela foi abordada quando saía de casa para trabalhar. Um deles perguntou seu nome e, ao confirmar a identidade, atirou.

A arma do crime, uma pistola, não foi encontrada. O homem que dirigia a moto também não foi identificado. Já o atirador, Leandro Luz da Conceição, segundo os investigadores, tinha experiência em tiro, porque o único disparo foi certeiro.

Duas pessoas próximas a Telmário Mota o colocaram no centro das suspeitas da Delegacia Geral de Homicídios. Uma assessora de longa data do ex-senador foi vista indo entregar a moto aos assassinos um dia antes do crime. Os investigadores também descobriram que a moto foi comprada pelo sobrinho do ex-senador.

A assessora, Cleidiane Gomes da Costa, não foi presa nesta etapa, mas deve cumprir medidas cautelares, como a proibição de contato com os investigados e o uso de tornozeleira eletrônica. Ela confessou, em interrogatório, que monitorou e passou informações sobre a rotina da vítima ao ex-senador nos dias que antecederam o crime.

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A reportagem da Agência Estado buscou contato com o ex-senador, mas não obteve retorno ao menos até esta publicação. O espaço está aberto para eventual manifestação.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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