Se 2013 acabasse hoje, poderia ser considerado o ano em que grandes músicos decidiram simplesmente fazer o seu melhor – e nada além. Foi assim com Nick Cave, foi assim com David Bowie e agora com o Queens of the Stone Age.

Continua depois da publicidade

A banda liderada por Josh Homme lança, quase três semanas depois do seu vazamento virtual, seu sexto álbum, …Like Clockwork, uma coleção de faixas com os elementos que a tornaram uma referência no rock na virada do século. E nada além.

Fazer mais do mesmo, claro, não significa queda de qualidade. Pode significar falta de disposição, esgotamento criativo ou medo de avançar. No caso do QOTSA, diminuir a rotação que vinha num crescendo desde o magnífico Songs for the Deaf (2002) está mais para vontade de se estabilizar. Se há 10 anos o Queens era o projeto de Josh Homme para espalhar o stoner rock pelo mundo sem restrições, hoje o vocalista está entre os grandes nomes do rock, frequenta programas de auditório populares e revistas importantes, é constantemente indicado como influência (Mastodon, Baroness, Arctic Monkeys) e virou amigo de figurões da música.

O Brasil, que até 2001 conhecia o QOTSA como “a banda do maluco que tocou pelado no Rock in Rio”, já assistiu a outros dois shows do grupo e foi o primeiro a ouvir as novas canções, na última edição do Lollapalooza, em março. Continuar pisando fundo poderia significar por tudo isso a perder – e quem ralou para sair dos subterrâneos não quer voltar para eles.

…Like Clockwork surge como um reflexo desse novo e inédito momento do QOTSA. Suas 10 faixas mantêm tudo aquilo que transformou a banda no que é hoje: instrumental pesado e arrastado (If I Had a Tail, My God is the Sun), flerte com as pistas de dança (I Sat By the Ocean), hinos de estádio (I Appear Missing), baladas (Like Clockwork) e convidados ilustres (de Elton John a Trent Reznor). Nada que já não tenham feito – e bem – na última década.

Continua depois da publicidade

Mas se Homme não trai sua causa, também não avança em nenhum desses assuntos. A sensação, para quem conhece os outros cincos discos, é de um permanente déjà vu. Para quem está chegando agora, no entanto, …Like Clockwork é um grande álbum de rock. Mas que poderia ser bem maior, poderia.