O que era para ser uma exceção tem se tornado rotina para muitos moradores de Joinville. Em dias de temporais, é comum alguns bairros da cidade ficarem às escuras por horas seguidas. Os moradores da rua Arno Schwartz, no bairro Boa Vista, na zona Leste da cidade, que o digam. Lá, ao sinal das primeiras trovoadas, o fornecimento de luz elétrica é interrompido.
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A dona de casa Andrea Mafra conta que os vizinhos já chegaram a ficar quase 12 horas sem energia. A última vez aconteceu no início do mês.
– É sempre um inconveniente. Ficar dentro de casa neste calor, sem ar-condicionado ou ventilador, é insuportável. Fazer os meus filhos dormirem, então, é uma missão impossível – argumenta.
Conforme dados das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), o consumidor da área de cobertura da regional de Joinville – que inclui Itapoá, Garuva, Araquari, São Francisco do Sul e Balneário Barra do Sul – ficou, na média, 3 horas e 14 minutos sem energia nos dois primeiros meses deste ano.
No total, são 302.178 unidades consumidoras. No ano passado inteiro, o consumidor da região ficou às escuras, em média, 10 horas e 45 minutos. Como ainda não foram computados os dados de dez meses, a média registrada neste ano – pouco mais de três horas – indica que o resultado pode subir e ultrapassar a marca de 2016.
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O chefe da regional de Joinville, Jean Eduardo Constazi, explica que os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março são, normalmente, os que têm maior número de quedas de energia.
Segundo ele, o principal fator que motiva o crescimento deste índice é o elevado número de tempestades na região. Além disso, o impacto das chuvas é maior à rede quando vêm acompanhadas de descargas atmosféricas – que ocasionam os raios – e das fortes rajadas de vento.
– Uma das principais causas dos desligamentos é o fato de o vento lançar sobre a rede elétrica diversos objetos (de tipos e tamanhos diferentes) e fazer com que a vegetação nas proximidades alcance os fios – explica.
Segundo Constazi, a Celesc investe constantemente em ações para aliviar as consequências dos temporais. Uma delas é o incremento das equipes de poda e de roçada nos serviços de supervisão e manutenção preventiva da rede. O objetivo da estatal é diminuir o número de interrupções no fornecimento de energia.
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Dados da própria Celesc revelam que o indicador que mede o tempo médio que cada consumidor fica sem energia em um período caiu 33% nos últimos quatro anos. Em 2012, por exemplo, o tempo médio registrado de interrupção do serviço foi de 15 horas e 30 minutos, quantidade bem acima das 10 horas e 45 minutos verificadas em 2016.
Já o índice que mensura o número médio de vezes que cada consumidor ficou sem luz teve queda de 40,4% durante o mesmo período. Passou de 11,39 vezes em 2011 para 6,78 vezes em 2016.
Quedas prolongadas e prejuízos
Apesar de a empresa responsável pelo fornecimento apontar essa diminuição gradativa nas horas em que o consumidor ficou sem luz, a moradora Andrea Mafra conta que ainda não sentiu essa redução em casa. Segundo ela, neste ano a falta de luz tem sido mais frequente, e o período em que os moradores ficam às escuras, mais prolongado. O problema também piorou quando um transformador de energia foi trocado em um dos postes da rua.
A vizinha de Andrea, a aposentada Maria Espindola, 70 anos, confirma a opinião e destaca que, para alguns moradores da rua, a situação vai além dos transtornos do dia a dia.
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– Eu vejo meus inquilinos chegando cansados depois do trabalho e nem um banho decente eles conseguem tomar. Sem contar que, há algumas semanas, uma televisão de um deles queimou por causa do desligamento da luz.
Quem também se sente prejudicada pelas quedas de energia é Elisete Cidral. Sempre que falta luz, ela anda pela casa e realiza os afazeres domésticos com velas. É bom lembrar que os moradores de outros bairros também sofrem com esse mesmo problema.
O forte temporal que atingiu Joinville no final de fevereiro deixou milhares de famílias às escuras. Em alguns locais, a interrupção durou quase 20 horas. Os bairros mais prejudicados durante essa tempestade foram Vila Nova, Floresta, Jardim Iririú, Nova Brasília e Morro do Meio.
A Celesc reforça que os consumidores que tiverem seus equipamentos danificados por causa dos picos de energia podem pedir o ressarcimento procurando as lojas de atendimento da empresa. O pedido será analisado pela equipe técnica, conforme definições da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
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CONFIRA OS NÚMEROS
Médias de horas sem fornecimento de energia para o consumidor da região
2011: 15,63 horas
2012: 15,30 horas
2013: 13,75 horas
2014: 11,35 horas
2015: 11,17 horas
2016: 10,45 horas
Frequência de vezes que o consumidor da região ficou sem energia durante o ano
2011: 11,39
2012: 11,06
2013: 8,70
2014: 8,03
2015: 6,99
2016: 6,78
* Dados das cidades de Itapoá, Garuva, Araquari, São Francisco do Sul, Balneário Barra do Sul e Joinville
Fonte: Celesc