Após nove juízes da comarca de Tubarão se declararem suspeitos para julgar um dos processos da Operação Mensageiro, uma magistrada de uma cidade vizinha foi designada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) para assumir o caso. A ação apura especificamente os fatos relacionados ao ex-prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP), ao ex-vice, Caio Tokarski (União Brasil) e a um ex-secretário no âmbito da investigação, que tem como alvo o suposto pagamento de propina por vantagens em contratos de coleta de lixo com cidades de SC.
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A juíza Gabriella Matarelli Calijorne Daimond Gomes, titular da 2ª Vara da Comarca de Jaguaruna, começou a atuar nesta semana no caso. Na sexta-feira (21), foi publicada a primeira decisão da magistrada no processo. Ela negou um pedido de revogação da prisão preventiva feito pela defesa do ex-vice-prefeito Caio Tokarski. Foi a primeira tentativa de soltura feita pelos advogados após Caio renunciar ao cargo, no dia 11 deste mês.
Gabriella é natural de Sabará, em Minas Gerais, e tomou posse como juíza substituta no Poder Judiciário de Santa Catarina em julho de 2018. Antes de começar a atuar em Jaguaruna, trabalhou também na Comarca de Joinville. No Norte de SC, a magistrada exerceu atividades também no Juizado Especial Criminal e Delitos de Trânsito (Jecrim).
Um material de divulgação do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) informa que ela teve a promoção para a comarca de Jaguaruna aprovada em março deste ano. A comarca é responsável também por processos das cidades vizinhas de Treze de Maio e Sangão.
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Questionado pela reportagem sobre mais informações da trajetória da nova juíza do caso, o Tribunal de Justiça de SC respondeu em nota entender que “para garantir um julgamento justo, ágil e imparcial, o ideal — nestas circunstâncias — é evitar maior exposição da figura pessoal da magistrada, deixando-a tranquila para julgar, com atenção exclusiva ao processo e sua tramitação”.
Segundo a assessoria do TJSC, embora tenha passado a ser comandado pela juíza que atua em Jaguaruna, o processo contra Joares Ponticelli e Caio Tokarski continuará a tramitar na comarca de Tubarão. Andamentos como trâmites de cartório continuarão a ocorrer na cidade. A magistrada vai participar nas decisões que competem ao juiz.
TJSC vai apurar declarações de suspeição
No início da semana, ao informar que a juíza de Jaguaruna assumiria o caso, o TJSC informou que vai apurar o fato de todos os nove juízes da comarca de Tubarão terem se declarado suspeitos de julgarem o processo contra o ex-prefeito e o ex-vice. O tribunal reconheceu que a prática faz parte da legislação e dispensa justificativa, mas definiu como “inusitada” a situação ocorrida na cidade e informou que um procedimento está sendo instaurado para apurar os fatos.
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