Até meados de março, a prestadora de serviços Rosemeri Vegini chegava a fechar os portões de seu estacionamento, na rua Abdon Batista, no Centro de Joinville, por falta de vagas. A procura era alta. Um mês depois, ela cogitava a possibilidade de fechar os portões por queda brusca no movimento.

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Rosemeri é uma das maiores afetadas com a saída do Hospital Sadalla Amin Ghahem da rua, 40 dias depois que o hospital se mudou para sua nova sede, na avenida Marquês de Olinda, no bairro Glória. As 17 óticas que dão à Abdon Batista o título de “rua das óticas” e, em especial, as lanchonetes e restaurantes também sentiram sinais da queda prevista de movimento.

O Hospital Sadalla Amin Ghanhem era o que os comerciantes chamam de “âncora” da rua. “A Notícia” mostrou em reportagem que o fato de o hospital tratar muita gente de fora da cidade acabava gerando movimento nas lanchonetes, disputa por vagas de estacionamento e demanda por lanches.

Hoje, funcionários e alguns proprietários de lojas admitem certa queda de ritmo no movimento da rua. Dona do estacionamento The Brothers, Rosemeri diz que o faturamento caiu 80%.

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– Neste mês, já fiquei devendo parte do aluguel. Perdi de 40 a 50 mensalistas (médicos e funcionários do hospital) -, afirma, e garante que a confirmação de que a Secretaria de Saúde alugou a sede do hospital é o alento que resta para se manter no local.

– Vamos aguardar mais um pouco para ver o que acontece. Senão, teremos de fechar -, afirma.

A dona da Lanchonete Bom Gosto, perto da antiga sede do hospital, Maria Lúcia Tavares, fala em perdas de 30%.

– Muita gente que vinha de fora e passava o dia, acabava almoçando ou fazendo lanche aqui. Não tem mais isso. A sorte é que tem outras clínicas médicas na rua que ainda geram movimento, mas não tem como esconder que caiu -, afirma.

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Óticas

As óticas que dão fama e apelido à rua Abdon Batista também calculam prejuízos, mas em menor proporção e com menos insegurança que outros tipos de comércio da via. Vitor Moroni, da Ótica Focus, diz que sentiu queda de 15% nas vendas em março, mas que é difícil saber se isto se deve à saída do Sadalla da rua ou ao movimento do comércio, que foi menor para vários setores.

– Teremos de esperar mais um pouco para avaliar. Abril já melhorou, está sendo até melhor do que o mesmo período do ano passado. Temos investido muito e chegamos a defender uma campanha para valorizar as óticas, quem sabe até por um pórtico com o título de ?Rua das Óticas? no começo da via. Apesar de sentirmos um pouco, mantemos boas expectativas -, afirma.

Na Ótica Luz, Ernani Freitas faz o mesmo diagnóstico de Vitor sobre a queda em março e também fala em esperar. Na Ótica Joinville, a mais antiga da rua, em frente à ex-sede do Sadalla, funcionários não escondem uma certa nostalgia pelo fato de a rua ter ficado mais vazia.

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Alguns mantêm a esperança de que nasçam galerias e salas comerciais ao redor do novo hospital, na Marquês de Olinda, mesmo sabendo das dificuldades de a via se tornar tão comercial quanto a Abdon Batista.