O incêndio florestal no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro será investigado e deve passar por perícia ainda nesta quinta-feira (12). Responsáveis pelo parque e coordenadores da operação contra o fogo por parte da Polícia Militar Ambiental e Corpo de Bombeiros já entraram em consenso de que deve se tratar de um incêndio criminoso, seja para limpeza de terreno para loteamentos irregulares ou para agropecuária.

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O local ainda sofre com um outro problema: as queimadas de entulho. O coordenador do parque, Carlos Cassini, conta que são comuns focos de incêndio causados por pessoas que queimam entulhos na beira das estradas que passam por dentro da área do parque. Na entrada da Estrada do Espanhol — um dos pontos onde o fogo tomou conta da vegetação na quarta-feira — uma placa indica que é proibido jogar lixo no local, afinal trata-se de uma reserva ambiental protegida. No entanto, em toda a extensão da estrada de chão é possível encontrar depósitos de entulho. Lixo comum, garrafas de plástico, televisores quebrados e até sofás, muitos já queimados pelo fogo.

A situação, segundo o morador Esmeraldo Gomes, de 65 anos, que vive em uma casa dentro da área do parque, é comum. Ele relata que os casos ocorrem sempre à noite, com pessoas que chegam de carro e deixam entulhos ou restos de galhos e árvores na beira da estrada. Às vezes os materiais são apenas deixados ali, às vezes o fogo é utilizado para dar fim ao lixo.

Nem toda a área do parque é cercada e, onde há alguma proteção, trata-se apenas de uma cerca simples que não evita a ação desses infratores. Durante o dia a coordenação do parque faz rondas pela região e evita esse tipo de crime ambiental, mas na madrugada a fiscalização se torna impossível.

OAB vai cobrar responsabilização pelo incêndio

A cobrança pela investigação das causas do incêndio, que já é tratado como o maior da história do Parque da Serra do Tabuleiro, é forte por vários órgãos envolvidos. Através de nota nesta quinta-feira à tarde, a OAB/SC também se manifestou sobre o caso:

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— É lamentável que a sociedade catarinense vivencie um episódio tão devastador para a fauna e flora de uma área preservada pela riqueza de seu bioma, inclusive com riscos para a comunidade. Se confirmada a intenção criminosa, é imperiosa a responsabilização dos envolvidos — afirmou o presidente da Ordem, Rafael Horn.

A OAB vai acompanhar o caso através da Comissão de Direito dos Desastres com protocolos de atuação preventivos e na elaboração de pareceres técnicos, estudos e acompanhamento de medidas judiciais.