O dólar voltou a se valorizar frente ao real. Alegria para os exportadores, mas preocupação para os importadores e para quem tem despesas a pagar nessa moeda. Nos últimos 30 dias, o câmbio ficou 3,56% mais caro.
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Não é algo exclusivamente brasileiro. Os dois principais fatores que favorecem este comportamento são o prolongamento da crise na Europa e o temor do abismo fiscal nos Estados Unidos.
Se o Senado norte-americano, dominado por aliados de Obama, a Câmara de Representantes, predominantemente republicana, e o governo não chegarem a um acordo sobre o orçamento de 2013 e o déficit nas contas públicas até o final do ano, mecanismos de corte de despesas e aumento de impostos entrarão em vigor e tirarão US$ 600 bilhões da economia.
As contas desse cenário já estão sendo feitas: o fim da recuperação da maior economia mundial – o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta crescimento de 2,12% para 2013 e 2,94% para 2014; uma forte recessão, com possibilidade de deixar um décimo da população dos EUA sem emprego, segundo a agência de classificação de risco Fitch; e mergulhar o mundo em uma situação mais complicada do que está.
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A dificuldade de avanço nas negociações aumenta a procura por aplicações mais seguras. Isto faz o dólar ganhar preferência por ainda ser considerado uma forma de preservação de valor do dinheiro. A recente tensão entre israelenses e palestinos na Faixa de Gaza ajudou a reforçar a tendência à valorização da moeda norte-americana.
E o Brasil com isso
Uma série de fatores internos tem contribuído para que o dólar fique mais caro frente ao real. O principal é a sucessão de quedas na taxa básica de juros. Desde agosto de 2011, a meta para a Selic vem caindo.
Neste período, ela passou de 12,5% ao ano para 7,25% ao ano. Com isso, os papéis brasileiros ficam menos atraentes para os investidores, que tendem a trazer menos dinheiro para o País.
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Outro fenômeno, típico de fim de ano, é o aumento nas remessas das multinacionais instaladas no Brasil para as suas matrizes. É que, mesmo com a expectativa de um crescimento pífio para 2012, a economia brasileira tem mostrado um desempenho muito melhor do que outros mercados, como o europeu. Daí a necessidade de as empresas estrangeiras reforçarem seu caixa com os resultados obtidos por aqui.