Chiquinho Brazão (ex-União Brasil) foi preso pela Polícia Federal na manhã de domingo (24) por ser um dos suspeitos de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ele foi preso junto do irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e do delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de planejarem e serem mandantes da morte de Marielle e Anderson. A defesa dos três nega o envolvimento no caso.
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Chiquinho foi vereador carioca pelo MDB durante 12 anos. Nos dois primeiros anos de mandato de Marielle, entre 2016 e março de 2018, quando foi assassinada, ele foi colega da vítima na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
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Entre um dos três citados na delação premiada de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, Chiquinho alegava ter um bom convívio e relação com a vereadora nos dois anos que trabalharam no mesmo local.
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Vitória para Deputado Federal
No ano de 2018, Chiquinho foi eleito para a Câmara dos Deputados pelo Avante. Em 2022, foi reeleito para a Casa legislativa pelo União Brasil. Em 2023, ele assumiu a Secretaria Especial de Ação Comunitária, na gestão do prefeito Eduardo Paes (PSD). O deputado, no entanto, permaneceu poucos meses no cargo, saindo em fevereiro deste ano.
Chiquinho foi um dos apoiadores na eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chegando a receber passaporte diplomático durante o governo do então Presidente da República. No entanto, Bolsonaro negou ter influenciado na liberação do passaporte para o deputado.
Citado em depoimento
Seu nome passou a chamar atenção depois que seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, apareceu no depoimento do miliciano Orlando Curicica sobre o crime, à Polícia Federal.
Orlando foi um dos chefes da milícia em Jacarepaguá, lugar considerado território político da família Brazão. O miliciano informou à PF em 2019 que participou de um encontro no Rio em que um dos chefes do “Escritório do Crime” e um policial militar que trabalhou como assessor de Domingos Brazão, discutiram o assassinato da vereadora Marielle Franco, no seu entendimento.
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No relatório da Polícia Federal daquele ano, a corporação afirma que — Domingos Inácio Brazão é, efetivamente, por outros dados e informações que dispomos, o principal suspeito de ser o autor intelectual dos crimes contra Marielle e Anderson — informa o documento.
Quando era vereador, Chiquinho Brazão se reuniu com o miliciano Cristiano Girão, no dia 7 de março de 2018, uma semana antes da execução de Marielle. Preso desde 2021, Girão foi condenado por ser chefe de uma milícia na Zona Oeste da cidade que tomou o controle de área antes dominada por traficantes do Comando Vermelho.
A citação de Chiquinho na delação de Ronie Lessa foi, no entanto, o que levou o caso ao Supremo Tribunal Federal, já que o deputado tem foro privilegiado.
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