Betina de Bem é a enóloga responsável pela vinícola Quinta da Neve, vencedora do concurso italiano Cerven, de viticultura de altitude. Mas, a história dessa jovem apaixonada pelos vinhedos começou bem antes. Criada na Serra catarinense, a lageana Betina de Bem tem raízes em São Joaquim. Ela conta que sempre amou estar em contato com a natureza, no sítio, na mata em meio às plantas e aos animais.

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Dividida entre a cidade e o campo — os pais eram donos de uma farmácia em Lages, e ao mesmo tempo mantinham a produção de batata semente, depois o pomar de maçãs e a pecuária na fazenda em São Joaquim —, ela optou pelo agro.

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— Pensei inicialmente em cursar Biologia. Muito estudo para ingressar na Universidade Federal de Santa Catarina, e lá estava eu, aprovada. Porém não era como pensava. Vi que na Biologia não teria o conhecimento para um dia tocar os negócios da família. Tranquei a faculdade e fui passar uns meses trabalhando nos Estados Unidos com a minha irmã — conta ela.

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Quando retornou ao Brasil, Betina estava certa de que cursaria Agronomia.

— Ali me encontrei. Transferi o curso continuando na UFSC. Lá pela sexta fase, fui em busca do professor de fruticultura, pensando nas maçãs do meu pai. E não é que encontrei o mundo da uva no meu caminho? — ressalta.

Veja fotos de Betina de Bem, enóloga catarinense


Vida acadêmica

Foi inspirada pelos estudos do professor Dr. Aparecido Lima da Silva que coordenava o grupo do Núcleo de Estudos da Uva e do Vinho (NEUVIN), que resolveu dedicar-se a essa cultura.

— Ali me encantei com o cultivo da uva para elaboração de vinhos finos de alta qualidade, bem ali na “minha” Serra catarinense. Foi um amor sem volta, e não só uma profissão, mas um estilo e dedicação de uma vida dali em diante. Fiz meu estágio final na vinícola da Sanjo e depois prestei prova para ingressar no mestrado do Centro Agroveterinário (Udesc/Lages) — explica ela.

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Betina conta que na reunião prévia com o orientador professor Dr. Léo Rufato, ela afirmou que gostaria de trabalhar com uvas finas e elaboração de vinhos.

— Não havia outro tema para mim. Meu caminho já estava traçado. E quando fui selecionada como bolsista do programa de pós-graduação em Produção Vegetal assumi a vinícola experimental, conduzindo diversos experimentos e trabalhos nessa área. Dois anos de muito aprendizado seguidos de mais quatro anos de doutorado, avaliando sistemas de condução e doenças da videira e sua influência na qualidade dos vinhos — conta ela.

As portas foram se abrindo para a dedicada jovem que, durante o doutorado, teve a oportunidade de fazer o “sanduíche” na Itália, na Fundazione Edmund Mach no Alto A’dge Trentino, um dos maiores centros de estudo da uva e do vinho da Europa.

— Foi uma experiência única onde criei laços com amigos pesquisadores, orientadores, enólogos, produtores e nos finais de semana vagos estava sempre dentro das cantinas, degustando, aprendendo e trabalhando. Uma vida dos sonhos pra mim — afirma.

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De volta ao Brasil, ela foi aprovada no concurso para professora do curso de Viticultura e Enologia do Instituto Federal de Santa Catarina, em Urupema, onde ministrou aulas para o ensino superior por dois anos. Com toda bagagem e conhecimento Betina tinha muita vontade de largar um pouco a sala de aula para se aventurar na produção.

A produção de vinhos

— Era mais um passo de coragem. Sempre com um foco de empreendedora e com o suporte da família, iniciei meus primeiros vinhedos em 2019. Na pandemia, me mudei oficialmente para São Joaquim e para nosso sítio para realizar o início do meu sonho: a Villa de Bem.

— Porém, em 2021 a pioneira e tradicional vinícola Quinta da Neve passou por uma troca societária e surgiu o comentário que eu estaria morando em São Joaquim e seria um nome para tocar o empreendimento. E assim ocorreu, com grande confiança dos sócios, pude colocar todo meu conhecimento ali, tanto nos vinhedos como dentro da cantina, onde tive consultoria de grandes enólogos — explica.

Foi dessa forma, que Betina ajudou no processo de recriação da Quinta da Neve, buscando muita qualidade nos vinhos produzidos, mantendo os já consolidados como o Sauvignon Blanc e mostrando seu estilo em novas propostas.

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— Disso tudo já ganhamos diversas premiações no Brasil e exterior, com a maior delas no concurso Cervim da Itália. Concorrendo com mais de 400 vinícolas de todo o mundo, tivemos o vinho mais premiado: nosso Touriga Nacional 2021/22. E dessa forma continuamos com muito trabalho e dedicação para levar nosso terroir catarinense para o mundo — conta, orgulhosa.

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