Condenado a 19 anos de prisão pela Lava-Jato, Marcelo Bahia Odebrecht é considerado o nono homem mais rico do Brasil. Com uma fortuna estimada em R$ 13,1 bilhões em agosto do ano passado, segundo a revista Forbes, Marcelo faz parte da terceira geração da família que dá nome à maior empreiteira do país.

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Neto de Norberto, fundador da Odebrecht em 1944, e filho do ex-presidente Emílio, Marcelo foi preparado desde criança pelos antecessores para assumir o comando do conglomerado familiar. Sua gestão na presidência iniciou em 2008 e foi interrompida oficialmente sete anos depois, com sua prisão. O executivo havia entrado na empresa em 1992, quando concluiu o curso de Engenharia na Bahia e trabalhou na construção de um prédio na capital do Estado, Salvador.

Chamado de “Príncipe” pelos demais empreiteiros do esquema de corrupção na Petrobras, os investigadores sequer acreditavam que ele ficaria encarcerado por muito tempo. Estavam errados: 263 dias se passaram e nem alguns dos mais conceituados advogados do país conseguiram tirar Marcelo da cadeia.

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As investigações envolvendo o empresário respingam também no Rio Grande do Sul. Embora não seja responsável atualmente pela execução de obras no Estado, que estão nas mãos de outras empreiteiras – algumas delas também envolvidas na Lava-Jato, como UTC (duplicação da BR-116, lotes 1 e 2) e Queiroz Galvão (segunda ponte do Guaíba) — a Odebrecht é investigada por supostamente ter superfaturado em R$ 47,4 milhões a dragagem dos acessos ao porto de Rio Grande, uma importante obra no setor portuário brasileiro.

Além disso, a Odebrecht é uma das donas da Braskem, companhia que controla o polo petroquímico de Triunfo e que foi alvo de busca e apreensão no mesmo dia em que Marcelo foi preso.

Marcelo Odebrecht condenado a mais de 19 anos de prisão

Grupo de capital fechado, a Odebrecht atualmente é formada por 14 empresas na área de projetos de infraestrutura e energia, três fundos de investimento e cinco empresas auxiliares. A receita anual é de R$ 96,9 bilhões. Acossado pelas investigações da Lava-Jato, o império enfrenta dificuldades. Desde o final do ano passado, a Odebrecht colocou à venda um pedaço de sua empresa de saneamento, a Ambiental, uma das maiores do ramo no país, avaliada em cerca de R$ 6 bilhões.

Além de impactar no futuro da empreiteira, a prisão do “poderoso chefão” foi considerada um marco da Lava-Jato. Às 5h30min do dia 19 de junho de 2015, uma equipe da Polícia Federal levou Marcelo para trás das grades. Foi a 14ª fase da Operação, batizada de Erga Omnes — “vale para todos”, em latim.

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O GRUPO ODEBRECHT

Receita: R$ 96,9 bilhões

Lucro líquido: R$ 498 milhões

Funcionários: 168 mil diretos e 108 mil terceiros

Empresas: possui 14 empresas na área de projetos de infraestrutura e energia, três fundos de investimento e cinco empresas auxiliaresSedes: atua no Brasil e em outros 27 países

Obras feitas (até setembro de 2015): 64 usinas hidrelétricas, 17 usinas térmicas, 2 usinas nucleares, 799 obras e edificações, 313 rodovias, 1.526 pontes e viadutos, 369 túneis, 23 linhas de metrôs e trens, 35 ferrovias, 43 aeroportos, 53 portos, 440 obras industriais, 73 estruturas offshore para plataformas, 19 obras de gasodutos e oleodutos, 202 estações de tratamento, 176 obras de tubulações, 37 projetos de irrigação, 3 linhas de teleférico

Endividamento: R$ 98 bilhões (informação divulgada pela Folha de S. Paulo e não confirmada pela empresa)

FONTE: dados informados em 2015 pela Odebrecht

À tarde, a defesa de Marcelo Odebrecht emitiu uma nota comentando a condenação. Veja, na íntegra:

“A sentença condenatória proferida contra Marcelo Odebrecht é manifestamente iníqua e injusta porque não encontra fundamento nas provas produzidas nos autos da ação penal, como antecipadamente demonstrou a defesa em suas alegações finais, cuja fundamentação passou ao largo da decisão agora divulgada: os delatores isentaram Marcelo Odebrecht; os corréus isentaram Marcelo Odebrecht; as testemunhas isentaram Marcelo Odebrecht; e os documentos produzidos não vinculam Marcelo Odebrecht a qualquer ilícito investigado na Operação Lava Jato. Com efeito, com o devido respeito, a condenação imposta só pode ser concebida como grave erro judiciário ou como expressão de puro arbítrio do julgador. A defesa de Marcelo Odebrecht continuará lutando por sua liberdade e por sua inocência perante as instâncias superiores, estando, mais do que convicta, certa de que a justiça prevalecerá com a sua completa absolvição.

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Brasília, 08 de março de 2016 – Nabor Bulhões”