O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que é alvo de buscas nesta quinta-feira (25), já foi delegado da Polícia Federal e chegou a ser nomeado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para chefiar a instituição. No entanto, uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impediu que Ramagem assumisse o cargo. As informações são do g1.

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Ainda segundo o g1, Ramagem é suspeito de usar a Abin para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre autoridades espionadas estavam a ex-deputada Joice Hasselmann, o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT) e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia.

Nesta quinta-feira (25), o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo da decisão que autorizou a operação da Polícia Federal para apurar suposta espionagem ilegal pela Abin, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Quem é Alexandre Ramagem

Ramagem entrou para a Polícia Federal como delegado em 2005 e foi chefe da equipe de segurança de Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018, logo depois do atentado a faca na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

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Desde então, se tornou um amigo próximo da família do então presidente. Ficou responsável pela gestão da Abin de julho de 2019 a março de 2022. Em 2022, foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro.

Suspensão de posse na PF com nome no Diário Oficial

Ramagem e Bolsonaro em julho de 2019. (Foto: Carolina Antunes, PR)

Mesmo tendo a confirmação de seu nome para comandar a Polícia Federal no Diário Oficial da União do dia 28 de abril, Alexande de Moraes decidiu suspender a nomeação no dia seguinte. A decisão foi tomada poucas horas antes da cerimônia de posse, em ação movida pelo PDT.

Além dessa ação, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) havia protocolado uma ação popular para impedir que Ramagem assumisse o cargo. A Rede Sustentabilidade também protocolou ação na Justiça Federal de Brasília, de acordo com informações do líder do Senado, Randolfe Rodrigues (AP).

Depois da suspensão da nomeação, o presidente Jair Bolsonaro tornou sem efeito o decreto que havia nomeado Ramagem como diretor-geral da PF. Mas, no mesmo dia, afirmou ter certeza de que ter Ramagem como diretor da PF seria um sonho, que ”brevemente se contretizará, para o bem da PF e do Brasil”.

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Relação próxima com filhos de Bolsonaro

Ramagem passou o Réveillon de 2019 com Carlos Bolsonaro. (Foto: Reprodução)

Em 2019, durante as comemorações de Réveillon, Ramagem foi fotografado ao lado de Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente.

Bolsonaro chegou a falar publicamente da relação de Ramagem com seus filhos.

— Ele ficou novembro e dezembro, praticamente, na minha casa. Dormia na casa da vizinha, tomava café comigo, aí tirou fotografia com todo mundo. Foi no casamento de um filho meu… Não tem nada a ver a amizade dele com o meu filho, meu filho conheceu ele depois. E eu confio, passei a acreditar no Ramagem, conversava muito com ele, trocava informações. Demonstrou ser uma pessoa da minha confiança, então a partir do momento que eu tenho uma chance de indicar alguém pra PF, por que não o indicaria? — questionou Bolsonaro.

Ramagem em Secretaria do Governo

Ainda no início do mandato de Bolsonaro, o delegado foi nomeado assessor do então ministro Santos Cruz na Secretaria de Governo, pasta que fica no Palácio do Planalto, em março de 2019.

Ele foi mantido na Secretaria, como assessor do novo ministro, Luiz Eduardo Ramos, após a demissão de Santos Cruz em junho de 2019.

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Em julho, Ramagem foi escolhido por Bolsonaro para ser diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), pasta vinculada ao gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, e comandada na época pelo ministro Augusto Heleno.

Segundo o GSI, a Abin produz informações para embasar decisões do presidente da República de forma rápida. Durante a posse, o presidente se referiu a ele como “um amigo que conheci há pouco tempo”.

Deixou a Abin em março de 2022, para concorrer à Câmara dos Deputados. Se elegeu pelo PL com 59 mil votos. Na Polícia Federal (PF), o ex-delegado comandou as divisões de Administração de Recursos Humanos e de Estudos, Legislações e Pareceres, atuando na área de coordenação de eventos como a Copa do Mundo de 2014, a Olimpíada de 2016 e a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.

Demissão de chefe anterior

Ramagem assumiu o comando da corporação após Bolsonaro demitir o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, precipitando a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça, ao qual a corporação estava subordinada.

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No anuncio de sua saída, Moro afirmou que Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF ao demitir Valeixo. O presidente negou a acusação, dizendo que Moro propôs aceitar a exoneração do diretor-geral da corporação em troca de uma indicação ao STF. A afirmação foi negada por Moro.

Para provar a interferência, o ex-ministro exibiu uma imagem que mostrava que o presidente teria lhe enviado, pelo celular, o link de uma reportagem do site “O Antagonista” segundo a qual a PF está “na cola” de dez a doze deputados bolsonaristas. O presidente seguiu as mensagens falando que “Mais um motivo para a troca”, referindo-se à mudança na direção da Polícia Federal.

Moro respondeu ao presidente explicando que a investigação não tinha sido pedida pelo então diretor da PF, Maurício Valeixo.

No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a permanência das equipes da Polícia Federal que tocam os inquéritos que ele preside, mesmo com a mudança no comando da PF.

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