Os produtores de alho do Planalto catarinense estão comemorando a queda no volume da safra asiática do vegetal. Com a China produzindo menos, o valor por quilo subiu e vem fortalecendo o ganho dos catarinenses.

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O consumo de alho no Brasil é suprido 35% pela produção interna e 65% pela importação do produto da China e da Argentina. Em 2012, a produção chinesa foi muito grande, fazendo com que o preço do alho para o agricultor caísse muito e prejudicasse a comercialização interna.

Neste começo de ano, devido às condições climáticas, a China sofreu uma queda significativa na produção do alimento. Com isso, o mercado brasileiro se fortaleceu.

Gerson Ceconello, que é engenheiro agrônomo da Associação Catarinense dos Produtores de Alho (Acapa), afirma que o efeito prático da queda na produção chinesa foi que os catarinenses plantaram mais nesta safra.

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– Houve um aumento de 20% na área plantada no Estado, resultando no total de 1,5 mil hectares plantados. A expectativa é boa. Esperamos que o mercado mantenha o preço em alta para podermos sentir os resultados entre os produtores – disse Ceconello.

Em comparação com o mesmo período do ano passado, o ganho para o produtor, neste começo de ano, mais que dobrou. Em janeiro de 2012, o preço do alho era de R$ 2,25 o quilo. Agora, está em R$ 5,00.

Outro ponto importante que tem ajudado os produtores catarinenses é a redução de 90% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Essa conquista foi confirmada pelo governo de Santa Catarina no início deste ano e deve equalizar a concorrência dos produtores de Santa Catarina com os do Rio Grande do Sul, que tinham redução desde 2006.

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O presidente da Acapa, Everson Tagliari, explica que o ICMS menor é de suma importância para a os agricultores de SC, porque vai subsidiar os altos custos da produção do alho.

– Como os custos são muito altos, essa redução do imposto vai poder ser revertida em melhorias na produção. A produtividade vai melhorar, a qualidade do produto também, e tudo isso vai ajudar na comercialização do nosso produto – projeta.

Taxa evita disputa desleal

Os agricultores estão recebendo outro estímulo importante para a produtividade e a manutenção de um preço bom, segundo o presidente da Acapa: a consolidação da taxa antidumping, que evita que os produtos importados cheguem ao mercado nacional com preços inferiores ao valor normal.

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O governo federal renovou a taxa para mais um ano, mas as associações de produtores estão se mobilizando para pleitear a renovação para, pelo menos, mais quatro anos.

– Essa vai ser outra conquista grande, pois, além de nos dar ânimo para continuar os investimentos, ainda firma o nosso mercado e nos dá segurança – garante Everson Tagliari.

O produtor de Curitibanos, Paulino Stakovski, comemora a safra. Ele trabalha com a produção de alho desde 1982 e diz que o cultivo é complicado, pois depende de vários fatores para chegar a um bom resultado.

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– Precisamos, principalmente, de clima favorável. Claro que não existe um ano igual ao outro, mas este ano meu investimento está garantido. Tenho 80% dos meus 10 hectares prontos para a comercialização. Se o preço continuar na média que está, 2013 vai ser ótimo – projeta o produtor.

A inflação do tempero

Preço do quilo do alho pago

para o produtor no Estado (R$)

Janeiro Média do ano

2009 2,16 2,80

2010 5,04 5,10

2011 4,50 4,95

2012 2,25 2,88

2013 5,00 —

Fonte: Associação Catarinense dos Produtores de Alho