Botafogo e Flamengo fazem o principal jogo da 22ª rodada neste sábado, às 21h. Assim como em 2023, as duas equipes estiveram em alta na década de 1970 e um jogador de Santa Catarina, foi o responsável por ser o carrasco e acabar com a maior invencibilidade das duas equipes, sendo 52 jogos para cada, que é considerada a maior invencibilidade da história do futebol brasileiro.
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A história de Renato Luís de Sá Filho, mais conhecido como Renato Sá, começou ainda no futsal até que recebeu um convite para fazer um teste no time profissional do Avaí. Na época, o jovem natural de Tubarão, no Sul catarinense, ainda se dividia entre o trabalho no bairro Campeche, em Florianópolis, e as quadras.
– Além da insistência, me ofereceram um contrato de três meses de experiência e eu fui. O treinador olhou, perguntou como eu jogava e disse que não sabia porque era do salão. Depois, me colocaram na ponta esquerda, eu dei o gás e logo me destaquei – relembra.
Entre as partidas de brilho pelo Leão da Ilha, foi em um Grêmio e Avaí, no Estádio Orlando Scarpelli, em 1977, que Renato Sá chamou atenção do técnico Telê Santana, então técnico do Tricolor.
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– Eu fui jogar no Orlando Scarpelli, contra o Grêmio, e fiz um golaço de voleio. Foi nesse momento que chamei atenção dele [Telê Santana] e pediu a minha contratação – relembra.
Catarinense quebra invencibilidade do Botafogo jogando pelo Grêmio
O pedido foi atendido e Renato Sá vestiu a camisa do Imortal em 1978. Naquele mesmo ano, enfrentou o Botafogo que vinha de 52 jogos sem derrotas ao longo de 10 meses, entre 21 de setembro de 1977 até 16 de julho de 1978.

– Foi o meu primeiro jogo no Maracanã e eu estava bem nervoso. O Botafogo estava entrosado, mas o nosso time também era bom e tinha jogadores importantes como o Tarciso. Na ocasião, eu fiz dois gols, sendo o segundo um golaço. Eu bati da esquerda, sem ângulo. Além disso, eu também dei uma assistência no jogo que estava lotado – contou.
Festa do Flamengo encerrada com apenas 9 minutos
No ano seguinte, Renato Sá foi jogar pelo Glorioso para enfrentar um poderoso Flamengo de Zico, Júnior e Cia, que ameaçava o recorde do Botafogo com os mesmos 52 jogos de invencibilidade. O cenário foi o mesmo Maracanã com 140 mil pessoas em um jogo válido pelo Campeonato Carioca.
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– Eu não consegui dormir na noite anterior. A Rede Globo me entrevistou falando sobre o recorde e eu fiquei muito tenso. Além disso tudo, eu estava deitado em um treliche na concentração e tinha mosquito, que dificultou ainda mais o sono. Eu literalmente não consegui dormir. Na hora que chegamos no estádio, entramos no vestiário, o concreto tremendo e escutava “Mengo, Mengo, Mengo”. O vestiário foi um silêncio até entrar no campo, que aí é 11 contra 11 – relembra.

Além do apoio da torcida, os jogadores do Flamengo receberam uma medalha comemorativa pelo recorte de invencibilidade. Porém, a comemoração durou apenas nove minutos até que o ponta-esquerda Renato Sá recebeu na entrada da área e bateu de voleio para a bola ir rasteira no canto esquerdo do goleiro Cantarele.
Na sequência, a equipe comandada por Joel Martins da Fonseca precisou segurar o poder ofensivo Rubro Negro em busca do empate.
– O gol saiu no início do jogo e aí eu fiquei maluco. O Borrachinha era o nosso terceiro goleiro e precisou começar jogando porque tivemos problema com os outros dois, mas ele pegou bastante. Era muito chute do Zico, Carpegiani e do Andrade. Nós jogamos praticamente sem a bola. Foi uma loucura – contou.
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Após marcar história com a camisa do Botafogo, Renato Sá ainda passou por Vasco, Grêmio, Atlético-MG e também o Athletico-PR. Ao longo desses anos, o catarinense afirma que o clube que mais marcou a sua carreira foi o Tricolor Gaúcho, onde conquistou um Campeonato Brasileiro de 1981, sendo o autor da assistência do gol do título.